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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
A PESCA ARTESANAL E A CAPTURA ACIDENTAL DE MAMÍFEROS AQUÁTICOS NAS COMUNIDADES DE PORTO DO MANGUE E MACAU - RIO GRANDE DO NORTE
Fernanda Löffler Niemeyer Attademo 2 (niemeyerattademo@yahoo.com.br), Flavio José de Lima Silva 1, 2, 3, Paula Tatiana Gomes 3, Cristiane de Carvalho Ferreira Lima 3, Juan Adelanjo Figueira de Moura 3, Ximenya Glauce de Cunha Freire Lopes 3, Kaliane Roberta dos Santos 3, Andréia Freitas de Oliveira 3 e Juliana Fernandes de Sena 3
(1. Prof. Doutor em Psicobiologia – Depto. de Ciências Biológicas - UERN; 2. Depto. de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, PRODEMA / UERN; 3. Depto. de Ciências Biológicas, Universidade do estado do Rio Grande do Norte – UERN)
INTRODUÇÃO:
A pesca artesanal pode ser caracterizada como a atividade pesqueira realizada com instrumentos e embarcações basicamente simples, como redes, embarcações a vela ou a motor de baixa potencia. Esta atividade representa um importante papel na produção de alimentos e uma forte fonte de renda para as comunidades litorâneas. O Rio Grande do Norte, com um litoral de aproximadamente 400 km, vem se firmando como grande potencial pesqueiro marítimo. A relevância deste estudo se dá pelo fato das comunidades objeto de pesquisa ter a pesca artesanal como uma das atividades mais importantes na economia e por esta atividade representar importante fonte de impacto sobre a biota local. A área foi escolhida por se tratar de um importante ecossistema costeiro para o estado do Rio Grande do Norte onde, além da pesca, destacam-se como atividades econômicas a carcinicultura, extração de petróleo e sal. O objetivo deste trabalho foi caracterizar a pesca artesanal nas comunidades de Porto do Mangue e Macau, no litoral Oeste do Rio Grande do Norte e identificar as interações dos pequenos cetáceos com essa atividade.
METODOLOGIA:
A coleta de dados foi realizada através de entrevistas estruturadas com uma amostra de 10% dos associados escolhidos aleatoriamente e o presidente da colônia de pescadores de cada comunidade. Os questionários continham perguntas sobre os apetrechos de pesca, tipo de embarcação, tempo de permanência no mar, o número de pessoas envolvidas na atividade e outras fontes de renda. Em adição foram coletadas informações sobre avistamentos e encalhes de mamíferos aquáticos nas redes de pescas dos entrevistados. Foi realizada ainda uma documentação fotográfica digital dos utensílios e da área de pesca. As visitas foram procedidas quinzenalmente no período de Setembro de 2004 à Fevereiro de 2005, estando sempre presente toda a equipe, sendo cada questionário aplicado por uma dupla de pesquisadores.
RESULTADOS:
RESULTADOS: A atividade pesqueira na região se caracteriza por ser uma profissão familiar, ou seja, a família em mais de uma geração pratica esta atividade como profissão e, em geral, é a principal fonte de sobrevivência da família. As embarcações das comunidades pesquisadas são barcos de madeira, movidos a vela ou a motor de 1 a 3 cilindros e levam de 1 a 5 dias embarcados, com média de 2 dias. As redes utilizadas são de confecção artesanal, com malha variando de 12 a 50 dependendo do tipo de pesca ao qual se destina. O tamanho das redes variou entre 1,5 e 5 metros de altura e entre 100 a 1000 metros de comprimento, com moda de 1,5 e 1000 metros, respectivamente. O número de redes por embarcação variou entre 12 e 21. A tripulação de cada barco foi bastante variável devido principalmente a diferença de tamanho das embarcações; as embarcações a vela variaram entre 2 e 3 pescadores e as motorizadas entre 2 e 5. A quantidade de pescado também apresentou elevada variação, com 8 kg em embarcações a vela e 100kg, nos barcos motorizados. A totalidade dos entrevistados relatou a observação de algum mamífero marinho próximo à embarcação (cetáceo ou sirenia), os quais são popularmente conhecidos como toninha, boto, golfinho e peixe boi. 37 % afirmaram que pelo menos um desses animais já encalhou em suas redes.
CONCLUSÕES:
A pesca artesanal exerce importante papel não só na renda das famílias como também na conservação do ecossistema local. A elevada quantidade de dias em que os pescadores ficam embarcados indica que as redes são expostas estrategicamente no mar a fim de capturar o maior numero possível de peixes. Considerando a relativa abundância de mamíferos marinhos detectada em estudos anteriores na região, essa prática representa ameaça ao equilíbrio das populações de mamíferos aquáticos devido aos encalhes desses animais nas redes.
Instituição de fomento: Petrobras / PRONEX / FAPERN / CNPq
Palavras-chave:  Pesca Artesanal; Mamíferos Aquáticos; Rio Grande do Norte.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005