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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
ANÁLISE GEOAMBIENTAL DO LAGO BOM SUCESSO – FASE II
João Batista Pereira Cabral 1 (jbpc@zipmail.com.br), Regina Maria Lopes 1, Sebastião Alves da Silva 2 e João Manuel Ferreira Soares 1
(1. Campus Avançado de Jatai/Universidade Federal de Goiás; 2. Universidade Federal do Paraná)
INTRODUÇÃO:
A construção de lagos em canal fluvial faz com que a velocidade do fluxo que adentra o reservatório por ela formado seja drasticamente reduzida, devido ao aumento da seção transversal corrente. Isto provoca queda acentuada, ou mesmo eliminação, da turbulência do fluxo, reduzindo a capacidade do transporte de sedimentos no rio, provocando a sedimentação da carga em suspensão e de arrasto determinando quase sempre assoreamento. O assoreamento é o principal problema que afeta os lagos implicando na diminuição do volume de água utilizável e reduzindo a quantidade de energia gerada, tendo como causa principal a água da chuva que transporta sedimentos em suspensão ou diluição, e que são retidos através da sedimentação/decantação e pelo atrito com a superfície de fundo. Um dos maiores problemas que a área de drenagem do lago Bom Sucesso enfrenta, refere-se à destruição de sua vegetação típica, substituída por culturas agrícolas, ocasionando a degradação de suas terras e assoreamento do mesmo. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi o de aplicar técnicas e parâmetros sedimentológicos, visando analisar, de forma integrada os processos de assoreamento, procurando determinar as áreas de maior nível de sedimentação, visto as crescentes pressões ambientais que o lago Bom Sucesso vêem sofrendo.
METODOLOGIA:
O lago Bom Sucesso localiza-se, entre as coordenadas de 410000 m a 430000m de latitude Sul e 8031000m a 8062000m de longitude W no município de Jataí-GO. O lago foi construído no ano de 2000, para recreação e lazer, tendo o lago 72 ha de lâmina d'água. Efetuou-se a coleta de sedimentos em 19 pontos do reservatório com amostrador, tipo “draga”, que é lançado aberto, mas ao tocar o fundo do reservatório, aciona um peso piloto, que coleta o material, e com amostrador “CLS” que obtém testemunhos em colunas verticais, através da cravação de um tubo de PVC no fundo do reservatório, sem provocar grandes deformações, segundo técnicas apresentadas por (PONÇANO et al. 1981; LOPES, 1993; SAUNITTI, 2003). O trabalho de cravação dos tubos foi executado por dois mergulhadores que cravavam o tubo de PVC de 50mm no fundo do reservatório. Depois de cravado, o tubo foi fechado ainda no fundo, antes de ser alçado ao barco. Em laboratório foram realizados testes de peneiramento para as partículas que se encontram entre 4,0 e 0,062 mm, distinguindo-se assim sedimentos mais grossos e finos. Os testes de pipetagem, foram feitos obedecendo a tempos estipulados segundo a Lei de Stokes e a metodologia proposta por COIMBRA et al (1999), levando-se em consideração o dimensionamento de partículas entre 0,062 e 0,004 mm de diâmetro As análises estatísticas foram realizadas no software SYSGRAN, conforme a proposta de FOLK e WARD (1957) e KRUMBEIM (1934) e Sysgran 2.4 (1999).
RESULTADOS:
É possível verificar através das médias, obtidas no programa Sysgran, que os dados amostrados entre 4,315ø e 8.181ø, demonstram a existência de três classes de silte, sendo que a maior porcentagem desses materiais encontram-se, junto à área da barragem, diminuindo a porcentagem dos mesmos, quando analisados a jusante. A Classe areia apresenta-se com diâmetro entre 1,385ø a 3.327ø, sendo as amostras classificadas como areia muito fina e areia média, sendo que as mesmas se encontram distribuídas dentro do reservatório, com as menores partículas à jusante, e as maiores à montante. A classe argila apresenta-se sempre como uma classe secundária, na classe silte e areia, enquanto que a classe cascalho apresenta baixos índices. Através do material sedimentado e das descrições das amostras 1 a 8, foi possível verificar, que a cor do material varia entre marrom claro e marron escuro, e possui sedimentos silto-argiloso, possivelmente oriundos da formação Serra Geral e matéria orgânica da antiga planície de inundação, granulação variando entre 1.0 ø e 3.0 ø. Entre os pontos 9 e 14, as espessuras amostradas variaram entre 2 e 12cm, sendo possível verificar a predominância de materiais, com alta esfericidade, subarredondado, com tonalidades variando entre marrom e preto. Entre o ponto 15 e 19, as espessuras amostradas variaram entre 10 e 23cm, com o predomínio de material silte - arenoso, grânulos entre 1.0 ø e 2.0 ø, esfericidade baixa, material subarredondado a subanguloso.
CONCLUSÕES:
Na descrição dos sedimentos de fundo obtidos pelo amostrador “CLS”, verificou-se o predomínio de material silte-argiloso, algumas vezes intercalado com areia fina. O material apresenta-se arredondado e sub-arrendodados, selecionados, esfericidade alta, com predomínio de partículas entre 2,0 ø e 3,0 ø fortemente influenciado pela decomposição do material basáltico, oriundo da Formação Serra Geral que predomina na microbacia hidrográfica. Conforme os mapa de distribuição granulométrica realizados, através dos dados obtidos pelo material coletado com a draga, é possível dividir o lago em 3 compartimentos, sendo o primeiro entre o dique e a ilha do Pequi, apresentando material silte-argiloso intercalado com areia; O segundo, no trecho médio do lago entre a ilha do Pequi e o ancoradouro de embarcação, com predomínio de material silte-argiloso. O terceiro compartimento localiza-se do ancoradouro de embarcação ao final do lago, intercalando material silte-argiloso, areia e cascalho.
Palavras-chave:  Granulometria; Lago Bom Sucesso; Parâmetros Sedimentológicos.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005