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E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 1. Silvicultura | ||
ASPECTOS SOBRE A VIABILIDADE DAS EXPERIÊNCIAS DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS IMPLANTADOS POR AGRICULTORES NA REGIÃO DA TRANSAMAZÔNICA, PARÁ | ||
Luciana da Costa Antonio 1, 2 (luci21sss@bol.com.br) e Iliana Salgado 1, 2 | ||
(1. Universidade Federal do Pará - Campus de Altamira; 2. Laboratório Agroecológico da Transamazônica - LAET) | ||
INTRODUÇÃO:
A região da Transamazônica, compreendida entre os municípios de Pacajá a Rurópolis, é um dos principais pólos agrícolas do Pará, no entanto, os rendimentos das culturas, em geral são considerados baixos e isso se deve em parte à falta de assistência, tanto técnica como de infra-estrutura aos agricultores. Mesmo assim, trata-se de uma região ocupada por 90% da produção agrícola regional (Rocha et al., 2000). Muitos agricultores dessa região vêm adotando inovações em seus lotes, e entre estas, podemos citar a implantação de sistemas agroflorestais (SAFs), sendo estes formados principalmente por espécies florestais comerciais consorciadas a culturas perenes, ou em enriquecimento de capoeiras. Os sistemas agroflorestais têm sido importante para melhor uso do solo, levando também à maior diversificação dos sistemas de produção, principalmente através das culturas perenes, o que os torna mais sustentáveis a longo prazo, constituindo assim em uma alternativa para agricultura familiar da região. Estes sistemas vêm sendo introduzidos de várias formas, apresentando diversos arranjos e diferentes práticas de manejo neles realizadas, segundo critérios adotados pelos próprios agricultores. Assim, a presente pesquisa tem como objetivo avaliar essas formas, verificando como estes sistemas estão se desenvolvendo em termos de crescimento e em que aspectos se mostram ou não viáveis para os agricultores. |
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METODOLOGIA:
A pesquisa foi desenvolvida no município de Pacajá, em propriedades agrícolas familiares distribuídas em diferentes localidades. Foram realizadas entrevistas com doze agricultores, que formam um grupo acompanhado, desde 2000, pelo Laboratório Agroecológico da Transamazônica (LAET) em parceria com a Embrapa Amazônia Oriental. As entrevistas se deram a partir de um roteiro pré-elaborado, contendo informações sobre: as espécies introduzidas, ano e período de plantio, condição de luz, espaçamento, tipo de solo, tratos silviculturais utilizados, ocorrência de pragas e doenças e avaliação e perspectivas, por parte dos agricultores, em relação aos seus sistemas. Para caracterização do crescimento das espécies florestais, foram feitas medições da altura do fuste, da altura total e do DAP (diâmetro à altura do peito) de dez indivíduos de cada espécie presente na parcela. |
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RESULTADOS:
A maioria dos SAFs é formada por cultivos perenes (pimenta, café ou cacau) e espécies florestais, ou estas em enriquecimento de capoeiras. As espécies florestais mais comuns são: Mogno brasileiro Swietenia macrophylla, Mogno africano Swietenia mahogany, Neem Azadirachta indica e Paricá Schyzobium amazonicum. Os tratos silviculturais realizados se resumem na capina no primeiro ano de plantio (apenas três agricultores) e no roço, realizado em média uma a quatro vezes por ano (quase todos os agricultores). Algumas vezes, é realizada a poda nas espécies florestais, porém, somente em algumas plantas. Quatro agricultores utilizaram adubação orgânica (esterco de gado) somente nas culturas perenes no momento do plantio. Muitos agricultores utilizam leguminosas nas entrelinhas em SAFs com pimenta ou café. Todos os SAFs com mogno brasileiro apresentaram problemas com relação à broca Hypsipyla grandella, com exceção daqueles que estão em situação de sombreamento. No entanto, as árvores conduzidas a pleno sol apresentaram maior desenvolvimento em diâmetro e altura (DAP médio de 7,16 cm e HT média de 6,55 m para plantios de 4 anos) em relação àquelas que estão em locais sombreados (DAP médio de 2,31 cm e HT média de 2,58 m para plantio de 3 anos). As demais espécies não apresentaram problemas com pragas ou doenças, porém, mostraram melhor crescimento a pleno sol. Árvores de mogno africano apresentaram bom desenvolvimento, com DAP médio de 6,61 cm e HT de 4,65 m para plantios de 3 anos. |
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CONCLUSÕES:
Os sistemas agroflorestais são vistos pelos agricultores como uma forma de reflorestamento de sua propriedade e valorização da terra. A introdução de espécies madeireiras de valor comercial, procuradas na região, sobretudo o mogno, representam para os agricultores uma renda futura. Dessa forma, alguns desses agricultores vêm cuidando também de árvores de espécies florestais regeneradas naturalmente nas parcelas (como árvores de paricá e castanha do Pará), ou estão plantando outras espécies, a partir de sementes provenientes das reservas de mata de suas propriedades. Apesar do interesse, por todos os agricultores, de introduzir novas árvores e/ou diversificar os plantios, as práticas de manejo nos SAFs são aplicadas, principalmente, apenas em beneficio dos cultivos perenes, tornando-se um fator limitante para melhor desenvolvimento do sistema como um todo. O crescimento das espécies florestais tem se mostrado satisfatório, comparados a dados de outros plantios na região. No caso do Mogno brasileiro, a falta de podas aliada ao ataque da broca tem limitado um melhor desenvolvimento do fuste das árvores. Neste sentido, o Mogno africano se mostrou mais viável, tanto em relação ao melhor crescimento, quanto em relação ao não ataque de pragas. |
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Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Sistema agroflorestal; Agricultura familiar; Trato silvicultural. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |