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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
MORTALIDADE E ANOS POTENCIAIS DE VIDA PERDIDOS POR GASTRENTERITES EM CAPITAIS BRASILEIRAS EM 1979-1981 E 1999-2001
Márcia Maria Muniz de Queiroz 1 (marcinhaqueiroz@yahoo.com.br), José Tadeu de Macêco Silveira Filho 1 e Marcelo Gurgel Carlos da Silva 1
(1. Departamento de Ciências da Saúde,Universidade Estadual do Ceará-UECE)
INTRODUÇÃO:
A gastrenterite é a inflamação do aparelho digestivo causada por bactérias, vírus e reação à medicamentos. Acomete principalmente crianças de 0-14 anos e é caracterizada por diarréia, vômitos, dor abdominal, febre acima de 38ºC, podendo levar a intensa desidratação. O objetivo foi determinar e analisar a mortalidade por gastrenterites na faixa etária de 0-14 anos e seu impacto em Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP) em doze capitais brasileiras nos triênios de 1979-1981 e 1999-2001.
METODOLOGIA:
O material básico foi constituído de dados das declarações de óbito dos residentes em doze capitais brasileiras selecionadas: Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Goiânia e Brasília referentes aos triênios 1979-81 e 1999-2001, obtidos do CD-ROM do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Depois da apuração ao nível de categorias da CID, os resultados foram consolidados para apresentação, conforme a Lista de Mortalidade Evitável, proposta por ORTÚN & GISPERT (1988), observando as faixas etárias restritivas de redutibilidade de 0-14 anos das gastrenterites. Os dados populacionais foram gerados a partir dos resultados dos Censos do IBGE, mediante projeção pelo método geométrico. Os APVP foram calculados pela técnica de Romeder & McWhinnie.
RESULTADOS:
A mortalidade por gastrenterites declinou nas capitais analisadas. O risco de morrer, no conjunto dessas cidades, por 100.000 homens passou de 162,77 em 1979-81 para 5,78 em 1999-2001, e por 100.000 mulheres de 130,4 para 4,75, quedas de 96,45% e 96,36%, respectivamente. As maiores taxas de mortalidade no primeiro triênio por 100.000 homens foram em Manaus (444,68) e Fortaleza (377,58), e as menores em Porto Alegre (28,7) e Rio de Janeiro (57,54); nas mulheres, as maiores também foram em Manaus (370,46) e Fortaleza (311,21) e as menores em Porto Alegre (22,17) e Rio de Janeiro (45,12). No segundo triênio, essas taxas por 100.000 homens permaneceram as maiores em Manaus (16,8) e Fortaleza (11,95), e menores em Porto Alegre (1,25) e Rio de Janeiro (2,23); igualmente no sexo feminino, maiores em Manaus (13,88) e Fortaleza (8,13) e menores em Porto Alegre (1,3) e Rio de Janeiro (2,30). De 1979-81 para 1999-2001, os maiores declínios no risco de morrer por gastrenterites foram em Belo Horizonte (98,44%) e Curitiba (97,89%), ambos no sexo masculino, e os menores em Brasília (91,7%) e Porto Alegre (94,13%), ambos no feminino. Com o limite superior de vida média fixado em 65 anos, houve, em 1979-81, 101.989 e 98.547 APVP em homens e mulheres, em 1999-2001, 9.245 e 8.297, respectivamente, quedas de 90,93% e 91,58%. As maiores reduções na proporção de APVP por gastrenterites em relação às outras causas evitáveis foram em Recife (94,38%, sexo feminino) e Manaus (91,03%, sexo masculino).
CONCLUSÕES:
Do primeiro para o segundo triênio sob análise, a tendência de mortalidade por gastrenterites, em ambos os sexos, no conjunto das capitais brasileiras selecionadas é de declínio, assim como seu impacto nos APVP. Apesar do risco de morrer por gastrenterite permanecer maior no sexo masculino de um triênio para o outro, as reduções nas taxas de mortalidade em ambos os sexos foram equivalentes. O mesmo foi detectado entre as capitais, onde Manaus e Fortaleza continuaram com as maiores taxas de mortalidade, apesar de suas reduções também terem sido equivalentes às das demais cidades.
Palavras-chave:  gastrenterites; mortalidade; anos potenciais de vida perdidos.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005