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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA ORGANIZAÇÃO DE UM SERVIÇO DE HEMOVIGILÂNCIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Antônia Rocivânia Araújo Lélis 1 (arlelis@bol.com.br), Lucilane Maria Sales da Silva 2, Maria de Fátima Bastos Nóbrega 2, 3 e Daniel Magalhães Lucino 1, 4
(1. Serviço de Farmácia Hospitalar, Hospital Universitário Walter Cantídio - HUWC/UFC; 2. Curso de Enfermagem, Universidade Estadual do Ceará – UECE; 3. Serviço de Educação Continuada em Enfermagem , Hospital Universitário Walter Cantídio - HUWC/UFC; 4. Departamento de Enfermagem, Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, Universidade Federal do)
INTRODUÇÃO:
Denominamos de hemovigilância ao sistema de avaliação e alerta que se ocupa da cadeia transfusional. Sua ação consiste em rastrear os hemocomponentes, no tocante a revelar em quem foram transfundidos, em que quantidade e se causaram alguma reação, para prevenir seu aparecimento ou recorrência. Os resultados obtidos nesse serviço dependem, em geral, da qualidade das notificações realizadas e das informações obtidas em cada caso. O serviço funciona em um hospital público federal de ensino, denominado pelo Ministério da Saúde de Hospital Sentinela e conta com uma comissão de riscos hospitalares e uma sub-comissão de hemovigilância. Este artigo objetivou relatar a experiência de enfermeiras atuando na organização do serviço de hemovigilância. O estudo é relevante no tocante a gerar informações importantes para garantir um melhor direcionamento desses serviços, de forma a apresentarem resultados satisfatórios.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado no serviço de hemovigilância do HUWC em Fortaleza-CE, no mês de fevereiro de 2005. Privilegiamos relatar o diagnóstico inicial da situação em que se encontrava o serviço, antes das intervenções da enfermagem, como eram organizadas as informações e como foi elaborado o plano de intervenção. Utilizamos a estatística descritiva para demonstrar alguns avanços conseguidos após a organização do serviço. Iniciamos nossa ação a partir de abril de 2004, quando começamos a fazer parte da sub-comissão de hemovigilância. Como estratégia inicial, realizamos visitas diárias às unidades de internação, participamos das reuniões com as equipes de enfermagem do hospital, ações que nos permitiram identificar dificuldades relativas ao desconhecimento desses profissionais quanto a atuação da sub-comissão, que serviços prestava, o que era reação transfusional e como notificar, caso ocorresse algum caso. Além disso, o serviço apresentava-se com várias deficiências, principalmente, no tocante a notificação dos incidentes transfusionais, registrando apenas 02 casos, no segundo semestre de 2001, e problemas na organização e registro dos dados que era feito manualmente. Posteriormente, iniciamos a elaboração de um plano de ação. Foi feito um trabalho de divulgação, nas unidades do hospital, tentando incentivar a equipe médica e de enfermagem a observarem os pacientes que estavam sendo hemotransfundidos, para relatarem as possíveis reações transfusionais.
RESULTADOS:
Verificamos um aumento significativo das notificações relativas às reações transfusionais, após a implementação de ações de organização do serviço. O total de casos de internamentos no HUWC do ano de 2004 foram de 6.252 pacientes, sendo que deste total, 3.107 (50%) foram hemotransfundidos e 33 (2,87%) apresentaram algum tipo de reação transfusional, em um total de 9.089 unidades de hemocomponentes. Vale salientar que, de Janeiro a Abril de 2004, foram registradas apenas duas reações transfusionais, e que após uma série de abordagens envolvendo a equipe de saúde, como visita diária nas unidades de internação e participação nas reuniões das clínicas, sensibilizando sobre o que é a hemovigilância e sobre as condutas os profissionais deveriam tomar diante de uma reação, estas notificações tenderam a crescer, finalizando o ano com 33 reações catalogadas. De todas as reações transfusionais notificadas, as reações alérgicas leves foram as predominantes, com 17 casos (52%). Analisando as reações por hemocomponentes, o que mais ocasionou reação foi o concentrado de hemácias com 21 (64%) notificações, seguido do concentrado de plaquetas com 10 (30%). Observamos que no HUWC a maior incidência de reações transfusionais (19/60%) ocorreu em pacientes do sexo masculino. Os pacientes que mais tiveram reação foram os da clínica médica I com 20 (61%) casos notificados, pelo fato dessa clínica admitir os pacientes hematológicos da referida instituição
CONCLUSÕES:
Consideramos que muitos benefícios foram gerados, após a implementação de ações que promoveram uma maior eficiência e eficácia do serviço de hemovigilância do HUWC, no tocante ao aumento do número de registros das reações e da análise dos incidentes transfusionais. Hoje sabemos com precisão, por meio do sistema informatizado, quais os pacientes que foram hemotransfundidos, a que clínica pertencem, que hemocomponentes ele tomou e, principalmente, se ocorreu alguma reação e qual hemocomponente responsável. Os profissionais de saúde do serviço, estão sensibilizados quanto à notificação das reações transfusionais. Constatamos que, um serviço bem organizado permite uma maior fidedignidade dos registros, para que se possa ter visibilidade dos pontos críticos e tomar as devidas providências. Os resultados revelaram, ainda, que dentre as reações transfusionais a grande maioria é considerada reação leve. Entretanto, não podemos deixar de realizar o rastreamento, tendo em vista que outras reações mais severas podem vir a acontecer. A atuação da enfermagem na organização do serviço, na implementação de ações de educação em saúde, notificação e controle dos casos, foi significativo para a eficácia dos resultados alcançados.
Palavras-chave:  Enfermagem; Hemovigilância; Relato de Experiência.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005