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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 6. Lingüística
POR QUE O CANTO PERMITE ACENTOS ALTERNADOS SOBRE SÍLABAS ÁTONAS DESRESPEITANDO ACENTOS LEXICAIS?
ISAÍAS SANTOS 1 e AGLAEL GAMA ROSSI 2
1- Curso de Letras, Faculdade de Comunicação e Filosofia da PUC-SP 2- Departamento de Linguística, Faculdade de Comunicação e Filosofia da PUC-SP, PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - PUC-SP
O que aconteceria com a produção de um enunciado lingüístico se este estivesse sobreposto ao sistema da métrica musical? Para sabê-lo, neste trabalho de Iniciação Científica, realizamos a comparação entre o ritmo da fala lida e o ritmo da fala cantada à capela, por meio da Fonética Acústica. Os estudos apontam para a duração (tempo que um segmento acústico correspondente a consoante, vogal ou soante apresenta no sinal de fala ou output acústico, em milésimos de segundo) como o principal parâmetro fonético-acústico na implementação do acento no Português Brasileiro (PB). Coletamos os dados no Estúdio de Rádio e TV da PUC-SP. Na primeira gravação, um cantor profissional leu os versos da música Reengenharia, um rap, de Itamar Assumpção e Sérgio Guardado (1998), do CD Pretobrás, inseridos em frases maiores e impressos em fichas que foram aleatorizadas antes de cada uma das 6 leituras. Apenas as 3 últimas foram consideradas para análise. Na segunda gravação, o cantor interpretou a música à capela tendo como guia o original de Itamar Assumpção, por meio de fones de ouvido. A análise dos dados mostra uma comparação entre as durações médias das sílabas de um verso lido e seu canto à capela. Os versos foram divididos entre aqueles que correspondem a um ou dois compassos quaternários. Os compassos foram subdivididos entre aqueles que começam em um tempo forte (tético) e aqueles que começam em um tempo fraco (acéfalo). A combinação desses dois critérios deu origem a 4 categorias de análise. Como resultado, encontra-se o fato de que acentos alternados no canto podem ser construídos sobre sílabas átonas, desrespeitando os acentos lexicais. Nossos dados sugerem que, para o canto, num modelo dinâmico do PB, a interação entre o contorno da freqüência fundamental e o contorno duracional tem de ser levada em conta, para explicar como o ouvido recupera acentos lexicais “perdidos” na duração, mas que receberam picos no contorno da freqüência fundamental
Instituição de fomento: PIBIC-CEPE
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Ritmo do português brasileiro; Fonética Acústica; Fonética Acústica

Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005