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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 4. Enfermagem Obstétrica | ||
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À PUÉRPERA COM HIV. | ||
Hérica Cristina Alves de Vasconcelos 1 (hekinha@hotmail.com), Niciane Bandeira Pessoa Marinho 1, Suyanne Freire de Macêdo 1 e Marli Teresinha Gimenez Galvão 1 | ||
(1. Depto. de Enfermagem, Universidade Federal do Ceará - UFC.) | ||
INTRODUÇÃO:
Há mais de duas décadas o mundo convive com a epidemia de AIDS, caracterizada por ter sido a mais séria e devastadora do final do século XX. A cada dia esta doença desenvolve-se de forma assustadora entre indivíduos do sexo feminino e em plena atividade reprodutiva. Associado ao aumento de casos de AIDS entre mulheres, as crianças vêm constituindo um grupo de risco crescente para a infecção pelo HIV, com nítidos aumentos da incidência de crianças nascidas já infectadas. A incidência do risco da transmissão vertical (TV) do HIV da mãe para o filho é preocupante e requer atenção especial, principalmente tratando-se de gestante, por estar também colocando em risco o bem-estar do feto e da família. Pesquisas indicam que o uso do AZT (Zidovudina), medicamento indispensável durante a gestação, trabalho de parto e parto e nos recém-nascidos logo após o nascimento, além da contra-indicação do aleitamento materno tem demonstrado redução significativa da TV. Com essas medidas para interceptar a TV, outros cuidados também são importantes no âmbito da assistência hospitalar garantindo qualidade do atendimento da mulher e da criança com HIV. Com base nesses fundamentos considera-se fundamental que a mulher com HIV na gestação receba atendimento humanizado e tecnicamente correto. Neste ínterim, visando um atendimento global e tecnicamente correto, desenvolveu-se o presente estudo com objetivos de: Identificar os diagnósticos e indicar intervenções de Enfermagem à puérpera com HIV. |
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METODOLOGIA:
Trata-se de uma pesquisa convergente assistencial (PCA) do tipo qualitativa. Este tipo de investigação articula o exercício profissional ou acadêmico com o conhecimento teórico, e formulam temas de investigação a partir da necessidade emergida do contexto da prática. Assim, apresenta-se um caso de atendimento de uma puérpera com HIV realizado em uma maternidade pública de Fortaleza-CE, ocorrido durante estágio curricular da graduação de Enfermagem, em outubro de 2004, através do qual problematizou a situação. Foram estabelecidos critérios para um atendimento humanizado e realizadas intervenções pertinentes. O estudo envolveu assistência a uma puérpera portadora de HIV submetida a parto operatório, primípara, 25 anos de idade, com nível elementar de educação. À participante, foi garantido o respeito à autonomia, o anonimato e a confidencialidade das informações. Os dados obtidos para desencadear a assistência do caso foram coletados através de um roteiro de entrevista semi-estruturado desencadeado durante a interação profissional-puérpera, do prontuário hospitalar e do impresso diário da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). Todas as informações foram agregadas e atribuídos diagnósticos de Enfermagem propostos pela North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) os quais subsidiaram as intervenções de enfermagem, levando-se em consideração o cuidado integral e humanizado, bem como a biossegurança profissional. |
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RESULTADOS:
Os principais diagnósticos de Enfermagem atribuídos foram: (1) Amamentação Interrompida relacionada à contra-indicação secundária à presença do HIV; (2) Risco para Infecção relacionado à maior suscetibilidade secundária ao comprometimento do sistema imunológico; (3) Risco para Transmissão de Infecção relacionado à natureza contagiosa do sangue e das excreções orgânicas. Com base nos diagnósticos identificados foram estabelecidos as seguintes intervenções: Inibir a lactação da puérpera logo após o parto através da compressão das mamas com atadura crepe; Orientar quanto à obtenção, preparo e uso da fórmula infantil a ser oferecida ao RN; Inspecionar a ferida cirúrgica, identificando precocemente qualquer complicação infecciosa; Orientar sobre como fazer a higiene perineal, a vigilância dos lóquios; Orientar procurar orientação médica, caso apresente sinais locais de infecção ou febre durante o puerpério; Informar a mulher sobre os riscos de transmissão do HIV através da amamentação; Orientar quanto ao uso de preservativo masculino ou feminino em todas as relações sexuais para prevenção das DST e reinfecção pelo HIV; Agendar retorno de mãe e filho para seguimento de serviço especializado com objetivo de dar continuidade ao tratamento. |
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CONCLUSÕES:
Conclui-se que o estudo em questão possibilitou o ensino e a organização do cuidado de Enfermagem visando estabelecer um cuidado humanizado vislumbrando a redução da TV. Nesse contexto, os planos de cuidados oportunizados diante de casos raros, formalizam a organização e individualização do cuidado de enfermagem. Os diagnósticos de Enfermagem são uma forma de registrar as necessidades de cuidados de quem cuidamos e que necessitam de uma atenção especial, principalmente o portador de HIV muitas vezes vítima de preconceitos. De uma maneira geral, a associação do HIV com a gestação/puerpério é considerada uma condição de alto risco, entretanto deve ser tratada com atenção especial. Considera-se que através da Sistematização da Assistência de Enfermagem tem-se uma abordagem adequada e completa à puérpera com HIV e, é possível reforçar orientações acerca da redução dos riscos materno-infantis, da transmissão vertical do HIV, das infecções oportunistas e das reinfecções pelo vírus, bem como da necessidade de acompanhamento especializado. |
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Instituição de fomento: CNPq | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: transmissão vertical; puérpera; HIV. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |