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C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 3. Toxicologia | ||
AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA DO EXTRATO AQUOSO DAS SEMENTES DE Moringa oleifera. | ||
Paulo Michel Pinheiro Ferreira 1, 2 (pmifepe@yahoo.com.br), Ana Fontenele Urano Carvalho 2, Davi Felipe Farias 2 e Maria Goretti Rodrigues de Queiroz 3 | ||
(1. Depto. de Fisiologia e Farmacologia, Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará - UFC; 2. Depto. de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Ceará - UFC; 3. Depto. de Análises Clínicas e Toxicológicas, Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Ceará) | ||
INTRODUÇÃO:
A Dengue é um dos maiores problemas de saúde pública do Brasil e tem trazido enormes prejuízos à população brasileira. Por não se dispor de vacina efetiva até o momento, o principal combate à dengue se dá através do controle de seus mosquitos vetores. O uso de inseticidas sintéticos é ainda o principal suporte dos programas de combate à disseminação e controle de insetos vetores de doenças, mas há o desenvolvimento de resistências. Uma das alternativas para os métodos químicos convencionais é a utilização de produtos naturais oriundos de plantas, aumentando as chances de sucesso no combate aos vetores, além de serem mais baratos e menos poluidores. As plantas superiores desempenham um papel dominante na assistência primária à saúde para 80 % da população mundial. A planta Moringa oleifera cresce na maior parte do mundo tropical e tem múltiplas aplicações populares, medicinais e industriais. O extrato aquoso (EA) das sementes possui compostos com atividade antifúngica, antibacteriana e contra a malária. Recentes pesquisas mostraram que o EA das sementes desta planta apresenta ação larvicida contra Aedes aegypti, sendo capaz de causar 100 % de mortalidade das larvas após 24 h de exposição. O objetivo deste trabalho consiste na investigação da toxicidade do EA das sementes de M. oleifera contra animais de laboratório (ratos e camundongos) e larvas de Artemia sp. |
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METODOLOGIA:
Para a avaliação do efeito da ingestão do EA das sementes de M. oleifera sobre a função hepática, ratos (Rattus novergicus) machos adultos (n=7) foram mantidos sob regime de ingestão ad libitum do EA na concentração de 5,2 mg / mL durante 30 dias (toxicidade subcrônica). O grupo controle (n=7) recebeu água de torneira. Ambos os grupos (controle e experimental) foram alimentados com a mesma dieta comercial na forma de “pellets” durante todo o período do experimento (Guabi Nutrilabor, Campinas). A concentração das enzimas plasmáticas alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST) e fosfatase alcalina (FA) foi determinada antes e após o tratamento. Outros parâmetros avaliados foram o peso relativo dos órgãos em base úmida e seca, o ganho de peso corporal e o nitrogênio corporal. O ensaio de toxicidade aguda foi realizado em grupos de 6 camundongos (Mus musculus) machos através da administração i.p. do EA. A avaliação da toxicidade aguda em outro sistema biológico foi feita em larvas de Artemia sp. com 48 h de eclosão seguindo metodologia descrita em CARVALHO et al. (1987). A determinação do nitrogênio corporal foi realizada através de metodologia descrita por Baethgen e Alley (1989). |
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RESULTADOS:
Os níveis séricos das enzimas analisadas (AST, ALT e FA) não revelaram toxicidade subcrônica nos ratos que foram submetidos à administração oral do EA das sementes de M. oleifera. A análise do peso relativo dos órgãos na base úmida e na base seca não mostrou alteração estatisticamente significante (p>0,05), com exceção do timo que apresentou hipertrofia. Quanto ao ganho de peso corpóreo , os resultados não expressaram diferença (p>0,05) entre o grupo controle (89,00 ± 8,42 g) e o experimental (90,68 ± 16,03 g). A administração de doses i. p. maiores que 775 mg / Kg foi altamente tóxica para os camundongos, os quais morreram em menos de 1 h após a aplicação, apresentando quadros de convulsão e espasmos musculares dos membros, sintomas que sugerem ser uma neurotoxina de ação central. Apesar disso, os ensaios de toxicidade aguda revelaram ser o EA apenas moderadamente tóxico para camundongos (DL 50 de 512,8 mg / Kg de peso corpóreo). Mesmo a uma concentração dez vezes menor que aquela que tem ação larvicida eficiente, a concentração de 0,52 mg / mL do EA das sementes foi tóxica para os náuplios de Artemia sp. A DL 50 encontrada para esse microcrustáceo foi de 177,8 µg / mL. Os níveis de nitrogênio corporal dos ratos que receberam o EA das sementes (67,53 ± 2,49 %) foram maiores (p<0,05) que os dos ratos tratados somente com água de torneira (59,55 ± 3,02 %). |
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CONCLUSÕES:
O uso do EA das sementes de M. oleifera no combate à larva do mosquito da dengue parece promissor uma vez que estudos de toxicidade subcrônica não detectaram efeitos deletérios nos ratos e os estudos de toxicidade aguda revelaram ser apenas moderadamente tóxico para camundongo (DL 50 de 512,8 mg / kg de peso corpóreo) apesar de mostrar grande toxicidade para os náuplios de Artemia sp. |
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Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: toxicidade; larvicida; Moringa oleifera. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |