|
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia |
|
A QUESTÃO RACIAL NA BELLE ÉPOQUE BRASIELIRA |
|
ANA LUÍSA MARQUES FAGUNDES 1 e PAULO CESAR BORGES ALVES 1 |
|
1. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - UFBA
2. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - UFBA, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA |
|
A Belle Époque Brasileira, período entre o final do século XIX e início do século XX, foi marcada por profundas modificações na organização social, merecendo destaque a Abolição da Escravidão (1888) e a Proclamação da República (1889), movimentos que encarnavam ideais de progresso e modernização. O projeto civilizatório então delineado incluía a inserção brasileira nos padrões de racionalidade do "mundo europeu civilizado", o que exigiria uma mudança subjetiva da população. Para tal, julgou-se necessária uma análise científica da identidade nacional, ganhando força os conceitos de meio e, especialmente, o de raça como determinantes do grau de evolução das sociedades. O Brasil passou a ser analisado como constituído a partir do branco europeu, do negro africano e do índio, sendo os elementos não-brancos percebidos como entrave para o desenvolvimento, pois representantes de raças biologicamente mais atrasadas.
Essa pesquisa objetiva contribuir para uma melhor compreensão acerca das representações sobre o negro no Brasil nesse período em que a idéia de uma identidade nacional começou a ser forjada.
A presente pesquisa utiliza como documentação histórica cinco romances naturalistas: Rei negro (Coelho Neto), A carne (Júlio Ribeiro), Bom-Crioulo (Adolfo Caminha), O Mulato e O Cortiço (Aluísio de Azevedo). Esses romances foram publicados entre 1881 e 1914, na chamada belle époque brasileira, período em que o papel do intelectual, especialmente o literato, foi de grande importância para a difusão dos valores de progresso. Parte-se do princípio de que a literatura é parte integral da sociedade, e não apenas a reflete, mas também a constrói. A escolha de obras literárias como documentação histórica se justifica tanto pela conexão fundamental entre obra ficcional e realidade (Iser, 1996), quanto pela valorização do real, em detrimento da fantasia, proposta pelos autores naturalistas. Além disso, até meados do século XX no Brasil, a literatura assumiu um papel fundamental na expressão e formação da consciência nacional e na pesquisa dos problemas do país. (Candido, 1980). O suporte metodológico para a análise se baseia na hermenêutica fenomenológica de Gadamer (1997), que considera o conhecimento histórico como um diálogo entre diferentes mundos - o mundo analisado e o mundo a partir do qual se analisa.
|
|
Instituição de fomento: CNPq
| |
Trabalho de Iniciação Científica
|
|
Palavras-chave:
negro; literatura; naturalismo |
|
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005
|