|
||
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 8. Antropologia | ||
ESCOLA INDIGENA OU INDIGENISTA? FAZ SENTIDO ESSA QUESTÃO? | ||
Elizabeth Maria Beserra Coelho 1 (betac@elo.com.br) | ||
(1. Departamento de Sociologia e Antropologia-UFMA) | ||
INTRODUÇÃO:
A escola para povos indígenas tem assumido diferentes significados e sido analisada sob diferentes perspectivas. Uma delas a percebe como elemento colonizador, através do qual o Estado tenta impor aos indígenas a identidade nacional, o mundo dos brancos. Outra perspectiva enquadra a escola entre os instrumentos de conscientização que viabilizariam aos indígenas o acesso à cidadania e um melhor trânsito no mundo dos brancos. Outra visão interpreta a escola como um espaço de contato, de troca entre dois mundos, de ressignificação. No presente trabalho procuro me inserir nessa discussão, procurando analisar a escola, uma instituição ocidental, num contexto de fronteira, tal como concebida por Stuart Hall (2002), como um espaço de negociação. |
||
METODOLOGIA:
A partir da observação do posicionamento de professores indígenas sobre a escola e das reivindicações que dirigem ao Estado, tomando como campo empírico o Maranhão, especificamente professores Tenetehara/Guajajara, e políticas/ações indigenistas de educação, construo uma interpretação da escola para indígenas que procura deslocar-se de posiçoes binárias. Trata-se de procurar pensar a escola fora do confronto entre as categorias indígena, que remete ao que seria proprio dos índios, e indigenista, como algo do mundo dos brancos para os índios. O viés aqui proposto é o de uma fronteira que não separa, mas funciona como um lugar de passagem (Hall,2002). Tomo como referência o discurso formal do Estado brasileiro no âmbito de suas leis e políticas que atualmente se referem a escola indígena como específica e diferenciada. |
||
RESULTADOS:
Uma representação que os professores indígenas fazem da escola remete a um espaço de aprendizagem do mundo dos brancos. Alguns utilizam inclusive a metáfora de uma ponte que ligaria os dois mundos. A escola é vista também como uma via de ascenção social, um caminho que permitirá aos filhos melhores condições de vida. Essa representação convive com outras, que se colocam com menos intensidade, mas que percebem a escola como um espaço de reforço da identidade indígena. O discurso das novas políticas indigenistas de educação coloca que a escola indígena deve ser construída pelos índios, adaptada às suas realidades. Afirmam a escola como um espaço de conquista da autonomia sócio-cultural de cada povo indígena. |
||
CONCLUSÕES:
Escola indígena ou indigenista pode significar um falso dilema. Impelementada junto aos povos indígenas, inicialmente como uma estratégia de dominação e colonização, a escola tem sido, nos últimos tempos, apropriada pelos Tenetehara e passa a ser parte de suas vidas. Não poderia ser vista como uma instituição indígena, tampouco como indigenista, e muito menos como uma sintese. Pode ser pensada atualmente como um espaço de negociação, de trocas culturais, places de passage (Hall,2002), com significados que são relacionais e posicionais. Os Tenetehara estão há mais de quatrocentos anos em contato com a instituição escolar. O que se observa é uma construção Tenetehara do que seria a escola e uma modelação dessa instituição aos seus interesses. |
||
Instituição de fomento: CNPq | ||
Palavras-chave: Escola; Índios; tradução cultural. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |