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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação | ||
MILITÂNCIA POLÍTICA NA JUVENTUDE E ADOÇÃO DE POSTURAS IDEOLÓGICAS FEMINISTAS. | ||
Vanda Micheli Burginski 1 (micheliburginski@bol.com.br) e Manoel Francisco de Vasconcelos Motta 2 | ||
(1. Departamento de Serviço Social/UFMT; 2. Programa de Pós-Graduação em Educação/IE/UFMT) | ||
INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa teve por objetivo estudar a atuação das mulheres que participam das organizações sociais que compõe o FAM-MT (Fórum de Articulação de Mulheres) de Mato Grosso, abordando a influência da militância política na juventude e sua contribuição na adoção de posturas ideológicas feministas. O estudo situa-se em torno da vinculação entre formação da consciência política e às questões relacionadas a gênero. O Fórum de Articulação de Mulheres de Mato Grosso (FAM-MT) foi criado em 1996 em Cuiabá-MT, através da participação de mulheres que fazem parte de entidades como CUT-MT (Central Única dos Trabalhadores), SINTEP (Sindicato dos Trabalhadores das Escolas Públicas), GSP (Grupo de Saúde Popular) e NUEPOM (Núcleo de Estudo, Pesquisa e Organização da Mulher) do Departamento de Serviço Social da UFMT. A partir da interação entre as mulheres dessas organizações foi possível constituir um espaço como FAM-MT, com objetivo de articular politicamente e informar as mulheres de outras organizações, questões referentes à situação das mulheres mato-grossenses no que diz respeito à saúde, educação e violência. O FAM-MT não é uma entidade de caráter jurídico, mas uma entidade política, de questionamento político, de articulação de mulheres e das forças sociais existentes no estado em torno da discussão da questão de gênero e do direito das mulheres. Exatamente por possuir este caráter político e articulador, trata-se de um espaço eminentemente educativo. |
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METODOLOGIA:
Este estudo situa-se na perspectiva da pesquisa qualitativa. Foram utilizadas técnicas de investigação como: levantamento bibliográfico, estudo da bibliografia, coleta de dados e entrevistas individuais semi-estruturadas aplicada às sujeitas selecionadas. Na primeira fase da pesquisa, procurou-se investigar a respeito do FAM-MT, desde sua criação e as atividades de articulação política e de caráter educativo desenvolvido pelas suas militantes. Na segunda fase, procurou-se estudar a respeito da militância política das mulheres que atuam no FAM-MT. As entrevistadas foram abordadas quanto a sua participação política na juventude e a importância desta participação na influência de adoção de posturas ideológicas feministas. |
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RESULTADOS:
A interação das mulheres que participam em organizações sociais em torno do FAM-MT deve-se pelo fato de estar garantindo a existência do movimento de mulheres, trazendo visibilidade às questões relacionadas à mulher, perante a sociedade e o Estado. O referido Fórum teve um papel importante na ativação e reativação do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso e na mobilização de mulheres da sociedade Mato-grossense, sobretudo, em torno das atividades realizadas nas datas de 08 de março (Dia Internacional da Mulher) e 25 de novembro (Dia da Não Violência contra a Mulher). Há momentos em que o FAM-MT se revitaliza, outros momentos se retrai, devido à diversidade das organizações e atribuições das militantes, que também muitas vezes, militam em outros movimentos reivindicatórios e possuem outras atividades ligadas à profissão. Verifica-se que o FAM-MT é impulsionado pela militância das mulheres ligadas à CUT, GSP, SINTEP e NUEPOM, poderia-se dizer que são essas organizações que incitam as discussões políticas a respeito de gênero. Foram realizadas várias atividades voltadas para a questão feminina e suas especificidades relacionadas à conscientização política das mulheres. Todas as militantes entrevistadas dessas organizações possuem curso superior e militância estudantil na juventude, bem como, está ligada ou filiada a um Partido Político. |
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CONCLUSÕES:
Constatou-se que as fragilidades e dificuldades encontradas quanto à mobilização feminina das organizações sociais em torno do FAM-MT, está relacionado também à fragilidade no processo de constituição das organizações sociais em Mato Grosso (CUT, SINTEP, GSP). Portanto, o FAM-MT fica para um segundo plano, já que no interior das próprias organizações a discussão sobre gênero ainda é muito incipiente, segundo as militantes “há pouca clareza de que há discriminações, que há desigualdades em relação a gênero, os sindicatos ainda não despertaram para a gravidade do problema. Como se eles vissem o problema do homem como maior e não vêem a especificidade da mulher”. As mulheres que militam no FAM-MT, além de militarem nas suas organizações (CUT, SINTEP, GSP e NUEPOM), possuem profissão, são mães e donas de casa, o que dificulta, na organização e na mobilização do FAM-MT. Muitas vezes, a militância no FAM-MT é deixada de lado. Constatou-se que as militantes das organizações sociais que se articulam em torno do FAM-MT, possuem uma referência de militância na juventude que tem influenciado fortemente na adoção de posturas críticas e ideológicas feministas, abordando a discriminação da mulher na sociedade, enquanto questão política. A atuação dessas militantes está ligada à reflexão entre as questões específicas das mulheres e a necessidade de uma prática política que reforce a adoção de políticas públicas pautadas na questão de gênero por parte do Estado. |
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Palavras-chave: Educação; Juventude; Gênero. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |