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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social | ||
A VIRGINDADE NO CONTEMPORÂNEO E A QUESTÃO DA INICIAÇÃO SEXUAL | ||
Cleidiana Ferreira de Paulo Sá 1 (cleifsa@bol.com.br), Luciana Nunes Elias 1, Leonardo de Miranda Ferreira 1, Thiago Francisco Abraira Crespi 1, Taian Haraguchi 1, Renata Fontinhas Pacheco 1, Lívia Maria Almeida de Melo 1, Marcelo Ferreira Quirino 1 e Nilma Figueiredo de Almeida 2 | ||
(1. Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ; 2. Departamento de Psicometria, Instituto de Psicologia - UFRJ) | ||
INTRODUÇÃO:
Observando os costumes da sociedade urbana brasileira, ao longo do tempo, percebeu-se uma mudança na atitude das pessoas em relação a temas como virgindade e sexualidade. A trajetória da liberação feminina propiciou a conquista de novos papéis sociais, independência financeira e a quebra de tabus, mitos e costumes. Isto promoveu uma transformação na maneira, conteúdo e forma de se abordar assuntos relacionados à sexualidade. As famílias já não se privam de conversar sobre sexo, pois corpos nus são expostos na televisão, jornais, revistas e outdoors, o tempo todo, fomentado o erotismo. O excesso de imagens, informações e discussão sobre a sexualidade, provocou uma erotização precoce nas crianças, que já em tenra idade começam a manifestar interesses típicos da adolescência. Em função do exposto, este estudo pretendeu verificar se a perda da virgindade, hoje em dia, ocorre em idade mais precoce do que ocorria em gerações anteriores. |
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METODOLOGIA:
Foi realizado um estudo de levantamento das atitudes das pessoas frente à própria virgindade, em um referencial teórico fenomenológico. Após uma revisão bibliográfica sobre o tema foi construído um questionário com nove perguntas fechadas. Em seguida foram distribuídos 500 questionários para pessoas na faixa etária compreendida entre 10 e 60 anos, dos quais 200 foram respondidos por pessoas do sexo feminino e 150 por pessoas do sexo masculino. Todas estas pessoas pertencentes à classe média do Rio de Janeiro. |
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RESULTADOS:
Das mulheres entrevistadas 50% já não eram virgens, destas 17% havia perdido a virgindade entre 10 e 12 anos, 73% entre 13 e 15 anos e 10% aos 16 anos. Das mulheres com idade superior a 36 anos, 46% afirmaram ter perdido a virgindade entre 19 e 21 anos. 90% dos homens respondentes não eram virgens, 22% havia perdido a virgindade entre 10 e 12 anos, 66% entre 13 e 15 anos e 11% aos 16 anos. Acima dos 36 anos, apenas 55% dos homens tinham perdido a virgindade entre 16 e 18 anos. 100% dos homens acreditam ter perdido a virgindade no momento certo, enquanto que apenas 50% das mulheres assim consideram. Os motivos para não haverem perdido a virgindade mais cedo entre os homens foram por “não encontrar um lugar apropriado” (56%), “não estar preparado” (42%), e 2% “por não encontrar a parceira ideal”, enquanto que para as mulheres o motivo mais freqüente foi por “não encontrar o parceiro ideal” (76%) e 24% por “não estar preparada”. 56% dos homens usaram métodos contraceptivos na primeira relação sexual (camisinha) e 57% das mulheres também. 60% dos homens consideraram sua primeira relação sexual entre boa e muito boa, enquanto que 34% das mulheres a consideraram somente boa. |
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CONCLUSÕES:
Verificou-se uma precocidade na perda da virgindade no decorrer das últimas três décadas, em ambos os sexos, embora procurando levar em consideração a escolha do momento certo para a relação sexual, sua qualidade e a utilização de métodos contraceptivos. Verificou-se também que embora a emancipação feminina tenha exercido influência sobre o comportamento das mulheres, estas ainda preservam a virgindade por mais tempo que os homens. Um percentual de 66% das mulheres acharam sua primeira vez ruim, e 50% acredita ter perdido a virgindade no momento errado. Tais índices apontam para uma forte influência da tradição no comportamento feminino, apesar das conquistas sociais realizadas pela mulher. Com relação aos métodos contraceptivos constatou-se um percentual significativo de homens como de mulheres usando a camisinha na primeira relação sexual. Na faixa etária acima dos 45 anos não se utilizava tal recurso contraceptivo, pois as mulheres desejavam casar virgens e acabavam por se preservar, enquanto que os homens depositavam sua confiança na reputação da parceira. Conclui-se que a virgindade tem diminuído seu valor social na contemporaneidade, tanto entre homens como em mulheres, pois a faixa etária em que a iniciação sexual tem ocorrido está cada vez mais baixa. |
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Instituição de fomento: Universidade Federal do Rio de Janeiro | ||
Palavras-chave: Virgindade; Iniciação sexual; Sexualidade. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |