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C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica | ||
BIODIVERSIDADE E COMERCIALIZAÇÃO DA FLORA MEDICINAL NO MUNICÍPIO DE SOBRAL, CE | ||
Aleandra Mara Furtado 1 (aleandra.mara@bol.com.br), Francisco Ancelmo Barboza Melo 1, Samuel Victor da Silva Portela 1, Francisca das Chagas de Sousa Alves 1, Maria Luciana Ponte Parente 1, Rafaele Aragão dos Santos 1, Kátia Maria da Silva Parente 1 e Euclides Parente Gomes Filho 1 | ||
(1. Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA) | ||
INTRODUÇÃO:
Plantas Medicinais são aquelas que tem uma história de uso tradicional como agente terapêutico (ELIZABETSKY, 1997). Além disso, se constituem em uma alternativa barata e de fácil obtenção, porque podem ser encontradas até mesmo nas vizinhanças de casas. Muitas plantas já tiveram sua eficácia comprovada pelos cientistas. A utilização de espécies vegetais para uso medicinal vem se intensificando, pelos diferentes significados que estas plantas assumem em nossa sociedade como um recurso biológico cultural, possível fonte de recursos financeiros, através de sua comercialização e como acesso primário à saúde para muitas comunidades. O uso de plantas medicinais nos programas de atenção primária de saúde pode se constituir numa forma muito útil de alternativa terapêutica, por sua eficácia aliada a um baixo custo operacional, dada a relativa facilidade para aquisição das plantas e compatibilidade cultural com a população atendida. A adoção desse recurso é especialmente útil no atendimento às comunidades onde a assistência médico-farmacêutica tenha-se mostrado difícil. O presente estudo visa identificar plantas utilizadas na medicina popular e que são comercializadas no município de Sobral, CE, com ênfase especial àquelas comprovadamente tóxicas. |
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METODOLOGIA:
O estudo apresenta uma abordagem quantitativa, uma vez que os dados obtidos são expressos em números percentuais. Foram aplicados no mercado Central do município de Sobral, CE, 25 (vinte e cinco) questionários para os dois segmentos envolvidos na comercialização de plantas medicinais: todos os vendedores, mais conhecidos como raizeiros, em um total de 10 (dez) e todos os 15 (quinze) compradores que adquiriram plantas medicinais no decorrer da pesquisa. Os questionários aplicados para os raizeiros eram constituídos de perguntas objetivas e subjetivas, as quais analisavam o sexo, a idade, o grau de escolaridade, o meio de acesso ao conhecimento fitoterápico, tempo de comercialização no local, motivo pelo qual atua na área da fitoterapia, venda única de plantas medicinais, espécies e partes vegetais mais vendidas, finalidade de uso e a forma de preparo. Os questionários aplicados para os compradores também eram constituídos de perguntas objetivas e subjetivas, as quais analisavam o sexo, a idade, o valor médio por compra, freqüência das compras, solicitação de informações sobre o uso terapêutico das plantas ao raizeiro, espécies e partes das plantas preferidas para a compra, finalidade de uso e o modo de preparo. |
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RESULTADOS:
Os vendedores eram do sexo masculino (80%), com faixa etária entre 28 e 68 anos, possuiam como nível de escolaridade o ensino fundamental incompleto (50%), tiveram acesso ao conhecimento fitoterápico com familiares (40%) e comercializavam no mercado central em média de 10 a 47 anos. Os entrevistados afirmaram (20%) que atuam na área fitoterápica devido à facilidade de armazenamento das ervas e praticidade de manejo. Os vendedores (70%), comercializavam apenas plantas medicinais e vendiam todas as partes das plantas. Os compradores (53,33%), eram do sexo masculino e com faixa etária entre 21 e 72 anos. O valor médio por compra variou entre R$1,00 e 3,00 (53,33%). A freqüência da compra para 46,66% dos entrevistados era uma vez por semana. Foi constatado que 53,33% dos compradores não solicitavam informações sobre o uso terapêutico das plantas.O mesmo percentual foi verificado para a parte ou produto mais comprado. Foram encontradas 77 diferentes plantas e 46 famílias botânicas. Dentre estas destacaram-se: Fabacea (9,5%), Labiatae e Leguminosae Caesalpinioidea (com 5,4%, cada uma respectivamente). Das plantas medicinais comercializadas detectou-se que 27,3% são tóxicas. Destas, apenas 23,8% são vendidas e compradas: Alfazema (Lavandula officinalis L.), Cabacinha (Luffa operculata Cogn.), Mastruz (Chenopodium ambrosioides L.), Quebra-pedra (Phyllantus amarius Schum et Torn.) e Urucum (Bixa orellana L.). O mastruz destacou-se por apresentar preferência em 13,6% dos casos. |
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CONCLUSÕES:
Diante dos resultados obtidos, a região Norte do Estado do Ceará, especificamente o município de Sobral revelou uma grande diversidade de espécies medicinais. O conhecimento tradicional da população investigada ao longo do convívio familiar, provavelmente através da experimentação. Das plantas medicinais comercializadas no mercado de Sobral, apenas uma minoria são tóxicas, evidenciando uma provável conscientização da comunidade em que diz respeito ao cuidado na compra fitoterápica. Embora se tratando de produtos naturais também necessitam ser analisados cientificamente para o seu uso correto. |
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Instituição de fomento: Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA | ||
Palavras-chave: Medicina popular; Comercialização fitoterápica; Plantas medicinais tóxicas. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |