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D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População | ||
LEISHMANIOSE VISCERAL: ALTERAÇÕES MORFOFUNCIONAIS DA MUCOSA INTESTINAL EM CRIANÇAS | ||
Maria Ceci Vale Martins 1, 2 (cecivale@bol.com.br), Hildênia Baltazar Ribeiro 2, Amália Maria Porto Lustosa 2, Edna Dias Marques Rocha 2, Lúcia de Fátima Rabelo de Brito 2, Aldo Ângelo Moreira Lima 4, Luís Carlos Rey 1 e Pedro Paulo Chieffe 3 | ||
(1. Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual do Ceará - UECE; 2. Hospital Infantil Albert Sabin, Secretaria de Saúde do Estado do Ceará - SESA; 3. Instituto de Medicina Tropical, Universidade de São Paulo - USP; 4. Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Ceará - UFC) | ||
INTRODUÇÃO:
A leishmaniose visceral (LV) é uma doença infecciosa generalizada crônica, que acomete principalmente crianças desnutridas, com alterações imunológicas provenientes de áreas endêmicas. Além das manifestações clássicas: febre, hepatoesplenomegalia e anorexia, podemos encontrar distúrbios gastrointestinais como diarréia e perda ponderal. O envolvimento intestinal na LV vem despertando interesse científico pela presença de manifestações relacionadas ao trato digestivo, no curso da doença, e pela marcante desnutrição dentre os infectados que desenvolvem a forma clássica da doença. Investigações funcionais e morfológicas da mucosa intestinal em crianças com LV têm sido objeto de estudo, apesar de serem escassos e realizados geralmente no curso do tratamento. O objetivo deste estudo é identificar as alterações: morfofuncionais, avaliadas em fragmentos de mucosa jejunal, e através de teste permeabilidade intestinal, com lactulose e manitol em crianças com LV. |
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METODOLOGIA:
Estudo prospectivo, longitudinal de 26 crianças, entre 6 e 46 meses de idade, com LV diagnosticadas por mielograma ou pela técnica de rK39, sem tratamento prévio para a doença, internadas no Hospital Infantil Albert Sabin, Fortaleza-Ce, no período de julho de 2001 a setembro de 2002. As crianças receberam terapia antimonial específica para LV e dieta hipercalórica acrescida de micronutrientes padronizada pela OMS para a desnutrição. Para validar o teste de permeabilidade intestinal utilizando lactulose e manitol, escolhemos, como parâmetro, o estudo coorte desenvolvido por BARBOZA e cols, (1999). O teste foi realizado no primeiro dia e após tratamento clínico de 21 dias. As medidas de lactulose e manitol por Cromatografia Líquida de Alta Pressão (HPLC), foram feitas em equipamento Dionex Biol C, segundo o método de BARBOZA e cols. (1999). As crianças foram submetidas à biópsia de intestino delgado por via peroral, com cápsulas de Watson-Crosby. Os fragmentos de mucosa foram fixados em formol a 10% tamponado e enviados para o laboratório de imunopatologia do Instituto de Medicina Tropical/USP. Para obter a confirmação de que os protozoários presentes, na mucosa intestinal, eram leishmânias, foram realizados estudos imunohistoquímicos, com anticorpos antileishmânias, segundo a técnica de imunoperoxidase indireta. |
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RESULTADOS:
Das crianças estudadas, 18 (69,2%) eram do sexo feminino e 8 (30,8%) do sexo masculino, com idade média de 28 meses, variando de 4 a 52 meses. Os sintomas de febre, palidez e hepatoesplenomegalia foram observados em todas as crianças com tempo médio de duração de 6,4 semanas. Diarréia aguda foi observada em 6 crianças (23,1%). Desnutrição para o índice P/I foi identificada em 17 crianças (65,4%). Observou-se redução na taxa de excreção urinária de lactulose/manitol inicial e final (0,124 ± 0,028 vs 0,086 ± 0,015 com p = 0,002). Evidenciou-se presença de formas amastigotas de leishmânia no interior dos macrófagos em fragmentos de mucosa intestinal em 5/17 crianças (29,4%), 3 delas com atrofia vilositária. |
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CONCLUSÕES:
A leishmânia encontra-se presente nos macrófagos ao nível da mucosa jejunal, provavelmente, de forma segmentar; Alterações no padrão vilosidade/cripta são freqüentes em crianças com Leishmaniose visceral; A função intestinal avaliada pelo teste de lactulose/manitol mostrou melhora estatisticamente significante (p = 0,002) após tratamento anti-parasitário específico e dieta hipercalórica; As crianças apresentaram ganho ponderal ascendente com incremento ponderal estatisticamente significante (p = 0,006). |
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Palavras-chave: Calazar; Criança; Mucosa intestinal. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |