IMPRIMIR VOLTAR
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
EFEITO VASORELAXANTE DO 1,8-CINEOL EM AORTA DE RATO IN VITRO
Márcio Vasconcelos dos Santos 1 (vsmarcio@click21.com.br), Adriana Maria Gurgel da Costa 1, Pedro Thiago Tibúrcio da Frota 1, Lívia Noronha Coelho de Souza 1, Teresinha Silva de Brito 1, José Henrique Leal Cardoso 2 e Pedro Jorge Caldas Magalhães 1
(1. Depto. de Fisiologia e Farmacologia, Faculdade de Medicina, UFC; 2. Instituto de Ciencias Biomedicas, UECE)
INTRODUÇÃO:
O 1,8-cineol, também conhecido como eucaliptol, é uma substância natural produzida pelo metabolismo secundário de várias plantas, sendo encontrado em óleos essenciais obtidos das folhas de várias espécies de Eucalyptus spp. Esse composto possui diversas aplicações terapêuticas como no tratamento de reumatismo, tosse e asma brônquica. Possui efeito germicida útil na pediculose. O 1,8-cineol apresenta atividade relaxante da musculatura lisa do intestino e das vias respiratórias. Recentemente, nosso grupo de pesquisa relatou uma ação hipotensora do 1,8-cineol, provavelmente relacionada a uma ação vasorelaxante, quando administrado por via endovenosa (Can. J. Phisiol. Pharmacol. 80(12): 1125-31, 2002). Nosso objetivo foi caracterizar o efeito vasorelaxante do 1,8-cineol em aorta de rato in vitro.
METODOLOGIA:
Utilizamos ratos machos, sacrificados por deslocamento cervical. A aorta foi retirada, limpa de seus tecidos conjuntivos adjacentes e cortada em segmentos cilíndricos de aproximadamente 1 cm de comprimento. Estes foram mantidos em solução fisiológica de Tyrode normal, pH 7.4, a 37 ºC e aerada, simulando as condições fisiológicas. As contrações e os relaxamentos foram registrados através de transdutores de força conectados a sistema computadorizado (Dataq, PM-1000, EUA). A tensão aplicada ao tecido foi de 1g. Após o período de equilíbrio (30 min), a preparação foi contraída com solução despolarizante, contendo 60 mM de K+, na ausência ou na presença de glibenclamida (3 microM), um bloqueador de canais de K+ ativados por ATP. Ao atingir o platô, o 1,8-cineol foi adicionado à solução em concentrações crescentes (1 a 600 microg/mL). Em um segundo protocolo, a preparação foi contraída com noradrenalina (1 microM), substância agonista dos receptores adrenérgicos. Após atingir o platô, o 1,8-cineol foi adicionado nas mesmas concentrações do primeiro protocolo.
RESULTADOS:
O 1,8-cineol produziu relaxamento da contratura induzida por 60 mM de K+, de maneira dependente de concentração (p < 0,001, ANOVA). A concentração inibitória capaz de produzir 50 % do efeito (CI50) foi de 170,1 [136,5 – 212,1] microg/ml (n = 7). O efeito foi significativo a partir de 100 microg/mL (p < 0,05, Dunnett). Na presença de glibenclamida, não houve alteração significativa do valor da CI50, que correspondeu a 194,5 [87,6 – 431,9] microg/mL (p > 0,05, teste “t” não pareado, n = 6). Na mesma faixa de concentração, o 1,8-cineol não foi capaz de relaxar a contração mantida da noradrenalina (n = 9).
CONCLUSÕES:
O 1,8-cineol relaxa as contrações induzidas pela despolarização provocada por alta concentração de K+ e não tem efeito, na mesma faixa de concentração, na contração induzida pela ativação dos receptores adrenérgicos. O efeito vasorelaxante do 1,8-cineol não envolve a abertura de canais de K+ ativados por ATP.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  1,8-cineol; eucalipto; músculo liso.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005