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H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 2. Literatura Comparada
A BOLSA AMARELA: UM ROMPIMENTO COM A REPRESSÃO, ANGÚSTIAS E FRUSTRAÇÕES
Cláudia Simone Brum 1   (autor)   claudx@bol.com.br
Fernanda Cristina Abrão 1   (orientador)   
Priscila Lopes Viana 1   (colaborador)   priscilalviana@bol.com.br
1. Depto. de Letras e Artes, Universidade Federal de Viçosa - UFV
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa é uma analise da obra A Bolsa Amarela de Lygia Bojunga Nunes, publicada no ano de 1976, no qual o objetivo central foi observar o comportamento psíquico e afetivo da protagonista Raquel frente à repressão, angústias e frustrações.
O livro A Bolsa Amarela conta a estória da personagem Raquel que tem três grandes vontades: "crescer de uma vez e deixar de seu criança, de ter nascido garoto em vez de menina [...] e de ser escritora".
A obra foi escrita no auge da Ditadura Militar, nesta época existia uma forte oposição ao governo que era fortemente reprimida.
E desta forma pode-se observar traços significativos do momento histórico, principalmente quando a protagonista Raquel é impedida de escrever pela família:
METODOLOGIA:
Para o desenvolvimento desta pesquisa utilizou-se a seguinte metodologia:
a) levantamento de dados: leitura e fichamento das abordagens teóricas, para embasamento do trabalho; coleta de dados, essencialmente os textos literários e históricos;
b) análise crítica dos dados coletados;
c) discussão das conclusões preliminares;
d) elaboração do texto;
e) redação final e comunicação.
RESULTADOS:
Observamos que as pessoas não tinham liberdade de expressar publicamente a sua crítica ao governo. Os jornais assim como os outros meios de comunicação não tinha a permissão de divulgarem artigos ofensivos ao governo e público só tinha acesso aos artigos que fossem antes aprovados pelos militares, sendo assim, qualquer propaganda veiculada deveria apoiar o governo.
Como escritora Lygia Bojunga não sofreu repressão por parte dos militares, pois, por ser considerada autora infantil, seus textos não sofriam cortes ou vetos. Apesar disso, ela construía um mundo alegórico em que personagem e atitudes aparentemente inocentes possuíam um alto e sutil teor ideológico.
Na obra as vontades da protagonista são guardadas na bolsa amarela que passa a ser um espaço imaginário, uma fuga da realidade, no qual também abriga os seres inventados por ela e que adquirem vida própria como: o galo Afonso (Rei), o galo Terrível, um guarda-chuva mulher, um alfinete de fralda e vários nomes que ela gosta escritos em papéis.
A todo instante Raquel luta contra a repressão, abuso de autoridade em situações cotidianas em que ela não tem voz diante da família.
Nesta estrutura hierarquizada a mulher é totalmente subalterna ao homem tanto no plano humano quanto no dos animais.
As mulheres, como a mãe e a tia acatam todas as vontades do marido e dos filhos. A mãe de Raquel é uma mulher submissa aos caprichos do marido e do filho e tenta disseminar esse pensamento como o sendo o correto para filha.
CONCLUSÕES:
A crítica ao poder não se limitava apenas ao do estado, mas também, e principalmente a estrutura familiar tradicional presente no Brasil na década de 70. O episódio da Casa dos Consertos é um bom exemplo desta tentativa de ruptura e conseqüentemente renovação, pois, a inversão de valores e papéis é uma surpresa para a protagonista por estar acostumada com o modelo social hierarquizado de Pai, Mãe, filho e por último a filha.
A protagonista vê na bolsa um espaço trans-real, no qual ela pode guardar e ver o que quiser, todos os detalhes da bolsa ajudam com que ela oscile entre o real e o imaginário. A bolsa amarela torna-se um esconderijo, um refúgio do mundo e de suas limitações.
No final do livro podemos verificar que Raquel reconhece a sua capacidade e sua importância diante do mundo
Ela também descobre que ser menina era tão bom como ser garoto. E neste mesmo instante ela abandona as vontades de crescer e de ser menino.
O faz-de-conta para a protagonista é um intenso trabalho terapêutico, pois, ao longo das aventuras imaginárias ela tenta equacionar os seus problemas reais de menina, membro de uma família típica da sociedade da época. A obra é finalizada com o amadurecimento de Raquel.
As angústias, frustrações e temores são narrados na obra com uma linguagem simples por uma autora que mergulhou fundo no universo infantil.
Palavras-chave:  repressão; angústias; frustrações.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004