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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PARTICULAR DE FORTALEZA
Ilana Nogueira Bezerra 3 (ilana@secrel.com.br), Patrícia Teixeira Limaverde 5, Helena Alves de Carvalho Sampaio 1, Maria Olganê Dantas Sabry 2 e Nádia Tavares Soares 4
(1. Prof. Dr. do Curso de Nutrição da Universidade Estadual do Ceará - UECE; 2. Prof. Ms. do Curso de Nutrição da Universidade Estadual do Ceará - UECE; 3. Curso de Nutrição da Universidade Estadual do Ceará - UECE; 4. Prof. Ms. Curso de Nutrição da Universidade Estadual do Ceará - UECE(doutoranda); 5. Instituto Superior Ciências Biomédicas da Universidade Estadual do Ceará -UECE)
INTRODUÇÃO:
A hipertensão arterial sistêmica é uma doença definida pela persistência de níveis de pressão arterial (PA) acima de valores arbitrariamente definidos como limites de normalidade (Oliveira et. al., 1999). Vários estudos têm encontrado uma significativa correlação entre PA elevada em crianças e adolescentes e hipertensão na idade adulta (Selvan & Kurpad, 2004). Apesar da hipertensão essencial em crianças não se apresentar como fator de risco para eventos cardiovasculares na infância, pode-se observar alterações cardiovasculares nesses indivíduos a partir da segunda década de vida ou mesmo mais precocemente (Daniels, 2002). Apesar das evidências, a aferição da PA nas crianças e adolescentes, na prática médica, geralmente é protelada pelos examinadores, fato que impede a detecção precoce do problema e sua subseqüente abordagem terapêutica (Oliveira et al., 2004). A identificação desses fatores de risco propicia uma oportunidade para que se possa intervir o mais precocemente possível em uma seqüência de eventos sabidamente associados com significativa morbidade e mortalidade em adultos. Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivo investigar a prevalência de hipertensão em crianças e adolescentes de uma escola particular de Fortaleza. O estudo integra a pesquisa Predição de risco para doenças cardiovasculares em escolares, realizada em uma escola particular do Bairro Serrinha com alunos do ensino fundamental e médio.
METODOLOGIA:
A escola possuía 951 alunos e, para determinação do número de sujeitos a investigar, foi aplicada a fórmula de cálculo de amostra para população finita, assumindo-se a presença de 25% de excesso de peso, variável esta selecionada como uma das principais envolvidas em fator de risco cardiovascular, chegando-se a 216 alunos, sorteados proporcionalmente à sua distribuição nas diferentes séries de ensino. A medida da PA foi realizada pelo método auscultatório indireto, utilizando esfigmomanômetro de mercúrio, estetoscópio clínico e manguito de tamanho adequado à circunferência do braço dos alunos. As medidas foram realizadas por um auxiliar de enfermagem, seguindo procedimentos rigorosamente normatizados e constantes nas IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2002). A aferição foi realizada após cinco minutos de repouso e relaxamento, fazendo duas medidas em cada braço com intervalos de um minuto. A PA considerada foi a primeira medida obtida no braço de maior pressão, sendo interpretada como elevada quando a medida da PA sistólica e/ou diastólica fosse igual ou superior à encontrada no percentil 95 nas tabelas de referência das citadas diretrizes, para a idade e sexo correspondentes, ajustados para o percentil de estatura do avaliado e foi considerada limítrofe quando entre percentil 90 e 95 das referidas tabelas.
RESULTADOS:
Dentre os 216 escolares sorteados, 190 deles tiveram pressão arterial aferida, pois 16 (7,4%) se recusaram a participar do estudo e/ou permitir obtenção de medidas de altura. Os alunos foram divididos em duas faixas etárias, 6 a 9 anos (crianças) e 10 a 17 anos (adolescentes), seguindo a estratificação etária prevista pela Organização Mundial da Saúde (OMS/OPAS, 1995), constatando-se 42 (22,1%) crianças e 148 (77,9%) adolescentes, o que refletiu a distribuição existente na escola. Quanto ao sexo, foram avaliados 82 (43,2%) meninos e 108 (56,8%) meninas, o que também foi condizente com a distribuição dos alunos na escola. A prevalência de hipertensão foi de 8,4%, sendo maior o percentual encontrado entre os alunos do sexo masculino (11,0%) em comparação com os do feminino (6,5%); 20% dos alunos estavam dentro dos valores considerados limítrofes, havendo 18 (22,0%) meninos e 20 (18,5%) meninas nesta situação. Considerando as faixas etárias, 30 (20,3%) adolescentes e 8 (19,0%) crianças eram limítrofes; 11 (7,4%) adolescentes e 5 (11,9%) crianças eram hipertensos.
CONCLUSÕES:
Os dados indicam valores consideráveis de prevalência de hipertensão, comparáveis a dados encontrados na literatura mundial e nacional, 9,5% e 9,0%, segundo Sorof et al. (2004) e Oliveira et al. (1999), respectivamente. Os alunos do sexo masculino exibiram as maiores alterações de PA. Valores equivalentes à hipertensão arterial foram mais prevalentes entre crianças do que entre adolescentes. Portanto, foi possível demonstrar a importância de se aferir a PA em crianças (principalmente) e adolescentes como parte da rotina de exame físico para prevenir ou detectar precocemente a hipertensão, bem como evitar as co-morbidades associadas, possibilitando uma melhor qualidade de vida na idade adulta.
Instituição de fomento: Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Funcap
Palavras-chave:  hipertensão; crianças e adolescentes; escola.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005