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F. Ciências Sociais Aplicadas - 1. Gestão e Administração - 4. Gestão de Negócios | ||
INTELIGÊNCIA DE NEGÓCIOS E ORGANIZAÇÕES: UMA FUNDAMENTAÇÃO | ||
Agenor Martins 1 (agenorsm@terra.com.br) e Francisco de Assis Martins 1 | ||
(1. Depto. de Tecnologia da Informação, Depto. de Gestão, União Educacional de Brasília, UNEB) | ||
INTRODUÇÃO:
No mundo da Gestão de Negócios e da Cultura Organizacional, a Inteligência de Negócios (IN) consiste na monitoração, por "escaneamento" ou sensoriamento de ampla gama de novas ocorrências (e pré-ocorrências) ao longo do ambiente ou dos mercados externos de uma organização e seus negócios. Trata-se de uma monitoração que tem de ser traduzível em "produção de sentidos e conhecimentos" para tomadas de decisão, para a criação de valores nos negócios e para a geração de vantagens competitivas. Neste sentido, a Inteligência de Negócios é, fundamentalmente, um processo cognitivo (dedutivo, indutivo, com uso de analogias), sobretudo voltado para o sensoriamento e a antevisão das ocorrências a envolverem os negócios e seus ambientes. Esta disciplina nascente, no entanto, vem enfrentando dois problemas básicos relativos a seu status científico: i) a comum falta de compreensão do real papel da Inteligência de Negócios; e ii) o problema da completa carência ainda de uma fundamentação teórica para o domínio. De um lado, a IN é freqüentemente confundida ora com algum mecanismo de espionagem industrial; ora confundida com a própria tecnologia informática que lhe dá apoio (confundida, por exemplo, com data mining e document mining ). Por outro lado, a área ainda é incapaz de integrar o seu conhecido método SWOT de análise de eventos ("Strengths", "Weaknesses", "Opportunities", e "Threats") em uma inteligência mais ampla da empresa toda. Em uma Inteligência da Organização (IO). |
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METODOLOGIA:
Na busca desta fundamentação para a Inteligência de Negócios foi admitida a hipótese de trabalho de que uma empresa-organização funciona tal como uma forma de vida: "Uma Organização é uma forma de vida". Sendo assim, pesquisar a inteligência de empresas como organismos, e a inteligência de negócios, neste contexto, nos remete, de um modo muito natural, ao problema do funcionamento da inteligência no ser vivo ou vivente. A estratégia por nós adotada foi então a de apostar no entendimento, na construção, e na modelagem de uma inteligência de empresas, de organizações e de negócios de inspiração biológica (para não citar as células vivas, os sistemas imunológicos, as colônias de formigas e o resto do mundo animal), ao contrário daquilo que vem sendo praticado à guisa de inteligência de negócios, por exemplo, pela Society of Competitive Intelligence Professionals norte-americana. Nossa pesquisa trata de conceber um modelo de inteligência onde são utilizadas lentes conceituais saídas da teoria dos seres vivos e da teoria da cognição, de H. Maturana e F. Varela para enxergar organizações, empresas (seus negócios e inteligência) como entidades viventes de ordem superior, diferentes do nível do indivíduo, mas também pensadas como uma rede de processos de produção (síntese e destruição de componentes) chamada rede autopoiética. |
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RESULTADOS:
O resultado prático desta extensão dos princípios autopoiéticos de Maturana e Varela à empresas e organizações está em que a inteligência organizacional (e de negócios, em particular) passa a emergir como uma propriedade bastante natural, no interior dos sistemas organizacionais; e não como algo hoje totalmente "ad-hoc". No modelo desenvolvido em nossa abordagem, não apenas a inteligência vem trazer sentido à real "alma dos negócios", como também à "vida organizacional" - expressão comumente pronunciada apenas como metáfora - como também passam a fazer sentido para empresas, negócios e organizações todos os demais princípios autopoiéticos descobertos pelos neurocientistas Maturana e Varela para distinguir o ser vivo de um ser não-vivo. Estendendo a aplicação destes princípios, tornou-se possível definir e compreender a empresa inteligente como sendo aquela modelada para funcionar e sobreviver mediante as propriedades de: i) Identidade de empresa-organização autopoiética; ii) Rede de relacionamentos; iii) Autonomia da empresa-organização autopoiética; iv) Recursividade ou circularidade das ações e retroação na organização; v) Conservação de Padrão na empresa-organização autopoiética; e, finalmente, vi) Inteligência cognitiva-emocional-sapiencial da organização autopoiética. |
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CONCLUSÕES:
Foi-nos possível concluir, por exemplo, que a Inteligência de Negócios, assim como a Inteligência Organizacional mais ampla, é uma inteligência da "pessoa jurídica", capaz de aprender, como um todo. Na anatomia dessa Inteligência Organizacional e de negócios foram ainda identificadas três facetas distintas de uma mesma inteligência triúnica, sendo elas: i) A inteligência cognitiva empresarial-organizacional; ii) A inteligência emocional empresarial; e iii) A inteligência sapiencial empresarial. A Inteligência Cognitiva da empresa compreende as competências para o simples e o complexo; para a análise circular; para reconsiderar a percepção; para usar o acaso; a aptidão Sherlock-holmesiana; a aptidão para prever; a aptidão para o uso da experiência passada; para reconhecer a novidade; a aptidão para inovar; a competência para criar cenários e para a versatilidade. Enquanto a Inteligência Emocional Empresarial trata de lidar com a organização dos complexos conhecimentos emocionais organizacionais. Finalmente, a Inteligência Sapiencial Empresarial é a inteligência do "organizar-se certo" para uma nova (cons)-ciência dos negócios. Ela objetiva não apenas a organização como ainda a própria sustentação da "vida organizacional", capaz de saber cuidar e de extrapolar para além dos limites das pessoas e do lucro fácil, de curto prazo. É ela que sustenta a longevidade dos negócios, dotando empresas e corporações de propósito, contexto, valores e significados. |
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Palavras-chave: Business Intelligence;; Inteligência Emocional Empresarial; Inteligência Sapiencial Empresarial. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |