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H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 9. Artes
A MÃO QUE AMASSA O PAPEL TRANSFIGURA A REALIDADE.
Nathany Andrea Wagenheimer Belmaia 1 e Marta Dantas da Silva 2
1- Depto. de Ciências Sociais - UEL 2- Depto. de Artes Visuais - UEL - marta_dantas@hotmail.com, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - UEL
O mundo caminha cada vez mais para maior homogeneização cultural e social, com padrões de comportamento muito parecidos. A maior parte do que fazemos é reprodução do que vemos e do que nos foi passado através da educação, da moral e dos costumes da sociedade. Quase nada do que fazemos escapa a esse condicionamento social. Raramente encontramos originalidade, seja nos atos, seja naquilo que produzimos, e aqueles que fogem a essa "regra" são, muitas vezes, marginalizados ou anônimos. O objetivo dessa pesquisa, vinculada ao projeto multidisciplinar "Infames: casos de singularidade histórica", é procurar indícios de produções singulares, documentá-las e analisá-las, seja na perspectiva da sociologia, da história, e da arte. Douglas Aparecido, um adolescente de origem humilde, não é um artista mas possui uma produção singular que consiste na transformação de embalagens de marmitex em miniaturas de animais, pessoas e outros objetos. Através de suas miniaturas feitas em papel alumínio de segunda mão, Douglas cria seus próprios brinquedos, cria um universo repleto de sonhos e desejos, que pode adquirir outros significados a cada nova construção. O menino desenvolveu suas próprias técnicas para manipular aquele material; não alguém que lhe transmitisse algum saber, como é o caso da produção artesanal, alguma "experiência" (no sentido benjaminiano do termo) passada de geração para geração, fruto de uma tradição. É por essa razão que podemos dizer que os objetos de Douglas têm certa ligação com a "arte bruta" que é uma arte imediata, sem exercícios, que emana somente do ser e seus humores momentâneos, o fundamental é que a obra e o meio de expressa-la sejam originais. As miniaturas de Douglas embora tenham nascido da impossibilidade de adquirir brinquedos industrializados, é fruto de uma "imaginação criadora" (Bachelard) e através dela ele cria suas histórias e transfigura sua realidade.
Instituição de fomento: Universidade Estadual de Londrina - IC/UEL
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Singularidade; Brinquedo; Arte Bruta

Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005