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D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 5. Odontologia Social e Preventiva | ||
ODONTOGERIATRIA:HISTÓRIAS VIVIDAS E CONTADAS POR IDOSOS | ||
Maria Vieira de Lima Saintrain 1 (mariavieira@bol.com.br) e Walda Viana Brígido de Moura 2 | ||
(1. Centro de Ciências da Saúde, Curso de Odontologia, Universidade de Fortaleza - UNIFOR; 2. Departamento de Clínica Odontológica, Universidade Federal do Ceará - UFC) | ||
INTRODUÇÃO:
No Brasil o número crescente da população idosa conduz à necessidade de uma reflexão sobre a relação Odontologia – Paciente idoso. Na comunicação, estratégia facilitadora da integração mútua, pressupõe–se que a colaboração desses pacientes será de uma tendência facilitadora para a Odontologia geriátrica. A perda dos dentes, tanto pela carie dental, pela doença periodontal, como por traumatismos ou outros fatores, influi severamente na fisiologia do envelhecimento, predispondo o idoso a outras doenças e ou manifestações maléficas como a deficiência na mastigação, gustação, pronúncia e estética. Estas, por sua vez, influenciando no seu comportamento bio-psico-social. A presente pesquisa teve como objetivo levantar histórias vividas por idosos com relação à atenção odontológica, enfatizando a importância do enfoque antropológico para a humanização da Odontologia geriátrica. |
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METODOLOGIA:
Odontogeriatria: historias vividas e contadas por idosos - enfoque antropológico, busca numa pesquisa quanti-qualitativa conhecer com o próprio idoso suas dificuldades anseios e condutas em relação aos seus problemas odontológicos. Participaram da pesquisa 72 idosos, cuja idade variou de 60 a 79 anos. Uma instituição em Fortaleza, capital do Estado do Ceará, foi escolhida como cenário da pesquisa pelo fato de abrigar um grande número de idosos. A metodologia consistiu na realização de entrevista com pessoas de 60 anos e mais, cujas variáveis foram obtidas de dados primários colhidos por meio de um questionário semi-estruturado, sem identificação nominal e com perguntas fechadas e abertas. Os participantes pertenciam à classe social de baixa renda. O banco de dados, para elaboração de gráficos das variáveis quantitativas, foi construído pela digitação em micro computador, utilizando o Software Excel e realizada uma análise descritiva dos dados. As variáveis qualitativas, como as falas dos entrevistados, foram interpretadas por meio de uma análise de conteúdo, baseada no referencial das respostas ofertadas pelos entrevistados, tendo como momento processual a codificação aberta e seletiva nos casos de descrições semelhantes. Teve como critério de inclusão a condição intelectual para responder as questões, a disposição do idoso em querer participar com consentimento livre e esclarecido. O projeto teve aprovação do Comitê de Ética da Universidade de Fortaleza em maio de 2003. |
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RESULTADOS:
Dois terços dos pesquisados eram do sexo feminino; mais da metade possuía apenas o primeiro grau incompleto; um terço era de viúvos e a maioria procedia da cidade de Fortaleza. Dos 72 idosos desdentados totais, apenas a metade fazia uso de prótese dentária. Entre os idosos, 30 disseram ter sido aconselhados por outras pessoas a extrair os dentes e 16 aconselhados a não extrair. Apenas 11 informaram ter freqüentado regularmente ao dentista; a maioria freqüentou o consultório dentário apenas para realizar as exodontias. Mais de dois terços dos entrevistados tiveram dificuldades após a perda dentária como dificuldade de mastigar, falar, comunicação com amigos e a relação no namoro. Mais da metade dos idosos não teve acesso aos serviços, nem para o tratamento curativo ou preventivo, tampouco na educação em saúde bucal e ao tratamento recuperador. A maioria usava escova dental, no entanto, dois deles faziam a higiene esfregando os dedos diretamente nos dentes, quatro idosos utilizaram a raspa e a folha do juazeiro para a ação mecânica na limpeza dos dentes. A pasta dental foi mencionada por 57 idosos. Para as categorias: O que levou a extrair o os dentes? Como se sente sem os seus dente? Que conselho daria a um dentista? Responderam respectivamente: quando um dente se furava o jeito era tirar logo... Não esperar doer... A dor era tamanha que num tinha outro jeito... Bons são os dentes próprios... Sinto uma falta danada... Atender bem, ser atencioso, alivie a dor.... |
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CONCLUSÕES:
Considerando as falas e situações vivenciadas, a cárie, o medo e a falta de acesso ao dentista contribuíram para o edentulismo nos idosos; para uma parcela expressiva dos idosos o edentulismo se deu pela dor de dente; os idosos eram influenciados por parentes, amigos e pelo próprio dentista para a prática da exodontia; os idosos sentem a necessidade de dentistas esclarecedores e humanistas. Dos depoimentos obtidos ressalta-se a necessidade de estratégias para uma atenção integral ao individuo. Seus relatos foram expressivos para entender as atitudes, a competência e as relações sociais no campo da Odontologia. |
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Palavras-chave: Odontogeriatria; Edentulismo; Pessoas idosas. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |