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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 7. Saúde Materno-Infantil
O IMPACTO DO FATOR IDADE NA PRIMEIRA GESTAÇÃO DE ADOLESCENTES
Sylviane Coelho Caires 1 (sylvianecairesc@bol.com.br) e Henrique Gil da Silva Nunesmaia 2
(1. Autora, Estagiária de Iniciação Científica, Depto. Materno-Infantil, Univer. Federal da Paraíba; 2. Orientador, Prof. Dr. do Depto. Materno-Infantil, Universidade Federal da Paraíba - UFPB)
INTRODUÇÃO:
A gravidez na adolescência tem sido identificada como um dos grandes problemas da saúde pública visto que, quando ocorre nesta fase da vida, traz múltiplas conseqüências tanto ao nível da saúde física quanto a nível social e psicológico afetando a educação e as possibilidades futuras de trabalho e desenvolvimento econômico dessas adolescentes e, conseqüentemente, para o futuro de seus filhos. Várias hipóteses tentam explicar o número excessivo de gestações nesta faixa etária. Atribui-se esta problemática a fatores diversos desde falhas no sistema socioeconômico, idade cada vez mais precoce da menarca e da iniciação sexual, deficiência na educação sexual dirigida especificamente a este grupo etário bem como, o contexto familiar ao qual está inserida esta adolescente pois, aquelas que iniciaram vida sexual precocemente ou engravidaram neste período, geralmente vem de famílias cujas mães assemelharam a esta biografia. Os objetivos deste trabalho visam justamente avaliar fatores da vida reprodutiva das adolescentes, de seus parceiros e das mães destas adolescentes procurando realizar uma análise comparativa entre os três. Estas informações podem servir como base para adequação de estratégias educacionais visando uma atitude consciente por parte das adolescentes em relação a sua sexualidade e vida reprodutiva, reduzindo assim o número de gestantes adolescentes e prevenindo as conseqüências físicas, emocionais, psicológicas e socioeconômicas advindas desta situação.
METODOLOGIA:
A amostra constou de 505 puérperas atendidas em unidade obstétrica pública de nível II situada em João Pessoa – Paraíba, no período de novembro de 2004 a janeiro de 2005 cujo critério de inclusão foi ter engravidado, pela primeira vez, durante a adolescência (11-20 anos). Para tanto, foi utilizado um questionário especifico, preenchido pela pesquisadora, cujas questões foram direcionadas à primeira gestação. A participação das pacientes foi voluntária, tendo sido solicitada à assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes da inclusão no estudo. Por fim, foi assegurado, por princípios éticos, o sigilo acerca das informações obtidas. As variáveis estudadas foram: idade atual da puérpera, idade de ocorrência da menarca e da primeira gestação, idade ginecológica, diferença de idade entre a puérpera e seu parceiro e idade com a qual a mãe da puérpera engravidou a primeira vez. O projeto desta pesquisa foi previamente avaliado pela Comissão de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba. Os dados foram tabulados e submetidos à análise estatística descritiva através do programa Excel for Windows.
RESULTADOS:
Foram entrevistadas 505 puérperas com idades entre 13 e 49 anos. A menarca ocorreu entre 9 e 17 anos sendo mais freqüente aos 12 e 13 anos (59,2%), a média foi de 12,6 anos. A primeira gestação, referida dos 11 aos 20 anos, foi mais freqüente dos 15 aos 18 anos correspondendo a 67,3% dos casos, 25,1% das entrevistadas relataram ter engravidado entre 11 e 15 anos, faixa etária onde se concentra os maiores riscos obstétricos. A média de idade na primeira gestação foi de 16,9 anos. Com relação à idade ginecológica, observou-se que o maior contingente de gestantes engravidou entre 4 e 5 anos pós-menarca (40,6%) e até 3 anos, 32%. Quanto à idade paterna, esta foi sempre maior que a da puérpera, variando de 12 a 46 anos. Apenas 46,7% eram adolescentes ou seja, tinham idade entre 11 e 20 anos e 53,3% eram maiores de 20 anos. A maior diferença de idade entre o casal foi 30 anos sendo observado que apenas 9,3% tinham aproximadamente a mesma idade, isto é, diferença menor de 1 ano. A diferença de até 3 anos foi de 45%. A maioria das puérperas (73,3%) soube informar sobre a idade da mãe na primeira gestação sendo que, 84,6% destas ocorreram durante a adolescência tendo como média 16,5 anos. Apenas 15,4% delas eram maiores de 20 anos.
CONCLUSÕES:
A faixa etária de ocorrência da menarca, 9 a 17 anos, está em concordância com os dados encontrados em outros estudos semelhantes assim como, sua maior freqüência na faixa de 12 a 13 anos. Houve predominância de gestações na faixa etária de 16 a 20 anos (74,8%) valor este, considerado muito alto. O percentual de gestações (25,1%) na faixa etária de 11 a 15 anos, considerada de maior risco obstétrico e perinatal, também foi alta. A proporção de 31,9%, referente as puérperas que engravidaram até 3 anos após a primeira menstruação, demonstra que a atividade sexual e da primeira gestação estão ocorrendo numa época na qual a maturidade física e biológica ainda não está completa.A idade paterna foi sempre maior que a da puérpera sendo que, a maioria (80,2%) era mais velho 2 ou mais anos. A maioria das mães das puérperas (84,6%) engravidou durante a adolescência. Houve uma semelhança entre a média da idade na primeira gestação nas mães (16,5 anos) e nas puérperas (16,9 anos) quando comparamos a mesma faixa etária (11-20 anos). Estes resultados sugerem uma repetição do padrão reprodutivo.
Instituição de fomento: PIBIC/CNPq/UFPB
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Adolescência; Gestação; Idade Materna.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005