IMPRIMIR VOLTAR H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 1. Literatura Brasileira ERICO VERISSIMO: NAÇÃO, MEMÓRIA E GÊNERO Érica Leonor Martins 1 e Suely da Fonseca Quintana 2 1- Bolsista de Iniciação Científica - UFSJ 2- Departamento das Letras, Artes e Cultura - UFSJ, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI - UFSJ Este estudo pretende uma nova leitura da trilogia O Tempo e o Vento, de Erico Verissimo, constituída por O Continente, O Retrato e O Arquipélago. Investiga-se como a narrativa aborda as questões ligadas à identidade e à nação, a relação entre memória e história e verifica-se o resultado da forma de representação desses aspectos. A investigação se realizou a partir das reflexões críticas a cerca da nação elaboradas por Bhabha (1997 a 2003), Anderson (1989) e Renan (1997); das considerações de Benjamin (1985) e Pollak (1989) sobre memória e história e com apoio nos estudos de Miranda (1996) sobre as configurações narrativas da memória e suas relações com a narrativa da nação. O romance é uma narrativa da memória, compõe-se de um resgate de resíduos culturais realizado pelo personagem Floriano. A forma de seleção e organização dos acontecimentos do passado cria outro tipo de memória cultural, outra forma de se constituir a nação. A análise dos três romances mostra que a construção da obra é marcada por um movimento articulador das concepções de nação e de história. Diferentes percepções de nação têm voz e são pontos de vista de diversos personagens. A representação ficcional das personagens femininas marca o importante papel feminino na construção social e cultural do Rio Grande do Sul. Ocorre o aflorar das “memórias subterrâneas” que desestabiliza as perspectivas cristalizadas da nação. A narrativa da nação proveniente da forma de organização da memória insere-se no embate entre as narrativas “pedagógica” e “performática” da nação. O conceito de nação e identidade depreendido da obra equivale a um processo de constante negociação e trocas, não um espaço totalitário e homogêneo. A História não é apresentada como um progresso contínuo e globalizante, há o aparecimento da “tradição dos vencidos”. Erico Verissimo, através do olhar descentralizado de Floriano, criou uma via oblíqua de significação identitária, uma “narrativa suplementar de significação cultural”. Instituição de fomento: CNPq Trabalho de Iniciação Científica Palavras-chave:  O Tempo e o Vento; Memória; Nação Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005