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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 12. Psicologia | ||
PRÁTICAS PSICOEDUCATIVAS INTEGRADORAS: UM OLHAR CRÍTICO CULTURAL | ||
Georgeanne Onofre Eufrasino de Pinho 1 (georgeanne@edu.unifor.br), Paulo Coelho Castelo Branco 2 e Francisco Silva Cavalcante Junior 3 | ||
(1. Graduação em Psicologia - UNIFOR; 2. Graduação em Psicologia - UNIFOR; 3. Dr., Professor titular, Mestrado em Psicologia - UNIFOR) | ||
INTRODUÇÃO:
A humanidade vive uma crise de sentidos segundo Berger e Luckmann, que caracteriza os tempos modernos. Através da idéia de Cavalcanti: “tentativa de reversão dos processos de dessacralização da vida”, um grupo de pessoas insatisfeitas com a separação dos saberes científico e espiritual foram estimulados a buscar em diversos métodos terapêuticos disponíveis, um caminho de profunda transformação pessoal e transpessoal. A partir das intensas transformações evocadas nos caminhos escolhidos, Weil escreve que “alguns mutantes, depois de anos de prática, começam a comunicar sua experiência por meio de conversas, entrevistas, palestras ou livros”. Alguns mutantes criaram, à partir de suas experiências e significados pessoais, métodos terapêuticos próprios procurando uma mudança que permita transcender o ego e levar à essência, à natureza do Espírito, ao ser essencial, oferecendo um possível caminho para a terapêutica a partir de uma trilha pessoal, contextual e própria. Estes métodos são os objetos de estudo da presente investigação. Os métodos promovem um movimento em direção à totalidade/inteireza do ser humano, e em 1926 Christian Smuts denominou-os de “tendência integradora, holística...”, recebendo, atualmente, diversas denominações. Utilizaremos o vocábulo integrativo para referirmo-nos aos métodos que visam à educação do ser humano total, uma prática comum já entre os filósofos gregos. |
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METODOLOGIA:
Segundo Glesne e Peshkin, os métodos de pesquisa que escolhemos dizem algo sobre o que consideramos ser um conhecimento de valor e da nossa perspectiva sobre a natureza da realidade. A pesquisa usa abordagens do tipo pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. Utilizam-se pressupostos e técnicas da etnografia centrada na pessoa, sugerida por Wolcott, e da história de vida antropológica estudada por Langness e Frank, que permitem o enfoque de pesquisa reflexiva e a compreensão das histórias pessoais dos criadores dos métodos em estudo, estabelecendo conexões entre as vidas pessoais e as propostas terapêuticas dessas pessoas. Os métodos propostos pelos teóricos mutantes, foram o objeto de estudo desta pesquisa: A arte de viver a vida, criado por Pierre Weil (França); Energética da Essência criada por John Pierrakos (EUA); Dinâmica Energética do Psiquismo criado por Theda Basso (Argentina) e Aidda Pustilnik (Brasil); Pathwork criado por Eva Pierrakos (Áustria); Pedagogia Simbólica Junguiana criado por Carlos Byington (Brasil); Processo Hoffman da Quadrinidade criado por Bob Hoffman (EUA); Psicologia Arquetípica criado por James Hillman (EUA); Psicologia Sagrada criado por Jean Houston (EUA); Psicossíntese criado por Roberto Assagioli (Itália); Respiração Holotrópica criado por Christina Grof (EUA) e Stanislav Grof (Tchecolosvaquia); Síntese Transacional e a Ecologia do Ser criado por Roberto Crema (Brasil) e a Terapia Regressiva Integral criada por Roger Woolger (Inglaterra). |
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RESULTADOS:
Os resultados da pesquisa demonstraram que os autores dos métodos que desenvolveram terapias próprias, são contemporâneos ou viveram a segunda guerra mundial o que pode inferir na possibilidade de uma vinculação dos seus trabalhos com traumas do contexto. Apenas um dos teóricos salienta em sua biografia ser sua origem de condição familiar financeira abastada. Os pesquisadores relatam na maioria de suas biografias ou em contato pessoal serem descendentes de famílias com problemas estruturais. A diversidade de credos e religiões é muito grande denotando a possibilidade de não haver um vínculo entre a religião específica, da infância, e o método criado pelo autor. Contudo, podemos inferir a existência de influências religiosas posteriores. A presença desses tipos de métodos considerados integrativos, que visam a integração das múltiplas dimensões do ser humano como possibilidade terapêutica, revela claramente a necessidade do homem ocidental de buscar caminhos alternativos para o tratamento de suas problemáticas psicológicas. Existe, evidentemente, uma lacuna e a falta de estudo destas temáticas no meio científico, e especificamente nas universidades. Contudo, a procura por essas terapias apresenta um índice crescente na sociedade ocidental, especificamente no Brasil, através da formação de cursos e treinamentos nestas abordagens em várias partes do país. |
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CONCLUSÕES:
Foram utilizadas doze categorias. As categorias envolvem: o local e data de nascimento; família; escola; universidade; experiências ocidentais; experiências orientais; influências de autores ocidentais; influências de autores orientais; crises; justificativa para a criação do método; experiência com as artes e os credos. O aprofundamento desse estudo a partir das categorias citadas deve fazer emergir outras intersecções entre as diversas propostas teóricas. Muitos destes métodos foram criados, segundo Pierre Weil, por terapeutas que realizaram “sínteses pessoais de vários métodos”, chegando a dizer “que não há terapias e sim, terapeutas”, e, portanto, as suas criações são frutos de suas experiências ao longo da vida. A criação desses métodos no mundo moderno, para Murphy, “é um pouco como montar um quebra-cabeça cujas peças provenham de todas as partes do mundo.” Motivados pela curiosidade científica, reforçada nas palavras de Pierre Weil que diz que “serão necessárias muitas pesquisas para verificar a eficiência dos métodos adotados” este estudo será aprofundado em pesquisas futuras. |
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Instituição de fomento: Conselho Nacional de Pesquisa CNPq | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Psicologia; Psicoeducativas; Integradoras. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |