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F. Ciências Sociais Aplicadas - 9. Comunicação - 2. Comunicação e Educação
EDUCAÇÃO, ESCOLA E PROFESSOR NA IMPRENSA
Aline Wendpap Nunes de Siqueira 2 (alinewendpap@yahoo.com.br), Gislaine Santiago da Silva 2, Maria Augusta Rondas Speller 1 e Rafael Rodrigues Lourenço Marques 2
(1. Instituto de Educação, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT; 2. Departamento de Comunicação Social, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT)
INTRODUÇÃO:
O subprojeto “Educação, escola e professor na imprensa” ao qual o presente trabalho se refere, está ligado ao projeto “Docência e Memória: a Psicanálise escuta professoras e aspirantes a professoras”, sobre formação de professores do Instituto de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso, que investiga como as professoras e aspirantes a sê-lo, alunas de Pedagogia, concebem a profissão, o desempenho profissional, a educação, a escola. Como o objeto de estudo era seus discursos sobre si, sobre a escola, sobre educação e sobre ser professora, o subprojeto objetivou pesquisar - dada a importância da imprensa como formadora de opinião, considerada, por muitos, até mesmo como o maior agente pedagógico contemporâneo -, junto à imprensa local e regional, a visão midiática sobre esses mesmos temas - escola, educação e professor, comparando o veiculado no discurso da imprensa com o discurso das professoras e aspirantes a sê-lo tal qual pesquisado no projeto maior. Os meios de comunicação de massa - MCMs - estão presentes dos grandes centros às periferias. Assim, participam da construção do presente em que vivemos ao atuarem diretamente em nosso cotidiano, ora sobre o consciente, ora sobre o inconsciente, forjando realidades e subjetividades. Os MCMs dão margem ao surgimento de valores culturais e de outras possibilidades de leitura dos acontecimentos contribuindo e interferindo, conseqüentemente, em nosso modo de pensar e opinar sobre os fatos.
METODOLOGIA:
Foram pesquisados três jornais locais - A Gazeta, Diário de Cuiabá e Folha do Estado - e um de circulação nacional - Folha de São Paulo -. Nos jornais locais, delimitou-se a pesquisa aos publicados em três anos: 2002, 2003 e 2004; no jornal nacional, um ano: de junho de 2004 a junho de 2005. Como nem todas as matérias dos jornais locais são publicadas na internet, a pesquisa foi desenvolvida primeiramente junto aos arquivos, com o seguinte procedimento: os jornais eram lidos, transcrevendo-se trechos relevantes, fazendo-se comentários pertinentes aos interesses da pesquisa. Depois, as mesmas matérias eram pesquisadas na internet e arquivadas no computador. O jornal Folha de São Paulo foi pesquisado somente via internet, porque sai na íntegra. A partir do material coletado, construíram-se categorias conforme os assuntos das matérias, quantificando-as e agrupando-as para posterior análise e comparação com o discurso das alunas. As categorias dos jornais locais foram: auto-estima; capacitação; criança, sociedade e cidadania; cultura e arte; educação e tecnologia; evasão; governo e educação; greves; importância da educação; mídia e educação; minorias; novas visões da escola; perfil e subjetividade das professoras; situação das escolas; teorias em educação; violência e drogas. Na análise da Folha de São Paulo mantiveram-se algumas categorias e novas foram criadas: alfabetização; cultura, arte e lazer; família; verbas e educação.
RESULTADOS:
Os resultados da pesquisa nos jornais locais indicam a grande incidência de matérias sobre greves e manifestações contrárias ao governo, seguidas pelas que tratam de capacitação de professores. Outros temas como: auto-estima, cultura e arte, evasão, importância da educação, mídia e educação, minorias, novas visões de escola, perfil e subjetividade dos professores, violência e drogas, também foram freqüentes, mas não tanto como as duas acima referidas. Observou-se que a imprensa retrata os professores como desqualificados e desinteressados em melhorar a educação. Eles só saem na capa dos jornais quando o assunto é greve. Notícias de muito interesse para a educação ficam em pequenas notinhas no jornal. Muitas matérias refletem interesse propagandístico do governo. Em sua maioria as matérias jornalísticas referentes aos temas pesquisados transmitem idealizações. Há ausência de matérias assinadas por especialistas. Os professores não têm voz nos jornais. Há pouco conteúdo tratando a realidade regional. No jornal nacional os cadernos que mais tratam dos temas pesquisados são: Cotidiano, Equilíbrio, Ilustrada. Há poucas matérias em Opinião e Acontece. Diferentemente dos jornais locais, a Folha de São Paulo não fala muito sobre capacitação. Não deixa de publicar notícias sobre medidas do governo federal, mas o conteúdo é crítico e não propagandístico. Há articulistas de renome, num jornal que se importa com debates e discussões, instigando seus leitores a pensarem e serem críticos.
CONCLUSÕES:
A imprensa local está sempre se esquivando da responsabilidade para com a educação, uma vez que, quando noticiados, os assuntos pertinentes à educação merecem apenas análises superficiais, de caráter panfletário e repetitivo. O discurso das alunas de Pedagogia retrata uma realidade distinta ao da imprensa, por exemplo, quanto aos cursos de capacitação as professoras afirmam que não têm muita conexão com a realidade enfrentada por elas. Apesar de quererem muito o apoio para melhor exercerem sua profissão - cheia de conflitos e problemas -, achando poder encontrá-lo num saber oferecido em cursos, acabam se decepcionando e ficando somente com a vantagem monetária. O discurso produzido pelos jornais locais, pelo menos no que tange à educação, é um discurso empobrecedor, que não favorece a problematização mais rica e criativa. Dado seu papel de suma importância, inclusive como formadora de opiniões e subjetividades, o que se constata, em nível local, é que os jornais são pobres veículos para a construção da cidadania crítica e de uma educação que apóie a população neste sentido.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Imprensa; Professores; Educação.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005