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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia | ||
MORTALIDADE E ANOS POTENCIAIS DE VIDA PERDIDOS POR CIRROSE HEPATICA EM DOZE CAPITAIS BRASILEIRAS EM 1979-1981 E 1999-2001 | ||
Marcelle Parente Breckenfeld 1 (tchelly@yahoo.com), Clarissa Gondim Picanço 1 e Marcelo Gurgel Carlos da Silva 1 | ||
(1. Depto. de Ciências da Saúde, Universidade Estadual do Ceará) | ||
INTRODUÇÃO:
A cirrose hepática pode ser definida anatomicamente como um processo difuso de fibrose e formação de nódulos, acompanhando-se freqüentemente de necrose hepatocelular. Representa conseqüências de uma resposta permanente de ferida-cicatrização à agressão hepática crônica induzida por toxinas, infecção viral crônica, colestase e distúrbios metabólicos. Estima-se que aproximadamente 40% dos pacientes com cirrose são assintomáticos. Uma vez que os sintomas se manifestam, no entanto, o prognóstico é severo e os custos econômicos e humanos são altos. O paciente com cirrose hepática perde em média 12 anos de vida produtiva, muito mais que a cardiopatia (2 anos ) e o câncer ( 4 anos ). Dentre todos os fatores, o etilismo merece ênfase especial devido à sua prevalência. Em homens, estima-se que o consumo de 60-80 gramas de álcool por dia por 10 anos estabelece risco para o desenvolvimento de cirrose hepática, já em mulheres esta quantidade cai para 40-60 g. O objetivo deste trabalho é determinar e analisar a mortalidade por cirrose hepática na faixa etária de 15 a 74 anos e seu impacto em Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP) em capitais brasileiras selecionadas. |
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METODOLOGIA:
A etapa inicial do trabalho consistiu em coletar os dados das declarações de óbito dos moradores das doze capitais brasileiras selecionadas (Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Goiânia e Brasília ) a partir do CD-ROM do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), sendo analisados documentos referentes aos triênios de 1979-1981 e 1999-2001. Após determinação segundo as categorias da CID, os resultados foram analisados para apresentação, conforme a Lista de Mortalidade Evitável proposta por ORTÚN & GISPERT (1988), observando a faixa etária restritiva de redutibilidade sendo destacada a morte por cirrose e seu impacto. Os APVP foram calculados segundo a técnica de Romeder & McWhinnie. Os dados a respeito da população foram obtidos, mediante projeção pelo método geométrico, a partir de documentos dos Censos do IBGE. |
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RESULTADOS:
Dentre as capitais estudadas, no primeiro triênio (1979-81), as maiores taxas de mortalidade por cirrose na faixa etária de 15 a 74 anos, por 100.000 homens, foram em Recife (12,57), Manaus (8,14) e Fortaleza (8,06); nas mulheres, as maiores taxas foram vistas em Recife (3,44), Manaus (2,43) e Belo Horizonte (1,63). Para o segundo triênio (1999-2001), as taxas por 100.000, nos homens, foram mais altas em Recife (4,50), Porto Alegre (4,02) e São Paulo (2,62); nas mulheres as maiores taxas foram vistas em Porto Alegre (0,43), Recife (0,36) e São Paulo (0,33). Nota-se que, de 1979-81 para 1999-01, o risco de morte por cirrose hepática declinou de 31,58 para 11,47 por 100.000 homens e de 7,78 para 1,34 por 100.000 mulheres, representando uma queda de 63,44% para os homens e de 82,77% para as mulheres. Essa queda foi mais relevante para o sexo masculino em Belém (89%), Fortaleza (82,4%) e São Paulo (52%) e, para o feminino, em Belém (93%), Recife (92%) e Salvador (89%). Com o limite superior de vida média fixado em 65 anos, em 1979-81 ocorreram 112.482,5 APVP, em homens, e 27.835 APVP, em mulheres, correspondendo às taxas de APVP por 1.000 de 5,36 e 1,19. Para o segundo triênio (1999-01), estes valores caíram para 63.197,5 APVP nos homens e 8.700 APVP nas mulheres, com taxas de 1,97 e 0,24 por 1.000. Essas reduções das taxas de APVP foram de 63,24% nos homens e 79,83% nas mulheres. As capitais que mais contribuíram para a queda dos APVP foram Belém, Manaus e Rio de Janeiro. |
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CONCLUSÕES:
A mortalidade por cirrose hepática tende a declinar nas capitais selecionadas tanto entre os homens quanto entre as mulheres na faixa etária estabelecida. Entretanto, a mortalidade entre os homens é explicitamente maior do que entre as mulheres, podendo este fato ser relacionado ao hábito etilista predominar entre eles. Do primeiro para o segundo triênio analisados, a cirrose hepática teve redução também em APVP. |
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Palavras-chave: cirrose hepatica; taxa de mortalidade; anos potenciais de vida perdidos. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |