A CARCINICULTURA NO NORDESTE BRASILEIRO É UMA ATIVIDADE SUSTENTÁVEL?

 

Wagner C. Valenti

Universidade Estadual Paulista, Centro de Aqüicultura e Dept. de Biologia Aplicada da FCAV

 

A carcinicultura marinha tem se constituído em uma atividade econômica muito importante no nordeste do Brasil nos últimos anos. Para que seja perene e traga realmente desenvolvimento e benefícios para as populações humanas, esta atividade deve ser sustentável. Portanto, deve apresentar sustentabilidade econômica, social e ambiental. Para ter sustentabilidade econômica deve apresentar a cadeia produtiva bem estruturada e ser lucrativa, mesmo incluindo as externalidades no custos de produção, ou seja, os prejuízos causados a terceiros ou ao meio ambiente tem um preço que precisa ser incluído no custo do produto. A sustentabilidade social se consegue com a geração de empregos e auto-empregos para a população local, respeitando sua cultura e modo de vida. Deve-se analisar portanto se a receita gerada pela carcinicultura fica na comunidade local ou está concentrada nas mãos de poucos, que gastam o dinheiro em grandes centros, sem fazer crescer a economia local. Para ter sustentabilidade ambiental é necessário produzir sem alterar a estrutura e funcionamento dos ecossistemas adjacentes e sem destruir a biodiversidade. A exploração racional da biodiversidade é mais rentável que qualquer atividade agropecuária, inclusive a aqüicultura. Portanto, qualquer empreendimento que destrua a biodiversidade deve ser visto com cautela porque pode estar rendendo muito menos do que poderia ser obtido naquela mesma região. Freqüentemente, a carcinicultura marinha tem sido acusada de gerar mais externalidades do que sua renda pode pagar, de reduzir os auto-empregos e causar sérios impactos ambientais. Portanto, uma análise criteriosa, técnica e desprovida de qualquer paixão deve ser realizada para avaliar se esta atividade atende aos pressupostos da sustentabilidade.