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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 6. Lingüística | ||
UMA ANÁLISE ESTILÍSTICA DE CONTOS DE GUIMARÃES ROSA | ||
Maria de Fátima do Nascimento Silva 1 (letrasfatinas@hotmail.com) e Maria do Socorro Cardoso de Abreu 1 | ||
(1. Depto. de Língua Portuguesa, Universidade Estadual do Ceará - UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa pretende fazer uma análise estilística da obra “Sagarana” de Guimarães Rosa, composta de doze contos; entretanto, para este trabalho focalizamos apenas três. A pesquisa organiza-se da seguinte maneira: primeiro, um estudo segundo a fonoestilística, para saber como os sons se relacionam, qual a impressão deixada no leitor; e segundo, a estilística da palavra, abordaremos os elementos formadores do léxico, os vários processos de formação de palavras e as figuras de linguagem existentes no texto. |
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METODOLOGIA:
Para realizar este estudo, foi feita a leitura dos contos “O burrinho pedrês”, “Conversa de bois” e “A hora e a vez de Augusto Matraga”. A escolha foi feita aleatoriamente, depois percebemos que os dois primeiros falam de um mesmo tema, a boiada. Utilizamos como base teórica as abordagens de Monteiro (1991) no livro “A estilística” e “Uma introdução à estilística de Martins (1989), assim como “A estilística” de Guiraud (1970). |
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RESULTADOS:
Iniciaremos a análise da obra a estilística fônica. Desse modo, o fonema [a] nos traduz sons fortes, é mais sonoro e reforça a sensação auditiva das consoantes que acompanha como em “E, aí, soltaram a chuva de verdade: chuva pesada, despejada, um vasto vapor opaco”. Em relação à estilística da palavra temos no exemplo abaixo a representação do movimento da cauda do boi em advérbios como cá e lá: “... – uma horizontal perfeita, do começo da testa à raiz da cauda em pêndulo amplo, para cá, para lá, tangendo moscas”. Encontramos também inúmeros exemplos de processos de formação de palavras, especificamente a amálgama em “pé-duro”, “pé-de-ouvido” em que os elementos combinados dão idéia de conjunto e podem condensar numa frase feita. O emprego de figuras de linguagem nos textos, dão maior brilho à construção gramatical. Temos no exemplo “vestindo água” que evoca um quadro concreto. Em seguida, encontramos “ruge o rio, em que uma característica de um animal, no caso, o leão, é emprestada ao rio. |
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CONCLUSÕES:
Concluímos que, dentro de um texto, cada letra, acento, entoação, ritmo formam um conjunto de sons que dão beleza e brilho diferentes ao enunciado. Todos esses sons formados dão-nos uma sensação de agrado ou desagrado e podem nos sugerir inúmeras sensações. É através da estilística do som que os fonemas se apresentam e dão sentido ao texto, são indicados pela expressividade das vogais e consoantes. Esses valores podem ser sentido em interjeições, onomatopéias e essas palavras podem indicar risadas, tagarelice. Em relação a estilística da palavra, percebemos que Guimarães Rosa se utiliza de inúmeros neologismos e regionalismos que expressam a fala do povo. |
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Palavras-chave: fonoestilística; palavra; sagarana. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |