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E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca - 1. Aqüicultura
AMINOÁCIDOS DIGESTÍVEIS E MINERAIS DISPONÍVEIS DE CULTIVARES DE FARELO DE ALGODÃO PARA A TILÁPIA DO NILO Oreochromis niloticus 1
Geisa Karine Kleemann 1 (geisakle@fca.unesp.br), Margarida Maria Barros 1, Luis Edivaldo Pezzato 1, Leonardo Tachibana 1 e Luana Strieder Gonçalves 1
(1. UNESP - FMVZ, Depto. de Melhoramento e Nutrição Animal)
INTRODUÇÃO:
Os peixes necessitam de alto teor protéico em suas dietas para atingirem taxas econômicas de crescimento, e em sistemas intensivos de produção, o custo com a alimentação pode representar de 60 a 70%. O farelo de soja atualmente é uma das fontes protéicas de origem vegetal mais utilizada na alimentação de peixes. A substituição desse ingrediente por fonte protéica vegetal de menor valor econômico é benéfica para a redução do custo de produção das rações. O farelo de algodão frequentemente apresenta custo reduzido quando comparado ao farelo de soja e também a outras fontes protéicas de origem vegetal ou animal. O conhecimento preciso da composição nutricional do farelo de algodão é peça fundamental para maximizar sua utilização na confecção de rações. Para as espécies de peixes, desde que exigências em aminoácidos e outros nutrientes sejam atendidas, é viável formular tais rações com similares respostas zootécnicas. Cabe assim, estudos que possam sanar as dúvidas biológicas dessa prática e nortear as indústrias na obtenção de rações mais econômicas. Dessa forma, a pesquisa teve por objetivo determinar os valores de aminoácidos digestíveis aparente e minerais disponíveis de três cultivares de farelo de algodão, com 28%, 38% e 46% de proteína bruta para a tilápia do Nilo.
METODOLOGIA:
Formulou-se uma ração referência purificada com base protéica em gelatina e albumina para satisfazer as exigências nutricionais da espécie tilápia do Nilo. Outras três rações foram confeccionadas contendo 65%, 60% e 58% da ração referência e, respectivamente 35%, 40% e 42% dos farelos de algodão com 28%, 38% e 46% de proteína bruta. Essa metodologia foi utilizada para assegurar palatabilidade às dietas e limitar as variações extremas da composição nutricional dos ingredientes. Os coeficientes de digestibilidade aparente dos aminoácidos e minerais foram determinados pelo método indireto, utilizando 0,1% de óxido de crômio incorporado às rações peletizadas. Cento e cinquenta juvenis, com peso médio de 101,3 ± 7,2 g, foram distribuídos em dez aquários de alimentação alojados em tanques-rede, e receberam a ração experimental à vontade. Ao final do dia, os tanques-rede foram transferidos aos aquários cônicos de coleta de fezes, permanecendo até a manhã seguinte, quando retornavam aos aquários de alimentação. A temperatura da água foi mantida a 26,0 ± 0,5ºC. As coletas de fezes foram efetuadas em dias alternados minimizando o estresse dos peixes, e foram obtidas por decantação. Os aminoácidos da ração referência, dos três farelos de algodão e das respectivas fezes foram analisados por hidrólise ácida em cromatografia líquida de alta performance e os minerais foram determinados pela técnica de espectrometria de absorção atômica por chama após digestão ácida.
RESULTADOS:
Os valores de aminoácidos digestíveis dos farelos de algodão com 28%, 38% e 46% de proteína bruta para a tilápia do Nilo (base na matéria seca) são respectivamente, para a arginina, 3,40; 4,00 e 4,18%; para a histidina, 0,78; 0,88 e 0,96%; isoleucina, 0,85; 0,93 e 1,08%; leucina, 1,69; 1,82 e 2,16%; lisina, 1,04; 1,17 e 1,41%; metionina, 0,23; 0,30 e 0,31%; fenilalanina, 1,70; 1,89 e 2,12%; treonina, 0,85; 0,94 e 1,22%; triptofano, 0,43; 0,44 e 0,48%; valina, 1,27; 1,38 e 1,60%; ácido aspártico, 2,90; 3,32 e 3,80%; ácido glutâmico, 7,06; 8,09 e 8,86%; alanina, 1,05; 1,11 e 1,37%; cistina, 0,36, 0,40 e 0,42%; glicina, 1,17; 1,30 e 1,53%; serina, 1,33; 1,51 e 1,79%; prolina, 1,22; 1,41 e 1,54%; e tirosina, 0,62; 0,74 e 0,75%. Os valores disponíveis dos minerais dos farelos de algodão com 28%, 38% e 46% de proteína bruta para a tilápia do Nilo (base na matéria seca) são respectivamente, para o fósforo disponível, 0,31; 0,42 e 0,35%; cálcio disponível, 0,12; 0,19 e 0,16%; ferro disponível, 68,32; 43,07 e 54,05 mg/kg; zinco disponível, 0,00; 2,40 e 10,27 mg/kg e cobre disponível, 0,07; 0,25 e 0,26 mg/kg.
CONCLUSÕES:
Os valores de aminoácidos digestíveis e de minerais disponíveis do farelo de algodão são de suma importância para maximizar sua utilização pelos nutricionistas na confecção de rações mais econômicas para peixes, formuladas de modo a atender todas as exigências em aminoácidos, minerais e outros nutrientes, proporcionando dessa forma melhor aproveitamento do alimento oferecido, maior desempenho zootécnico dos animais, menor impacto ao ambiente e consequentemente economia no processo produtivo.
Instituição de fomento: 1 Parte do projeto de tese de doutorado do primeiro autor. Agência Financiadora: FAPESP (Processo 02/09978-9)
Palavras-chave:  Farelo de algodão; digestibilidade; aminoácidos.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005