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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva | ||
RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE NA INTERFACE DE FARMÁCIAS DE MANIPULAÇÃO EM FORTALEZA-CE | ||
Artuzinda Silva de Serpa 1, 2 (artuzinda@yahoo.com.br), Déa de Lima Vidal 1, 2 e Jocélia Abreu Juaçaba 1, 2 | ||
(1. Mestrado Profissional em Vigilância Sanitária, CCS, Universidade Estadual do Ceará - UECE; 2. Laboratório de Estudos em Sistemas Semi-Áridos (LESISA), FAVET - UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
O Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (GRSS) reúne procedimentos com base científico-técnica para minimizar produção de resíduos e proporcionar aos gerados, encaminhamento seguro e eficiente, ademais de visar proteção aos trabalhadores, preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. O GRSS praticado deve abranger o planejamento de recursos físicos e capacitação de recursos humanos envolvidos baseado nas características e no volume dos resíduos gerados objetivando criar diretrizes para o destino final. Para contextualizar esta prática salienta-se a tomada de consciência das ameaças aos recursos naturais pelo seu uso desenfreado, ameaçando a segurança da vida na Terra e, constituindo assim um alerta à sociedade contemporânea. A tecnologia moderna permitiu a um número limitado de sociedades o experimento da abundância sem precedentes, configurando a crise do meio ambiente, que mostra o fato de se estar com pouca possibilidade de armazenagem de dejetos e resíduos no planeta. Segundo relatórios de estudos ambientalistas, a relação sociedade-cultura e consumo está em profundo conflito. Neste estudo, analisa-se a prática do direcionamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) através da aplicação do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) em Farmácias de Manipulação de Fortaleza, permitindo constatar sua adequação ou não ao Regulamento-RDC Nº 306 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária de 07 de dezembro de 2004. |
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METODOLOGIA:
Aplicou-se questionário direto a 60,5% (n=26) das Farmácias de Manipulação (F) existentes na capital. Estas foram outadas aleatoriamente. O questionário estava baseado no marco regulatório em vigor acima citado e, abrangia os seguintes aspectos: tipo de preparação manipulada, presença completa, em implantação ou ausência do PGRSS, coleta de RSS, responsável pelo PGRSS e tipo de documentação de riscos causados pelos RSS. Foram estudadas e descritas as características gerais das F em um primeiro momento. Para a classificação das F em grupo(s) de análise (G), foi usado como critério principal, mas não excludente para as outras questões relacionados no questionário, a presença completa do PGRSS (Grupo Sim-GS), PGRSS em implantação (Grupo em Implantação-GI), ausência do PGRSS (Grupo que não está implantando o Plano-GN) e F que não responderam somente o tópico relativo à presença do PGRSS, respondendo as outras questões do questionário (Grupo com resposta em branco sobre o Plano, porém com respostas preenchidas na maioria das questões-GIN). Posteriormente analisaram-se intergrupalmente aspectos e variáveis relacionadas, onde se observaram os comportamentos em relação ao PGRSS. |
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RESULTADOS:
A análise dos dados obtidos revela que todos os estabelecimentos estudados dispõem de profissional farmacêutico para gerenciar o PGRSS. A constituição dos grupos mostrou o seguinte perfil: 11 F estão no GS, 10 F no GN, 4 F no GI e 1 F no GIN. Das 26 F analisadas, 23 realizam coleta de RSS (concentradas no GS) e dentro destas 13 fazem a coleta seletiva (F1,2,6,13,14,15,17,18,19,21,22,24,25 e 26). Os GS, GN e GI manipulam fórmulas alopáticas, fitoterápicas e homeopáticas e o GIN apresenta fórmula estéril. Todos os G apresentam formas semi-sólidas, sólidas e líquido-orais; 2 se diferenciam com líquidos tópicos (GS, GN), o GS apresenta inalante e apenas a F26 do GIN trabalha ademais com injetável. 2 grupos reciclam papel, plástico e vidro (GS, GN), o GIN recicla recipientes e, o GI não respondeu. 2 G não possuem programa de doação para material reciclado (GN,GIN), o GI não respondeu e, o GS não tem programa para doações (com exceção da F24). Ademais, os GS e GN não fazem registro de doações e, os GI e GIN não responderam. Quanto aos resíduos, 12 F declararam trabalhar com os do tipo B e D (F 1,2,5,15,19,20,21 e 24-GS e F 4,9,10 e 11-GN), a F17 do GN declarou que possuía "lixo hospitalar", os GN e GI não responderam e, o GIN gera resíduos tipo B. Os documentos de cuidados de descarte e manuseio destas substâncias (resíduos do tipo B), ainda estavam em fase de conclusão nas F1-GS,F6-GN,F1-GI; não responderam nas F4-GS,F3-GN,F3-GI,F26-GIN e haviam concluído nas F6-GS,F1-GN. |
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CONCLUSÕES:
A análise realizada em 60% das Farmácias de Manipulação em Fortaleza, buscou a existência de conformidades e/ou discrepâncias com aspectos inerentes à RDC de Nº33 de 25 de fevereiro de 2003 (revogada pela RDC de Nº306 de 07 de dezembro de 2004). Observa-se que todos os Grupos de Farmácias de Manipulação estudados trabalham diversidade de fórmulas e formas manipuladas magistrais e/ou oficinais e estão gerando constantemente os RSS. Apenas o Grupo de Farmácias com ausência de aplicação do PGRSS possui lixo hospitalar, evidenciando o desconhecimento do regulamento normativo. Este levantamento poderá ser de utilidade para estes estabelecimentos, já que existe um prazo para adequação dos mesmos a esta nova realidade (180 dias após a RDC Nº306). A partir da compreensão de que toda a população necessita de um ambiente saudável e, que normas de biossegurança, devem ser implementadas por todos os setores sociais responsáveis pela saúde, entende-se a necessidade de gerenciar corretamente os Resíduos de Serviços de Saúde, já que, como diretriz, deve ser cumprida, pois os benefícios à saúde pública e ao meio ambiente são pontos inquestionáveis. |
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Palavras-chave: resíduos de serviços de saúde; farmácias de manipulação; vigilância sanitária. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |