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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua) | ||
FORMAÇÃO CONTINUADA: COMO TORNÁ-LA UMA VIA DE MÃO DUPLA? | ||
Elsieni Coelho da Silva 1 (elsienicoelho@fafcs.ufu.br) | ||
(1. Depto. de Artes Plásticas, FAFCS, Universidade Federal de Uberlândia - UFU.) | ||
INTRODUÇÃO:
Diante da questão de como tornar a formação continuada uma via de mão dupla, tem-se como objetivo suscitar os desafios do professor universitário, em reconstruir o seu modo de ensinar, procurando compreender o processo de formação do outro e de si mesmo, de educar e se educar, num processo de pesquisa-ação (ELLIOTT, 1998). Nesse caso, foi proposto um curso de formação continuada para professores da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia e colocou-se como condição básica que o mesmo fosse organizado em conjunto com o coordenador da área de Artes Plásticas, também professor do ensino básico. Constituiu como princípio compartilhar os conhecimentos cotidianos experiênciais sobre a prática educativa e utilizou-se como estratégia o processo de avaliação e auto-avaliação. Por experiência entende-se como resultado, não do tempo de trabalho, mas do exercício do professor em observar e avaliar a sua prática cotidiana, acrescida pela busca de fundamentação teórica. Para tanto, a proposta foi apresentada, aprovada e construída diante das necessidades do grupo a partir do eixo planejamento-ação-registro-reflexão, procurando romper com um modelo de treinamento e atualização. O grupo foi motivado por meio de uma exposição visual, escrita e oral do processo de trabalho de cada participantes. Assim, os dados dessa pesquisa ação constituem elementos relevantes na ampliação das proposições e discussões sobre a formação do “professor reflexivo” (SCHÖN, 1992; PIMENTA, 2002). |
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METODOLOGIA:
Tratou-se de uma pesquisa-ação, em que todos se colocaram como sujeitos da formação continuada, numa perspectiva crítica e libertadora pela pesquisa (BARBIER, 2002) e de conhecimento dos problemas que vem circundando suas práticas político-pedagógicas. A pesquisa se constituiu num levantamento de dados e avaliação contínua, ora registrados no diário de campo, denominado ajuda da memória, entregue aos quarenta e cinco participantes efetivos no encontro seguinte, ora gravados em fitas k7, vídeos e instrumentos de avaliação elaborada pela equipe pedagógica vinculada à instituição, na qual ocorreu o curso, no Centro Municipal de Estudos e Projetos Educacionais da Secretaria de Educação, da Prefeitura Municipal de Uberlândia (CEMEPE/ SME/PMU). E ainda, na coletânea de planejamentos de unidade de ensino escolhida para registro, reflexão, relatório e comunicação de resultados pelos professores e propositoras. Esse conjunto de dados foi elaborado e documentado durante o ano de 2004, num curso que totalizou em oitenta horas, sendo quarenta horas divididas em quatro horas mensais e presenciais e quarenta horas de atividades extras, vinculadas a leituras, preparo de relatos de experiência expositivas, demonstrativas e transformadas em vivência pelo grupo em forma de oficina. |
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RESULTADOS:
Superado os desafios de proposição estes foram sendo sobrepostos por outros elucidados pela pesquisa. Assim, o primeiro deles foi o de exercitar a observação e a problematização do próprio direcionamento do curso, além de criar um ambiente favorável para que o professor acredite na importância de cada um, independente de seu estágio de experiência, na formação do outro. O segundo resultou em como desenvolver uma ação para diminuir a ausência de um grupo flutuante de professores. Apesar das justificativas por questões pessoais e/ou pelas condições de trabalho, supõe-se que esse fato está atrelado à falta de motivação do próprio professor em investir numa formação continuada e/ou a não identificação com a proposta de trabalho que exigia, do professor, uma participação ativa e de pesquisador. Já as avaliações feitas pelo grupo efetivo, de quarenta e cinco participantes, apontaram que as ações desenvolvidas desencadearam um processo de troca de experiência, aprendizagem e autoconfiança. Mesmo assim, apesar de todo o grupo ter se comprometido, de modo ativo, a participar da proposta até a exposição escrita e visual resultante da pesquisa, alguns componentes ainda se sentiram inseguros para fazer a exposição oralmente. Dessa forma, se por um lado nos desafiamos, por outro fomos desfiadas diante de atitudes como a de duas professoras, que resolveram expor na sua própria escola ao invés de participar da exposição central como os demais integrantes do grupo. |
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CONCLUSÕES:
Diante do desafio de construir uma prática educativa, em que se propõe trabalhar a partir da indissociabilidade ensino e pesquisa como atitude cotidiana (FREIRE, 1996) e transforma-la em resultados (DEMO, 1998), os fatos que emergiram dessa ação, aqui abordada, nos permitem concluir que: a) Uma prática de “refletir na ação, sobre a ação e sobre a reflexão na ação” (SCHÖN, 1992) só se torna possível a partir da história da formação do sujeito formador, sendo isso o que tornou viável o desenvolvimento dessa proposta. Isso significa que não basta apenas compartilhar de idéias desafiadoras para a reconstrução permanente da prática docente, o propositor precisa incorpora-las no seu modo de ser, e nesse caso, o de se colocar na condição de troca, de aprender fazendo.b) o desafio maior, aqui, não foi estabelecer uma relação de igualdade para a troca de experiência, mas o de desencadear no grupo a confiança disso. c) O exercício constante da observação e da problematização da prática docente contextualizada (ZEICHNER, 1992) se constitui como estratégia fundamental nesse processo que, por um lado, fortalece a autoconfiança dos professores para se tornarem autônomos e transformarem suas práticas e, por outro lado, redimensiona a prática do formador. d) O que não é fácil, tendo em vista que esses princípios remontam outras propostas antigas, entretanto, ela é bastante desafiadora diante da conscientização do educador e da superação de suas limitações cotidianamente. |
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Palavras-chave: Formação Continuada; Professor Reflexivo; Avaliação Formativa. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |