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B. Engenharias - 1. Engenharia - 8. Engenharia Elétrica
ANÁLISE E ESPECIFICAÇÃO DO SERVIÇO AUTORIZADO DE INTERCEPTAÇÃO DE CHAMADAS EM CENTRAIS TELEFÔNICAS DIGITAIS PARA O SISTEMA TELEFÔNICO BRASILEIRO
Leonardo Henrique de Melo Leite 1, 2 (lleite@fitec.org.br), Luciano de Errico 1 e Murilo Eugênio Duarte Gomes 1
(1. Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Eng. Elétrica - UFMG; 2. Fundação para Inovações Tecnológicas - FITec)
INTRODUÇÃO:
Atualmente, os aspectos relacionados à segurança, sejam eles de caráter público ou privados, tem sido, crescentemente, objeto de discussão entre as diversas esferas sociais, motivando estudos e pesquisas em várias áreas relacionadas. Neste contexto, aplica-se o Serviço Autorizado de Interceptação de Chamadas Telefônicas - SAICT, que tem sido utilizado como um mecanismo eficaz no combate à criminalidade em todo o mundo. Dados de pesquisas recentes apontam o crescimento e a modernização do crime organizado nos grandes centros, tais como sequestros, tráfico de drogas e armas, contrabando, terrorismo e espionagem. A interceptação eletrônica, também conhecida como “grampo telefônico”, enquanto instrumento de segurança, tem a finalidade de prover a monitoração do conteúdo de voz e dados associados à comunicação de um determinado indivíduo para fins de investigação criminal e instrução processual penal.
Este trabalho, realizado no CPDEE – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Engenharia Elétrica em conjunto com a FITec – Fundação para Inovações Tecnológicas, propõe um modelo para o SAICT em centrais de comutação digital. Define os módulos, interfaces e protocolos utilizados na comunicação entre os agentes da interceptação. O modelo proposto foi implementado e testado em uma central telefônica digital comercial. Um conjunto de testes sistêmicos, abrangendo vários cenários de chamadas, atestou o funcionamento do serviço de interceptação desenvolvido.
METODOLOGIA:
A estratégia de implementação do SAICT proposto, em uma central digital comercial, iniciou-se a partir da pesquisa bibliográfica a fim de verificar o estado da arte do assunto na literatura, além de buscar informações sobre possíveis implementações em outras centrais. O passo seguinte foi obter todas as normas aplicáveis junto aos organismos internacionais de padronização com o objetivo de compreender as recomendações gerais de funcionamento do serviço e suas respectivas interfaces. O desenvolvimento foi realizado em quatro etapas distintas:
Definição da Arquitetura: Nesta etapa foi definida a arquitetura do SAICT de forma abrangente, procurando alinhar as recomendações das normas à estrutura da central. Foram definidos os diagramas de blocos, os subsistemas e suas dependências e as características principais das interfaces.
Detalhamento de Requisitos: Nesta etapa foram descritos detalhadamente todos os requisitos funcionais e não funcionais do serviço delimitados pela arquitetura definida na etapa anterior.
Codificação: Esta etapa compreendeu a implementação propriamente dita em linguagem de programação C.
Testes Sistêmicos: Ao final da etapa de codificação o serviço passou por uma série de testes de laboratório, denominados Testes Sistêmicos, que compreendeu na execução de rotinas de testes para os vários cenários de chamadas a fim de validar a implementação no ambiente da central telefônica.
RESULTADOS:
Os testes sistêmicos foram divididos em testes funcionais e testes de desempenho. Os testes funcionais serviram para avaliar o correto funcionamento do sistema considerando os diversos cenários de chamadas, enquanto que os testes de desempenho visaram analisar a qualidade do serviço e as possíveis interferências no funcionamento da central.
Em relação aos testes funcionais, vários testes foram executados considerando todos os cenários possíveis de chamadas básicas e com serviços suplementares, cada qual seguindo uma rotina de testes detalhada. O funcionamento do SAICT na central digital após correções e pequenas adaptações, apresentou 100 % de conformidade em todos os casos de testes.
Medidas de desempenho objetivas e subjetivas foram avaliadas em relação ao funcionamento do serviço na central e comparadas com os valores recomendados pelas normas. Foram realizadas medidas relativas à alteração do nível de transmissão da chamada em curso, à introdução de ruído audível nas linhas dos assinantes, à taxa de bloqueio de chamadas, à disponibilidade de serviços suplementares aos assinantes, à introdução de ruído externos nas linhas dos assinantes e à introdução de atrasos no processamento da chamada. Todas as medidas realizadas ficaram dentro dos limiares estabelecidos, comprovando a adequação do serviço ao funcionamento da central.
CONCLUSÕES:
O serviço autorizado de interceptação de chamadas telefônicas é uma importante ferramenta no combate ao crime organizado em suas diversas facetas. Governos em todo o mundo têm requisitado às prestadoras de serviços de telecomunicações o oferecimento de um serviço eficiente e seguro, adequado às suas legislações e normas de segurança específicas.
No Brasil, em particular, embora exista uma lei que autorize a escuta telefônica, não há nenhuma regulamentação definida para a execução desse procedimento no ambiente controlado pelas operadoras de telecomunicações, que o torna bastante vulnerável a operações ilícitas.
Um modelo de interceptação de chamadas para a telefonia pública comutada foi proposto neste trabalho com foco na sua implementação em um equipamento de comutação tipicamente controlado pelas prestadoras de serviços de telecomunicações. Um resultado alcançado foi a especificação e implementação do modelo proposto em uma central telefônica comercial.
Um conjunto de testes funcionais e de desempenho, abrangendo vários cenários de chamadas, atestaram o funcionamento do serviço de interceptação desenvolvido mostrando a viabilidade de um sistema seguro, eficiente e de operação flexível.
A implementação do modelo baseou-se em interfaces totalmente padronizadas, permitindo a interoperabilidade com os diversos equipamentos de monitoração que também adotam tais padrões.
Palavras-chave:  Interceptação de Chamadas Telefônicas; Central Telefônica Digital CPA-T; Segurança.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005