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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO E SUA IMPORTÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO AGRONEGÓCIO DA REGIÃO SEMI-ÁRIDA DO NORDESTE BRASILEIRO: O CASO DO PERÍMETRO IRRIGADO DE MORADA NOVA (PIMN) - CEARÁ
Josimeire Barreto de Sousa Rolim 1 (josimeirebarreto@hotmail.com), Daniel de Rodriguez de Carvalho Pinheiro 1, Benedito Neilson Rolim 1 e Josenir Barreto de Sousa 2
(1. Depto. de Geografia, Universidade Estadual do Ceará - UECE; 2. Depto. Química Inorgânica, Universidade Federal do Cerá - UFC)
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa faz parte do projeto “o desenvolvimento social continuado do semi-árido brasileiro”. O objetivo é descrever criticamente a ordenação territorial do Perímetro Irrigado de Morada Nova (PIMN-CE) a partir dos agronegócios da rizicultura e das tecnologias adotadas por esse perímetro de irrigação. É objetivo também, descrever: os sistemas técnicos de instalações; as formas de financiamento e seguro da rizicultura irrigada; as formas de trabalho adotadas pelo perímetro; os processos de: armazenagem e canais de distribuição. O PIMN localiza-se no Vale do Rio Banabuiú, entre os municípios de Morada Nova e Limoeiro do Norte. A rede de irrigação é formada por canais: de adução, primários e parcelares. Encontra-se no PIMN, as estradas: principais, secundárias e de serviços. A problemática da pesquisa, é que as dificuldades enfrentadas pelo pequeno negócio são: financiamento, gerenciamento, comercialização e produção. No PIMN, esses problemas são claros, pois sua economia não avançou até hoje. O gerenciamento, que ficou a cargo do DNOCS, por 10 anos, hoje é realizado pelos irrigantes. A produção é voltada para a rizicultura irrigada e a distribuição dessa produção não se dá de forma intensa. O sucesso do negócio depende de um sistema de distribuição eficiente. Acontece, às vezes de o produtor não se encontrar onde está o consumidor e a ligação entre eles, deve ser feita pelo Canal de Distribuição que é a conexão entre os agentes: produtor e consumidor.
METODOLOGIA:
O procedimento metodológico dessa pesquisa se deu em três etapas: primeiro, foi feita uma pesquisa documental e estatística, com levantamento de obras, dados, documentos oficiais e instituições que atuam na temática do agronegócio como o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e Companhia de Desenvolvimento do São Francisco (CODEVASF), DNOCS e IBGE. Na segunda etapa, fizemos um estudo que levou a escolher os pilares teóricos, que norteiam a compreensão da realidade estudada nessa pesquisa: agricultura irrigada, agronegócio, canais de distribuição e território. Paralelo as duas primeiras etapas, foram feitos estudos de campo, com entrevistas abertas aos irrigantes, funcionários e gerentes do PIMN.
RESULTADOS:
Os resultados indicam que o PIMN precisa evoluir. Os canais de distribuição são ineficientes, sem estrutura, deixando como conseqüência um espaço que podemos considerar pobres e sem grandes movimentações comerciais.Constatou-se que, 94% dos irrigantes possuem financiamento em bancos: Banco do Nordeste do Brasil e Banco do Brasil de Morada Nova e Limoeiro do Norte, só para compras de sementes e agrotóxicos. Com os sistemas técnicos: tecnologias duras (maquinários) e leves (software) ineficazes, esse espaço fica à margem do processo de globalização, com seletividade existente entre os espaços luminosos que são aqueles dotados de técnicas e informações e os opacos são aqueles em que essas características são ausentes. Observou-se que, todos eles, pretendem novos financiamentos. Verificou-se que, 96% deles participam sozinho do processo produtivo, contratando diaristas de forma temporária para ajudá-los, somente no período da colheita do arroz. Quanto à questão educacional, percebeu-se que 19% dos irrigantes são totalmente analfabetos, que não sabem o que é um negócio e nunca calculam seus lucros. Foi averiguado que 96% deles plantam arroz, que é cultura básica do perímetro em foco, porém, 88% desses irrigantes dependem diariamente, da venda do leite e da aposentadoria para sobreviver e que a comercialização, armazenagem, logística e controle da produção ficam a cargo das Cooperativas existentes dentro do perímetro.
CONCLUSÕES:
Chegamos à conclusão que o PIMN representou modernos sistemas técnicos ao ser implantado em 1970, atuando como pólo dinamizador da região. Hoje, porém, a manutenção do perímetro é realizada pelos irrigantes, sem que eles tenham estrutura e estímulo para isso, fazendo com que seus sistemas técnicos estejam sucateados, pois, os investimentos voltados para o PIMN diminuíram desde que o DNOCS saiu da sua administração em 1987. Observou-se que os colonos enfrentam problemas de escolaridade e esse fato é prejudicial para o mundo competitivo de hoje, pois, parte deles não sabe o que um negócio. Nas relações sociais de produção, constatou-se a presença da agricultura familiar e do diarista. Pôde-se perceber que a produtividade, comercialização e produção não têm poder de concorrência devido ao uso de tecnologia ultrapassada. A distribuição da produção faz parte de qualquer negócio e abrange as áreas de markting e logística. No PIMN, os canais de distribuição são ineficientes, deixando como conseqüência um território em exclusão. O uso de técnicas rudimentares, as dificuldades de acesso a seguros, aos créditos bancários para compra de maquinarias, insumos e tecnologias sofisticadas, confirma a seletividade existente na região nordeste e no país hoje. O perímetro passa por profundas e significativas mudanças, ingressando assim num verdadeiro ciclo de desaceleração em seu crescimento. É o começo do declínio da economia agrícola do PIMN.
Instituição de fomento: Funcap - Capes
Palavras-chave:  Canais de distribuição; Agronegócio; Agricultura Irrigada.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005