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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública | ||
CANDIDÍASE ORAL E AIDS | ||
Ana Vanúcia Martins de Carvalho 1 e Francisco Jorge Hilo Amora Sales 1 | ||
(1. Universidade Estadual do Ceará - UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
A cavidade oral aloja uma grande variedade de microorganismos que são repetidamente introduzidos e removidos deste sistema, somente se estabelecem microorganismos que possuem capacidade de aderência às superfícies da cavidade oral ou que de alguma outra maneira, fiquem retidos. A compatibilidade de coexistência dessa população microbiana com a saúde individual decorre do desenvolvimento, desde o nascimento, através de mecanismos imunológicos, de um processo de adaptação e readaptação contínuas, graças ao que se estabelece um vínculo biológico entre o organismo e os microorganismos que ele costuma abrigar. Calcula-se que aproximadamente em 60% ou mais dos indivíduos sadios se pode isolar Candida. Muitas das manifestações da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) ocorrem primeiramente na boca; deve o profissional da Odontologia estar preparado para identificá-las e fazendo parte de uma equipe multidisciplinar, tratar o paciente, pois é necessário adequar suas condições de saúde bucal melhorando a eficiência mastigatória, contribuindo para uma melhor qualidade de vida. A AIDS é uma infecção viral crônica, persistente e causada por um retrovírus RNA com pelo menos oito subtipos já identificados, que infecta principalmente linfócitos T CD4 levando a uma redução progressiva destes, o que acarreta acentuada imunodeficiência e uma série de infecções oportunistas graves. |
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METODOLOGIA:
Realizou-se uma pesquisa de campo, baseada na análise de 383 prontuários do Hospital São José (HSJ), em Fortaleza, Ceará. Os prontuários escolhidos deveriam obedecer aos critérios, assim definidos: 1.Ter diagnóstico definitivo de AIDS; 2. Ter, pelo menos, uma internação no ano de 2002; Na ocorrência de mais de uma internação, optou-se pela última internação, pois assim exclui-se variáveis não controláveis; 3. Ter idade igual ou acima de treze anos. Essa idade foi escolhida como limite inferior, baseado na definição do Ministério da Saúde que estabelece essa idade como caso de AIDS em adultos. A análise descritiva foi feita através do teste de associação qui-quadrado entre as variáveis óbito, idade, sexo, uso de antiretrovirais, terapia combinada com uso de inibidor de protease (IP), contagem de células CD4 e tempo de internação. |
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RESULTADOS:
Após a realização dos testes Qui-quadrado verificou-se que a presença/ausência da candidíase oral está associada (diretamente proporcional) à ocorrência de óbito qui-quadrado2= 9,93; p< 0,01 e tempo de internação qui-quadrado2 = 11,8; p<0,02. Que a presença de candidíase oral é inversamente proporcional à contagem de células CD4 qui-quadrado2= 11,46; p< 0,01 e uso prévio de ARV qui-quadrado 2 = 8,42; p<0,01; e por fim, encontrou-se que não existe associação entre a presença/ausência de candidíase oral com idade qui-quadrado2= 4,20; p>0,2, sexo qui-quadrado 2 = 0,06; p>0,8 e terapia combinada com inibidor de protease(IP) qui-quadrado 2 = 0,067; p=0,796. |
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CONCLUSÕES:
As conclusões encontradas são de que a presença/ausência de candidíase oral está diretamente associada à presença de óbito e ao tempo de internação. Em relação à presença de candidíase oral e contagem de células CD4, constatou-se que essa associação era inversamente proporcional. O mesmo se encontrou quando se analisou a presença de candidíase oral e o uso prévio de antiretrovirais. E, por fim, a não existência de associação entre a presença/ausência de candidíase oral e a terapia combinada com inibidor de protease. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Candidíase oral e AIDS; Antiretrovirais; Odontologia eAIDS. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |