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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE LARVÓFAGA DE FÊMEAS DA ESPÉCIE DE PEIXE Betta splendens PARA LARVAS DE Aedes aegypti, EM CONDIÇÕES DE LABORATÓRIO.
Carolyne Maria Queiroz Barbosa 3 (carolmqb@yahoo.com.br), Luciano Pamplona de Góes Cavalcanti 1, 2, José Wellington de Oliveira Lima 4, 6, Ricardo José Soares Pontes 2, Emanuel Primo Sousa 3, Ana Cláudia Ferreira Regazzi 4, Fábio Fernandes Dantas Filho 2 e Jane Cris de Lima Cunha 5, 6
(1. Núcleo de Epidemiologia da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará - NUEPI/SESA-CE; 2. Depto. de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará - DSC/UFC; 3. Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Ceará - UECE; 4. Coordenação Ceará da Fundação Nacional de Saúde - FUNASA/CE; 5. Escola de Saúde Pública do Ceará - ESP/CE; 6. Mestrado em Saúde Pública da Universidade Estadual do Ceará - UECE)
INTRODUÇÃO:
Dentre as doenças transmitidas por vetores o dengue apresenta-se como uma das mais importantes. É transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectada. Segundo a OMS, cerca de 3,5 bilhões de pessoas vivem em áreas onde existe a infestação pelo Aedes aegypti. A Região Nordeste é principal zona endêmica da doença no país. A expansão e endemização do dengue devem-se principalmente, ao aumento na distribuição geográfica de seus sorotipos virais e de seu principal vetor o Aedes aegypti, que hoje infesta todos os estados do território nacional. Agentes químicos têm sido utilizados para o controle do Aedes aegypti desde a virada do século. A tendência atual, no entanto, é restringir o uso de agentes químicos no seu controle em depósitos de água que não podem ser eliminados ou não podem ser manejados e, para situações de emergência. Entretanto, os tradicionais programas de controle baseados na centralização e uso de inseticidas químicos ainda existem e vem se mostrando ineficazes, principalmente pelos seus altos custos e seleção de resistência. No que se refere ao uso de espécies larvófagas no controle de insetos os peixes vem sendo utilizados há muito tempo. Uma espécie exótica que vem sendo utilizada no Ceará é o peixe Betta splendens, entretanto a capacidade larvófaga das fêmeas desta espécie nunca foi avaliada. Com isso pretende-se mensurar esta capacidade avaliando seu crescimento e peso, em condições de laboratório.
METODOLOGIA:
Os testes de predação foram realizados no laboratório de entomologia do Depto. de Saúde Comunitária da UFC, em Fortaleza. Foram utilizadas 8 caixas d´água de 310 litros, sendo 4 delas com um espécime de Betta splendens em cada, 2 com peixes controle e 2 apenas com as larvas como grupo controle. Utilizaram-se larvas de 3º estágio; iniciando o experimento oferecendo 100 larvas/dia aos peixes. Após 24 horas era feita a verificação das caixas d´água e contagem das larvas; este procedimento foi repetido por cinco dias consecutivos. A cada nova semana aumentava 100 larvas/dia até o patamar de 600 larvas/dia. Ao fim de cada semana todos os peixes eram medidos e pesados.
RESULTADOS:
Foram utilizados no experimento 84.000 larvas de Aedes aegypti, de terceiro estágio. Até a quarta semana onde eram oferecidas 400 larvas diariamente os peixes tiveram uma predação de 100%. Com 500 larvas diárias para cada fêmea o percentual de predação se manteve em 99,7% e com 600 larvas/dia os peixes mantiveram a capacidade de predar 96,9% das larvas. A mortalidade no grupo controle sempre se manteve abaixo de 0,02%. O tamanho médio das fêmeas era de 3,6 centímetros e ao final do experimento, após 7 semanas, elas chegaram a atingir 4,3 centímetros. Neste período os peixes cresceram uma média de 0,7 centímetros o que representa 19,44% do seu tamanho inicial. Enquanto isso os peixes que foram utilizados como controle e passaram as sete semanas sem serem alimentados cresceram apenas 0,1 centímetros. Em relação ao peso a média antes do início era de 0,623 gramas e subiu para 1,298 gramas ao final. As fêmeas apresentaram um aumento significativo do seu peso chegando a 108,35% do seu peso inicial. Os peixes controles diminuíram em 0,066 gramas seu peso após sete semanas sem alimentação oferecida.
CONCLUSÕES:
As fêmeas da espécie de peixe Betta splendens apresentaram uma elevada capacidade de predar larvas de Aedes aegypti chegando a 400 larvas por dia. Em condições reais de campo provavelmente não seriam encontrados criadouros que pudessem oferecer tantas larvas diariamente. Além disso, esta espécie conseguiu dobrar de peso, no período do experimento, e seu tamanho não ultrapassou 4,3 centímetros; o que contribui para que seja considerado um potencial agente de controle biológico em reservatórios domiciliares. Experimentos com machos desta espécie realizados com uma metodologia parecida demonstraram que os mesmos só predavam até 350 larvas diariamente o que para efeito de controle de larvas não tem tanta importância. Com isso, concluímos que fêmeas da espécie de peixe Betta splendens apresentam potencial predatório capaz de ser indicada como alternativa de controle biológico de vetores.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Betta splendens; controle biológico; peixe larvófago.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005