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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DE UM BANCO DE SEMENTES DO CAMPO DE MIMOSO E BREJO DO PANTANAL DE POCONÉ, MT.
Gilmar Alves Lima Júnior 1   (autor)   gilmarjunior@yahoo.com.br
Cátia Nunes da Cunha 2   (orientador)   catianc@terra.com.br
Arimila Barreto de Carvalho 3   (colaborador)   arimila20v@hotmail.com
1. Graduando em Lic. em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT
2. Profa. Dra. do Depto. de Ciências Biológica, Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT
3. Graduanda em Lic. em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT
INTRODUÇÃO:
As diversas unidades geomórficas que compõe o Pantanal abrigam uma variedade de plantas com diferentes habilidades para tolerar situações adversas de inundação e de seca. A principal característica do Pantanal é a inundação, diferenciando o sistema e redefinindo a biota, através de modificações na assembléia de espécies e diversas adaptações, constituindo o fator principal da manutenção da diversidade de espécies. Entre as unidades de paisagens do Pantanal, destacam-se os brejos que são permanentemente inundados, caracterizando-se pela presença de uma vegetação hidrófila, contudo podem secar em anos excepcionais. Durante a inundação a coluna d’água alcança 1,5m, sendo que a porção central é permanentemente inundada, e na fase terrestre, o solo permanece continuamente saturado. Nos campos, a fase aquática do sistema é dominada por espécies características, hidrófilas, adaptadas a essa situação hídrica. Na fase seguinte, terrestre, o campo apresenta espécies adaptadas à seca, xerófilas, que dominam o ambiente. A capacidade de formar persistência em bancos de sementes permite as espécies sobreviver a episódios de perturbação e destruição. A composição de banco de sementes determina a existência de futuras espécies. Esse estudo pode subsidiar projetos de maior extensão em tomadas de decisões quanto ao manejo do sistema hidrológico pantaneiro, relacionando com vários problemas ambientais de origem antrópica, como mudanças no sistema hidrológico.
METODOLOGIA:
A área de coleta de sedimento localiza-se na fazenda Retiro Novo, na localidade de Pirizal, município de Nossa Senhora do Livramento, Pantanal de Poconé. Durante a coleta de amostras foram escolhidos 5 pontos no campo e 10 pontos no brejo, diferentes. Sendo que em cada ponto foram coletados 20 copos (dimensão 8 cm x 5 cm). Cada copo possui um volume de 251,20 cm3, volume total foi 4,5216 m3 no campo e 9,0432 m3 no brejo. O projeto foi realizado em casa de vegetação. O experimento foi dividido em 3 tratamentos: mantendo as vasilhas em condições de unidade (A e C), com inundação permanente (B), cada tratamento com 60 vasilhas. As amostras de cada unidade de vegetação (campo e brejo) foram homogeneizadas. Foram utilizadas vasilhas (27 cm de comprimento x 15 cm de largura x 5 cm de profundidade), com 2 cm de substrato (areia) e 1 cm de sedimento (251,20 cm3). As plântulas foram identificadas, contadas, registradas e removidas, para evitar competição. Alguns exemplares foram transferidos para outro recipiente, desenvolvendo-se para posterior identificação e o restante foi descartado. Em simulações de submerso, a lâmina d`água foi de 2 cm. O monitoramento foi realizado diariamente, o censo foi realizado semanalmente com o preenchimento de um protocolo de controle. Numa terceira etapa procedeu-se a análise dos dados estatísticos. Foi definida a ocorrência, a riqueza de espécies e índices de diversidade de Shannon-Wiener (H’) com log na base 2 para o campo e brejo.
RESULTADOS:
Durante três meses de monitoramento emergiram 6172 plântulas nas amostras do campo e 7166 plântulas nas do brejo, totalizando 13338 indivíduos. Desse total, 3,2 % das espécies estão indeterminadas, alem das gramíneas e ciperáceas.
Para representantes das famílias Poaceae e Cyperaceae, não foi possível estabelecer um número correto de indivíduos para cada espécie, devido a convergência morfológica no entanto foram estabelecida a identificação das espécies presentes.
Germinaram 2574 plântulas no campo A (úmido), 2574 no campo B (alagado) e 3002 no campo C (úmido). A diversidade (H’) mostrou ser maior no campo B (2,369), seguido do campo A (2,262) e o campo C (1,793). A maior riqueza de espécies foi encontrada no campo A (29 espécies), seguido do campo C (21 espécies) e 14 no campo B.
Emergiram 2585 plântulas no brejo A, 1938 no brejo B e 2643 no brejo C. O Brejo B apresentou H´ de 2,065, seguido de 1,918 no Brejo C e 1,806 no Brejo A. Quanto à riqueza ocorreram 19 espécies no Brejo A, seguido do brejo B e C, com 17 espécies cada.
As gramíneas corresponderam cerca de 60% e 55% da emergência total do campo e brejo respectivamente. No campo destacaram as espécies Bacopa myriophylloides, Bacopa salzmannii, B verticillata, Ludwigia octovalvis e Diodia kuntzei . Com relação ao Brejo, destacam-se Eichornia azurea cf., Ludwigia sedoides e Pontederia sp.
CONCLUSÕES:
O experimento mostrou o alto poder de restabelecimento proporcionado pelo banco sementes deste tipo de comunidades no Pantanal, relacionado com a mudança no pulso de inundação característico do Pantanal nos solos do campo de brejo.
Instituição de fomento: Projeto Ecologia do Pantanal (Programa SHIFT) CNPq/BMBF -Nucleo de Estudos do Pantanal (NEPA) IB/UFMT
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Pantanal; Banco de sementes; Estrutura.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004