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F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Serviço Social - 3. Serviço Social da Educação | ||
A DIMENSÃO EDUCATIVA DO SERVIÇO SOCIAL | ||
Leandro José de Araujo 1 (leandrossocial@yahoo.com.br) | ||
(1. Departamento de Serviço Social da Faculdade de História, Direito e Serviço Social - UNESP/Franca) | ||
INTRODUÇÃO:
O Assistente Social é um educador social. Para se entender melhor está afirmação o presente estudo teve como objetivo identificar e analisar as convergências históricas e teóricas entre Serviço Social e Educação. As primeiras referem-se ao movimento da realidade histórica brasileira e suas expressões ideológicas que configuram os perfis pedagógicos da prática profissional. As segundas são trabalhadas a partir do estudo das visões sociais de mundo atreladas à prática profissional, pois a dimensão educativa do Serviço Social tem como característica organizar determinadas culturas organicamente articuladas a uma visão social de mundo seja ela na perspectiva ideológica ou utópica. Visão social de mundo refere-se a um conjunto orgânico, articulado e estruturado de valores, representações, idéias e orientações cognitivas, internamente unificadas por uma perspectiva determinada de um ponto de vista socialmente condicionado. Ideologia e utopia constituem contrários de um movimento dialético no qual visão social de mundo representa sua base comum, ou seja, visão social de mundo é a unidade dos contrários ideologia e utopia. Portanto, a presente pesquisa configura-se como relevante instrumento teórico para compreensão do perfil pedagógico dos Assistentes Sociais e de como este se desenvolveu historicamente, contribuindo, sobretudo, para o entendimento da atuação educativa profissional. |
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METODOLOGIA:
A base metodológica investigativa e analítica do presente trabalho deu-se por dois principais momentos: 1) Interlocução entre a história e teoria do Serviço Social e da Educação. Este momento consiste no estudo do contexto social, político e ideológico da sociedade brasileira da década de 60, analisando os antecedentes do golpe militar de 1964 até o processo de transição democrática. Este momento possibilitou a identificação das convergências históricas entre Serviço Social, analisando também suas as relações teóricas, pois estas são construídas dialeticamente a partir do próprio contexto histórico, ou seja, as singularidades teóricas estão inseridas num complexo de relações contraditórias existentes na realidade histórica universal. Identificadas estas duas convergências foi realizada uma análise de como as teorias atuais de configuram e se relacionam; 2) Interlocução entre profissionais do Serviço Social e da Educação. Esta se desenvolveu a partir de entrevistas semi-estruturadas com professores universitários e profissionais ligados à prática de ambas profissões. O roteiro baseou-se no entendimento que cada profissional possui sobre as relações entre uma área de conhecimento e outra. |
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RESULTADOS:
As convergências históricas objetivam-se sob a forma de uma função pedagógica assumida pelos Assistentes Sociais em sua história profissional. O primeiro perfil refere-se ao surgimento da profissão. Classificado como pedagogia da “ajuda” baseia-se na visão psicologizada da questão social, atuando na perspectiva de uma reforma moral. O segundo surge com as experiências do Desenvolvimento de Comunidade e é denominado de pedagogia da “participação”. Com bases na teoria modernizadora, este perfil redimensiona a “ajuda” para a “auto-ajuda” e para “ajuda-mútua”. O terceiro tem início na década de 70 e é consolidado nos anos 80. Articulado ao projeto ético-político da profissão este perfil refere-se à construção de uma nova pedagogia emancipatória das classes sociais dominadas, apresentando-se como uma alternativa ao trabalho tradicional conservador. As convergências teóricas se expressam através da função ideológica ou utópica do Serviço Social vinculada a uma visão social de mundo. Esta função se objetiva pela dimensão educativa sistemática e/ou assistemática das ações profissionais, que produzem efeitos no modo de pensar e agir dos sujeitos envolvidos na prática profissional e estão inscritas no processo de organização política destes sujeitos. A política, portanto, é o campo pelo qual uma visão social de mundo se manifesta objetivamente, estão organicamente ligadas formando a práxis. |
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CONCLUSÕES:
As análises do processo histórico e teórico forjam a base da principal convergência entre Serviço Social e Educação: a política. Esta dimensão esta imbricada nas relações contraditórias de poder na sociedade. Dentro das ações políticas existem duas principais perspectivas: da força e do consentimento. Os Assistentes Sociais localizam-se na segunda perspectiva. É preciso observar que a prática política configura-se diretamente numa relação entre antagônicos, enquanto a educativa se trava entre não-antagônicos. Na primeira defrontam-se interesses e perspectivas mutuamente excludentes, com o objetivo de vencer e não convencer. Na educação o objetivo é convencer. No entanto, toda prática educativa possui uma dimensão política e toda prática política possui uma dimensão educativa. Na educação ao lado do papel técnico de ensinar a ler, escrever e pesquisar, o educador tem o papel político de organizar, de mobilizar para a participação. No mesmo sentido, ao lado do papel da assistência material o Serviço Social tem a função pedagógica de capacitar, mobilizar para participação popular. É o papel político da educação que converge e define as ações pedagógicas do Serviço Social. É por esta função da educação que o assistente social objetiva seu papel educativo orientado por uma visão social de mundo. Portanto, Serviço Social não se confunde com educação, Serviço Social e Educação não são os mesmos que política, mas a dimensão política de ambos é a expressão máxima dessa relação. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Serviço Social; Teoria da Educação; Política. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |