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G. Ciências Humanas - 5. História - 2. História do Brasil
LIVROS, LIVREIROS, EDITORES E LEITORES EM FORTALEZA NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX
Ozângela de Arruda Silva 1 e Giselle Martins Venancio 1
1 - Departamento de História, Centro de Humanidades, UECE, UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE
A maior parte da historiografia mostra Fortaleza como cidade ainda muito iletrada no século XIX e com alto índice de analfabetismo, no entanto, vários lugares de conhecimento e leitura, como a Biblioteca Pública, o Liceu do Ceará, as agremiações literárias contribuíram para novos espaços de sociabilidade e difusão do impresso, dentre eles também as tipografias e livrarias. Focalizamos dois importantes livreiros da cidade: J.J.Oliveira e Gualter Silva. Como opção teórico-metodológica, utilizamos os conceitos da História Cultural. Trabalhamos a partir do levantamento dos inventários dos dois livreiros, datados respectivamente de 1870 e 1892, além da consulta aos jornais da época. Observamos que as livrarias de Fortaleza eram espaços que, naquele momento, funcionavam como lugares de comércio, não possuindo ainda as características de especialização na venda de livros como se compreende uma livraria nos nossos dias e seus proprietários atuando como comerciantes que dentre vários produtos vendiam também livros. Na observação dos produtos que constituíam uma livraria em Fortaleza oitocentista foi possível presenciar a venda de ácidos carbosóticos, pós dentifrícios, pomadas para calvície, partituras, bustos, dentre outros, uma variedade de produtos vendidos. No entanto, é importante observar que a venda de livros era importante já que seus vendedores eram livreiros-editores. As estratégias de apresentação e legitimação dos produtos se faziam através dos anúncios nos jornais onde eram publicadas as listas de livros recém chegadas. Os livreiros possuíam um grande tino comercial, legitimavam as obras e seguiam em seus anúncios o calendário escolar ou religioso, anunciando, por exemplo, livros chegados para as escolas ou livros de simpatia nas festas juninas. Dialogamos com o restante do Brasil no intuito de inserir o Ceará nas pesquisas de História do Livro e da Leitura realizadas, mostrando que Fortaleza também possuía uma considerável circulação das letras nos oitocentos.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Livro; Livraria; Fortaleza século XIX

Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005