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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública | ||
SIGNIFICADOS E CRENÇAS ACERCA DA ALIMENTAÇÃO NA FAMILIA | ||
Consuelo Helena Aires de Freitas 1 (consueloaires@yahoo.com.br), Maria Salete Bessa Jorge 1 e Ana Larissa Gomes Machado 1 | ||
(1. Centro de Ciencias da Saúde, Universidade Estadual do Ceará - UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
A alimentação incorreta é considerada como fator de risco determinante na ocorrência de doenças crônico – degenerativas. Em destaque, a hipertensão arterial, acidente vascular cerebral, diabetes mellitus, obesidade, e ainda como fator importante nas situações dos diversos tipos de câncer. Sabe-se que tais doenças estão associadas ao estilo de vida, em que os hábitos alimentares e a atividade física têm sido apontados como imprescindível na prevenção das mesmas. O presente estudo consistiu em analisar os significados e crenças de mulheres de famílias carentes ao lidar com o cotidiano alimentar de suas famílias. Buscou-se a possibilidade do conhecimento de tal realidade, com vistas a compreensão para o desenvolvimento de estratégias de educação em saúde eficientes na prevenção de agravos à saúde no âmbito domiciliar. |
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METODOLOGIA:
A pesquisa com abordagem qualitativa foi desenvolvida junto a 20 famílias carentes no ambito domiciliar, residentes no bairro Serrinha, da cidade de Fortaleza-Ceará. Buscou-se a interação com mulheres de cada família, na indagação sobre significados e crenças acerca da alimentação no cotidiano familiar. Os depoimentos foram interpretados a partir do referencial teórico-metodológico do Interacionismo Simbólico, que possui o significado como centro de investigação. A opção pela mulher como objeto do estudo deu-se a partir da compreensão de que esta é o membro da família que gerencia e assume o fazer doméstico, e mesmo diante das dificuldades, busca alternativas e opções alimentares para a família, cujas decisões são tomadas a partir das crenças e significados existentes. A coleta de dados foi realizada nos meses de janeiro a março de 2004, através de entrevista semi-estruturada e observação de campo. Foram seguidas as recomendações conforme preceitos éticos legais da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde referente a pesquisa com seres humanos. Para a analise dos depoimentos, optou -se pela Analise de Discurso recomendada por Bardin (1979), tanto na organização, recortes e agrupamento dos depoimentos que demonstrassem os significados e crenças que cercam a alimentação nas famílias. |
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RESULTADOS:
Das 20 famílias investigadas, constituindo-se de 04 a 07 membros, verificou-se que a maioria possuía renda familiar de até 02 salários mínimos, tendo sido observado difíceis condições de moradia, e de aquisição dos alimentos para uma alimentação mais saudável. Verificou-se a presença das três principais refeições e conhecimento dos grupos alimentares por parte das mulheres investigadas, a necessidade de consumir leite, frutas e legumes. Apesar disso, observou-se o baixo consumo de carnes e de verduras, principalmente por falta de condições financeiras. Pôde-se também verificar que independente da situação financeira, as mulheres fazem opção por alimentos ricos em gordura saturada, seja na aquisição da carne vermelha de gado ou de carneiro, seja na substituição destas ao optarem pela mortandela e lingüiça. No entanto referiram optar pelo frango e ovos em substituição desta, em que demonstraram frustação e insatisfação, a crença da família não ficar bem alimentada. Foi possível compreender que o prazer no consumo da carne vermelha significa ser o principal alimento, por se sentirem mais forte, embora algumas mulheres tenham demonstrado preocupação com os malefíceos. Compreendeu-se ainda a preocupação da falta da alimentação, sendo enfatizado a necessidade de consumir alimentos em quantidade, com a manifestação de satisfação quando sentem a “barriga cheia”. Houve também a apreensão da crença com a qualidade dos alimentos, das opções a partir das condições de aquisição dos mesmos, como também o consumo regular através de horários certos. |
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CONCLUSÕES:
A teoria do Interacionismo Simbólico possibilitou compreender que as mulheres das famílias investigadas fazem as opções alimentares a partir do sentido simbólico e interacional dentro do contexto social e econômico que possuem, em que planejam, dirigem suas ações e conferem os significados, definindo assim a alimentação para a sua família. Portanto, deve-se pensar em desenvolver ações de educação em saúde mais efetivas a partir da interação com as pessoas, levando-se em consideração os valores e crenças das pessoas no contexto familiar. |
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Instituição de fomento: Cnpq | ||
Palavras-chave: Alimentação; Familia; Significado. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |