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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
ENSINO DE PRINCÍPIOS E TÉCNICAS DE PROPAGAÇÃO DE PLANTAS NATIVAS DA REGIÃO AMAZÔNICA, UTILIZANDO MÉTODOS TÉCNICO-PEDAGÓGICOS E ENQUADRADO NA REALIDADE LOCAL DE ALUNOS RIBEIRINHOS NA ILHA DAS ONÇAS-PA
Thaís Cristina Alves Pamplona 1 (thaispamplona.pamplona@bol.com.br), Ivanildo Ribeiro Picanço 3, Sandra Geraldo de Magela Araujo Acioli 1, Davi Gustavo Costa dos Santos 2 e Allan Klynger da Silva Lobato 2
(1. Universidade Estadual do Pará-UEPA; 2. Museu Paraense Emílio Goeldi-MPEG; 3. Universidade do Vale do Acaraú-UVA)
INTRODUÇÃO:
Na Amazônia existem inúmeras comunidades ao longo dos rios, estas recebem a denominação de ribeirinhas, no qual suas atividades sócio-econômicas baseam-se essencialmente no extrativismo vegetal e no pescado, apesar de que esta atividade vem gradativamente diminuindo em virtude do intenso fluxo de navegações que alteram o meio ambiente, provocando erosão e assoreamento deste, dificultando a pesca e a captura de camarão que serve para complementar a alimentação da população ribeirinha. A maior parte das famílias residentes nesta localidade depende dos recursos oriundos da extração de frutos e da comercialização de produtos de origem vegetal provenientes da própria ilha, conseqüentemente os alunos por viverem no meio rural possuem conhecimento empírico de alguns processos de propagação vegetativa. Inserido neste contexto este trabalho possui o objetivo de demonstrar de forma clara e objetiva tais técnicas, visando facilitar o entendimento destas, as formas como ocorre, qual a finalidade com que são aplicadas, suas vantagens para a agricultura e quais os processos metabólicos envolvidos na propagação de plantas, tendo como instrumento a utilização de espécies nativas desta região.
METODOLOGIA:
O trabalho foi desenvolvido na escola municipal Laurival Campos Cunha, na qual pertence a rede municipal do município de Barcarena e funciona em regime seriado, sendo realizado com 20 alunos de 3° série e 30 de 4° série do ensino fundamental, no período de março a junho de 2004, no qual o ensino de princípios e métodos de propagação de plantas foi implantado em um canteiro preparado por estes na própria escola, utilizou-se sementes para a forma sexuada e enxertia, alporquia e estaquia para a forma assexuada, dividindo-se a carga horária total em 60% com aulas práticas, sendo que os 40% restantes foram utilizados para as aulas teóricas que fundamentavam, conceituavam, direcionavam e explicavam os processos vegetativos observados por tais alunos nas aulas práticas. Para realizar as atividades práticas utilizou-se as espécies: açaí (Euterpe oleracea Mart.); ingá-açu (Inga cinnamomea Benth.); bacabinha (Oenocarpus mapora Karsten); muruci (Byrsonima crassifolia (L.) Rich.); cupuaçu (Theobroma grandiflorum (Willd. Ex. Spreng) Schum.); pimenta longa (Piper hispidinervium C.DC.) e pimenta de macaco(Piper aduncum L.).
RESULTADOS:
Para realizar as técnicas propostas todas as espécies escolhidas foram sugeridas e cedidas pelos alunos, sendo que para a propagação via sementes utilizou-se as espécies: açaí; bacabinha; cupuaçu; muruci e ingá-açu, constatada as primeiras emergências com o ingá-açu entre o 10° e 18° dia e as sementes de açaí, bacabinha, muruci e cupuaçu variando entre 15° e 40° após o semeio, no qual as percentagens de germinação observadas foram acima de 80% para todas as espécies e os tipos de germinação foram do tipo hipogeal, com exceção do ingá-açu que é epigeal. Na técnica de enxertia foram utilizadas duas variedades de cupuaçu (Manacaparu e Belém), sendo os enxertos Manacaparu e porta-enxertos Belém, ambos preparados pelos próprios alunos, obtendo-se 70% de aproveitamento para tal técnica. No processo envolvendo estaquia e alporquia foram usadas Pimenta de macaco e Pimenta longa, ambas de galhos finos e não lenhosos, vizando acelerar e aumentar o enraizamento, resultando em índices para ambas as espécies, maiores que 75% de sucesso para o mesmos.
CONCLUSÕES:
Conclui-se que a atividade desenvolvida despertou bastante interesse, proporcionou aos alunos o conhecimento sobre os processos e metabolismos envolvidos na propagação de plantas, no qual as aulas práticas mostraram-se muito atrativas para estes e demonstrou que possuem consciência ambiental e certa habilidade com as ferramentas e materiais vegetativos utilizados, haja vista viverem em uma comunidade dependente dos recursos vegetais e saberem que a agricultura pode representar uma saída econômica para seus pais ou familiares.
Instituição de fomento: Escola Municipal Laurival Campos Cunha
Palavras-chave:  Amazônia; Propagação de plantas; Ribeirinho.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005