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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 17. Planejamento e Avaliação Educacional
AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL NO CENTRO DO DEBATE: A UNIVERSIDADE PÚBLICA NA BERLINDA
Ana Cristina Rolim Mota 1 (acrmotta@zipmail.com.br), Antônia Rozimar Machado e Rocha 1, Helena Ilná Fonteles Alves 1, Raimundo Nonato de Morais Silva 1, Siany Góes de Sousa 1, Silke Heyderick Saraiva Soares 1 e Soraya de Albuquerque Linhares 1
(1. Centro de Educação, Universidade Estadual do Ceará - UECE)
INTRODUÇÃO:
Em tempos hodiernos, a universidade passa por uma revisão de conceitos que vem se ancorando numa visão reformista de atendimento às demandas de mercado. Com a adoção do Estado Neoliberal, as políticas de avaliação educacional tomam grande espaço nas discussões atuais. Como a universidade pública se situa nessa discussão? A avaliação institucional adotada pelas universidades pesquisadas se propõe apenas a cumprir demandas governamentais orientadas pelo MEC ou a repensar, através da avaliação realizada, suas relações acadêmicas e propor novos rumos? Tais questões se pautaram em nosso objetivo geral que pretendeu investigar e analisar os pressupostos teóricos e metodológicos que constituem uma avaliação institucional das universidades públicas de Fortaleza, aqui denominadas A e B, bem como suas implicações práticas para o cotidiano acadêmico das mesmas. Como objetivos específicos pretendemos em nossos estudos: conhecer os procedimentos metodológicos utilizados na operacionalização da avaliação das universidades investigadas; examinar em quais princípios e referencial teórico as universidades pesquisadas se apóiam para elaborar sua avaliação; analisar em que medida os resultados da pesquisa apontam para a utilização da avaliação institucional como mero mecanismo de controle de resultados ou como suporte para intervenção no cotidiano acadêmico; e verificar como ocorre o envolvimento dos sujeitos que participam do processo avaliativo em suas diversas etapas.
METODOLOGIA:
Como percurso metodológico, utilizamos pesquisa bibliográfica, para fundamentação teórica de nosso objeto, adotando os seguintes autores: ESTRELA. NÔVOA (1993); FERNANDES. BELLONI & MACHADO (2001); STEIN (2001); FERNANDES (2002); SOBRINHO (2004). No campo empírico realizamos uma pesquisa em duas universidades públicas, as quais denominamos de A e B, entrevistando os representantes dos núcleos de avaliação institucional das referidas universidades. O roteiro de entrevista contemplou, como eixos norteadores para análise, os seguintes aspectos: elaboração de projetos avaliativos pelas universidades A e B, elaboração e aplicação de instrumentais para coleta de dados, registro, análise e divulgação dos dados coletados, encaminhamento dos resultados da avaliação, a contribuição efetiva da avaliação e o nível de envolvimento dos sujeitos avaliados e avaliadores. O período de realização de nossa pesquisa foi de setembro de 2004 a fevereiro de 2005.
RESULTADOS:
Os resultados obtidos em nossa pesquisa apontam para uma visão convergente em alguns pontos com a literatura estudada. Alguns depoimentos dos entrevistados se coadunaram com a política oficial de avaliação do MEC – o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior - SINAES. Dentre os princípios que norteiam a avaliação nas universidades pesquisadas, identificados na fala do representante da universidade A, a adoção dos princípios da adesão voluntária, visão do todo, continuidade, flexibilidade, objetividade e a participação coletiva. Nos depoimentos coletados observamos, ainda, que a instituição A, se encontra em processo de concepção do projeto de avaliação. Algumas experiências já haviam sido adotadas, porém, de forma pontual e fragmentada comprometendo uma visão global acerca dos avanços e retrocessos do cotidiano acadêmico. A instituição B, cujo processo avaliativo encontra-se em revisão, destacou como grande finalidade do processo avaliativo, a mudança de consciência política dos atores institucionais, através da reflexão dos dados ou indicadores da realidade institucional obtidos na avaliação. Como princípios norteadores do processo avaliativo foi destacado a ética, a visão holística do processo, a participação da comunidade acadêmica, e o diagnóstico. Ao que nos parece, as duas universidades vêm enfrentando problemas de natureza material e humana para implementação dos projetos de avaliação institucional.
CONCLUSÕES:
Pelo exposto, podemos aferir que a avaliação institucional se constitui em uma importante ferramenta de melhoria para o estabelecimento de estratégias favorecedoras do sucesso acadêmico, através da qualidade do ensino e da abrangência social da instituição. Entretanto, na guisa de conclusões, observamos que ainda reside uma grande limitação na implementação dos projetos avaliativos, tendo em vista as condições objetivas cerceadoras que as universidades públicas enfrentam, deixando-as distante dos seus objetivos iniciais propostos. O projeto de avaliação institucional demanda grande compromisso e engajamento coletivo. Todavia, a crise que a universidade pública atravessa como a descontinuidade de quadros de pessoal, carências de recursos materiais dada às escassas verbas, comprometem em larga medida o sucesso da referida avaliação. Ademais, em nossas análises, o SINAES não se propõe a assumir um caráter progressista que venha a espelhar, através de seus resultados, os problemas que a instituição enfrenta e seus caminhos de superação. Pela sua constituição, o referido sistema acaba por reproduzir outras experiências avaliativas calcadas num viés quantitativo, em detrimento do qualitativo.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Avaliação Institucional; Universidade pública; Políticas de avaliação.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005