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C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
DISTRIBUIÇÃO DAS ARANHAS (ARACHNIDA, ARANEAE) NA CIDADE DE SALVADOR EM RELAÇÃO AO TEMPO DE OCUPAÇÃO HUMANA NOS AMBIENTES CONSTRUÍDOS
Lina Maria Almeida-Silva 1, Clarissa Machado Pinto-Leite 1, Tânia Kobler Brazil 1, Marcelo César Lima Peres 2 e Antônio Domingos Brescovit 3
1.Departamento de Zoologia / Universidade Federal da Bahia / UFBA 2.Centro ECOA / Universidade Católica de Salvador / UCSAL 3.Laboratório de Artrópodes Peçonhento / Instituto Butantan / IB , UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA
A cidade de Salvador foi a primeira fundada no Brasil (1549) e também a sua primeira capital durante 214 anos (1549 - 1763). O aumento da população e a mudança da economia provocaram um crescimento desordenado na cidade, que hoje é a capital do estado da Bahia, e também uma das cidades mais importantes do Nordeste. Está situada na Baía de Todos os Santos, ocupa uma área de 299km2, sendo a 6ª região metropolitana mais populosa do país e a 3ª capital mais habitada. Com a urbanização, muitos artrópodes e entre eles os aracnídeos aproveitaram os novos microhabitats oferecidos nas (domicílios) ou entre as habitações (peridomicílios). Algumas espécies de aranhas não chegam a proliferar e são encontradas circunstancialmente (sensíveis), enquanto outras colonizam estes microhabitats adaptando-se bem, devido principalmente à ausência de competidores, predadores e abundância de alimento 6, adquirindo, portanto, hábitos sinantrópicos (adaptáveis e sinantrópicos). Este trabalho trata da avaliação dos possíveis fatores que interferem na permanência destes animais em ambientes antropizados e teve como objetivo avaliar a ocorrência de aranhas em ambientes domiciliar e peridomiciliar e os fatores relacionados à sua distribuição na cidade de Salvador. Foram coletadas 762 aranhas das quais 370 eram adultos no período de novembro de 2002 a junho 2003. Foram explorados 3 bairros com tempo de ocupação humana distinta: Santo Antônio Além do Carmo (antigo - 400 anos) Itapuã (recente - 150 anos) e Pituba (muito recente < 50 anos). As coletas amostraram 71 casas durante 9 campanhas com es esforço de 30 minutos/amostragem, manualmente, durante o dia, por uma equipe de 6 pessoas. O tamanho da amostra foi equivalente a 10% do total de casas de cada setor censitário escolhido A identificação dos animais foi feita no Núcleo Regional de Ofiologia e Animais Peçonhentos da Bahia (NOAP), UFBA. As espécies mais freqüentes foram: Smeringopus pallidus (15,67%), Physocyclus globosus (15,13%) (Pholcidae), Zosis geniculata (12,15%) (Uloboridae) e Oecobius concinnus (34,59%) (Oecobiidae) com freqüência variando em relação ao bairro e ao ambiente. P. globosus apresentou freqüência constante entre os bairros (15,13%) mostrando-se tolerante à pressão antrópica. Este animal habita comumente pequenas teias nos cantos de janelas e outras regiões bem iluminadas da casa. S. pallidus esteve restrita ao bairro antigo (42,3%) e ao ambiente domiciliar (75,86%) onde a maioria das casas segue o estilo colonial, de teto alto, o que dificulta a limpeza e a entrada de luz, coincidindo com as características de habitat citadas para a espécie. Z. geniculata foi a segunda espécie mais freqüente no bairro antigo (18%). Costumam abrigar-se sob escadas, pontes e garagens. A arquitetura das casas do bairro de Sto. Antônio Além do Carmo pode ser um fator de permanência desta espécie, semelhante ao que ocorre com S. pallidus, justificando sua maior abundância no ambiente domiciliar (64,4%). O. concinnus ocorreu apenas em 57,8% - Itapuã e 52,84% - Pituba sendo freqüente nos dois ambientes (53,12% - domiciliar e 46,88% - peridomiciliar). Nesse aspecto, difere das outras espécies em relação à tolerância antrópica podendo ser considerada uma aranha adaptável, utilizando ou não recursos introduzidos no ambiente pela ação humana. S. pallidus, P. globosus, O.concinnus e Z. geniculata são aranhas sinantrópicas comuns nos bairros de Salvador. Destas, P. globosus e Z. geniculata, são espécies tolerantes à ação antrópica independente das modificações em ambientes construídos ao longo do tempo. S. pallidus, é uma espécie tolerante à ação antrópica em ambientes construídos e sem modificações ao longo do tempo e com comportamento adaptativo oposto ao de O. concinnus uma vez que esta só ocorreu em bairros recentes.
Instituição de fomento: FAPESB
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  aranhas; tempo de ocupação; Cidade do Salvador

Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005