CONSELHOS A UM JOVEM CIENTISTA

MANASSÉS C. FONTELES

Universidade Presbiteriana Mackenzie

 

 

Dois cientistas, Fritz Lipmann e Hans Krebs, ambos prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia, respondiam quase da mesma maneira à pergunta: como se faz um cientista?

 

O primeiro respondia – trabalhando com um cientista; já o segundo, afirmava que era necessário o convívio e a formação com cientista de competência e nomeada. Ambos trabalharam em Berlin (Dahlen) sob a inspiração de Otto Warburg.

 

Há poucos meses tive a oportunidade de visitar o velho Laboratório, onde praticamente todo o complexo mecanismo do metabolismo intermediário, bem como os processos ligados ao conhecimento da cadeia respiratória mitocondrial foram descobertos. Deste laboratório, hoje pertencente à Sociedade Max Planck, saíram sete prêmios Nobel de Medicina. Warburg costumava dizer da importância da convivência com pessoas competentes, trabalhando em torno de uma mesma bancada como meio de desenvolver a criatividade. Por outro lado, segundo teólogos e filósofos a curiosidade pode levar ao bem ou ao mal e, portanto, o verdadeiro cientista deve saber balancear entre o bem e o mal, do ponto de vista da ética científica e de como em regiões em desenvolvimento a ciência pode ter um caráter emancipador, sobretudo para o jovem experimentalista. A curiosidade deve ser a maior primavera do jovem cientista e deve sempre estar associada à persistência.

Problemas de difícil solução devem ser enfrentados com pertinácia e confiança. Não há nada mágico  em ciência e é sempre bom lembrar que difícil é aquilo o que não se sabe. A experimentação é sempre melhor do que a simples observação, embora esta última, às vezes seja útil.

 

Para o sucesso da pesquisa é sempre importante fazer a pergunta adequada, diante do problema escolhido; às vezes descobertas importantes foram observadas quando se procurava outro problema; por exemplo, na descoberta do viagra, fora inicialmente indagado se a substância sildenafil, um inibidor de fosfodiesterase, seria um bom agente antiarrítmico? Repentinamente verificou-se que os homens testados na fase I, apresentavam aumento de episódios eréteis.

Aqui entre nós, em nossas pesquisas sobre efeitos de uma planta medicinal no pulmão, observamos que a planta tinha grande efeito antimetastático. O Professor Julius Cohen, da Universidade de Nova Iorque, em Rochester, costumava dizer que em pesquisa científica “muitas vezes não se sabe onde vai chegar, mas se algo de novo surge no meio da observação fenomenológica, devemos estar atentos para divisar a importância dos novos achados”. Realmente, este é um importante conselho para os novéis observadores.

 

Portanto, enfatizamos sempre a necessidade do questionamento adequado para a solução do problema pesquisado.

 

Outros investigadores são sempre cheios de esperança e estão constantemente perscrutando novos caminhos que contagiam e estimulam os jovens pesquisadores; a escolha do orientador pelo jovem cientista é conseqüentemente fator determinante de seu sucesso.

 

Finalmente, devemos lembrar que um dos questionamentos mais comuns no jovem cientista é:   sou suficientemente inteligente para ser um pesquisador? É bom lembrar que nem todos os grandes cientistas são necessariamente grandes gênios. Isso certamente nos anima a prosseguir, estimulando jovens talentos.