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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública | ||
AÇÕES DE SAÚDE MENTAL NO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA-PSF | ||
Maria Salete Bessa Jorge 1 (masabejo@uece.br), Ana Patrícia Pereira Morais 2, Danilo Holanda Bezerra 2, Débora Sâmara Guimarães Dantas 2, Delane Uchôa Amorim 2 e Eysler Gonçalves Maia 2 | ||
(1. Mestrado Acadêmico em Saúde Pública, Universidade Estadual do Ceará - UECE; 2. Curso de Enfermagem, Universidade Estadual do Ceará - UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
Na atenção à saúde mental ocorreram transformações conceituais e operacionais, reorientando-se o modelo historicamente centrado na referência hospitalar por um novo modelo de atenção, descentralizado e de base comunitária. A incorporação de ações de saúde mental na atenção básica a essa rede diversificada de serviços (PSF/PACS), contribuirá para alavancar este novo modelo, oferecendo melhor cobertura assistencial dos agravos mentais e maior potencial de reabilitação psicossocial para os clientes do SUS. A estratégia do PSF tem possibilitado revelar os contextos nos quais emergem os problemas e também algumas das possibilidades de respostas. Ao mesmo tempo, o trabalho efetivo com as pessoas em seu território revela diversas formas de sofrimento, de desassistência, de processos que transformam as diferenças em desigualdade e de exclusão social. Nesta perspectiva, a inclusão das ações de saúde mental no PSF é fundamental, mas será uma estratégia insuficiente se não for acompanhada da efetiva implantação da rede de atenção. Entretanto, para que ampliem as possibilidades de cuidado dentro de uma lógica de somar recursos é necessária uma articulação com o processo de desenvolvimento de uma rede de serviços substitutivos ao modelo, ainda hoje, predominantemente hospitalocêntrico, em particular na Cidade de Fortaleza. Esta pesquisa mostra-se relevante por ter como finalidade investigar como a Estratégia Saúde da Família desenvolve ações no campo da saúde mental. |
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METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo de caráter avaliativo, descritivo-exploratório, com interpretação dos dados a partir da estatística descritiva e inferencial e de testes não paramétrico, utilizando como instrumentos formulários aplicados aos usuários, equipes e gerentes do PSF, tendo como objetivo definir suas características, bem como as ações de saúde mental implementada pelas equipes do PSF no Ceará e o impacto destas na promoção da saúde dos clientes. Os resultados computados para esta análise foram levantados com 1648 usuários, 130 profissionais de equipes do PSF e com 27 gerentes, sendo um coordenador geral. O cálculo dos índices de qualidade dos serviços foi feito a partir da atribuição de 01 (um) ponto para as respostas que remontam aspectos positivos para a qualidade dos serviços e 0 (zero) ponto para as que representam os aspectos negativos.Os dados foram analisados estatisticamente com calculo de percentual e apresentados em forma de tabelas. |
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RESULTADOS:
O estudo mostra que 44,5% dos profissionais do PSF executam entre 201 a 400 atendimentos por mês, havendo casos de equipes em Aracati, Cascavel, SER II e III com mais de 800 atendimentos/mês. A metodologia de cálculo da produtividade das equipes do PSF baseia-se em um mínimo de atendimento. Com relação às respostas dos usuários ao formulário da pesquisa sobre a importância do CAPS, cerca de 66% deles não souberam opinar, 15% afirmaram ser o CAPS importante, 13% muito importante e para menos de 5% o CAPS foi considerado nada importante. Embora a informação sobre o funcionamento do serviço seja insatisfatória, os dados da pesquisa indicaram que o usuário não sai da consulta com dúvida, mas, este aspecto da qualidade do sistema de informação pode variar conforme o local do PSF. O PSF não desenvolve ações de saúde mental de acordo com 35,4% dos profissionais entrevistados, além de 6,2% que não souberam informar e 26,9% que não responderam. Cerca de 27,5% informaram ações como: orientação à família de portadores de transtornos mentais e estabelecimento de vínculos com os usuários (12,3%), atividades terapêuticas (2,3%), ações educativas (4,6%) e visitas (8,5%). Expressam a existência de acolhimento, interações e vínculos em suas ações. Os dados destacam, que a maioria das equipes não têm e não desenvolvem trabalhos específicos no campo da saúde mental (51,9%). Destaca-se que 8,3% desconhecem se ocorre alguma ação específica de saúde mental e 29,2% consideraram como ações à realização de consultas, visitas domiciliares, palestras, encaminhamentos para serviços especializados. |
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CONCLUSÕES:
Embora a saúde mental seja uma atenção considerada importante pelos profissionais do PSF (12%) dos pesquisados não desenvolve atividades ligadas à área, (12%) acreditam que os serviços são falhos ou atendem precariamente e (10%) desconhecem a atenção à saúde mental oferecida em sua área. As ações de saúde mental desenvolvidas pela equipe do PSF são referenciadas como palestras, grupos, conversa e orientação e visita domiciliar, sendo estas ações descritas por uma minoria de profissionais. Também, mostra que dos 106 entrevistados que responderam à pergunta sobre essas ações, 55 (51,9%) não souberam informar sobre as ações desenvolvidas no PSF. Percebe-se que os encaminhamentos não são voltados diretamente para a saúde mental, mas fazem parte da rotina de algumas equipes do PSF. Conclui-se que as ações de saúde no Programa de Saúde da família mostram-se fragilizadas, ou seja, embora relatem que fazem acolhimento em muitas unidades, este dispositivo não configura ações da área de saúde mental, pois acolhimento é um dispositivo a ser utilizado pela atenção em saúde como um todo e não apenas em setores específicos. |
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Instituição de fomento: Ministério da Saúde, FUNCAP | ||
Palavras-chave: Saúde Mental; Avaliação; Serviços de Saúde. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |