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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
A PERCEPÇÃO DO ESTRESSE PARA ENFERMAGEM EM UNIDADE CORONARIANA
Antonielle Carneiro Gomes 2 (antonielle@sobral.org), Otávia Cassimiro Aragão 1, Ana Célia Carneiro Araújo 1 e Sandra Maria Aguiar 1
(1. Hospital do Coração; 2. Universidade Estadual Vale do Acaraú)
INTRODUÇÃO:
O interesse em desvendar os problemas relativos à prática de enfermagem vem conduzindo a inúmeros estudos sobre estresse em profissionais de enfermagem em unidades de alta complexidade, cujos resultados têm apontado aspectos bastante diversificados. Supõe-se que a atividade de lidar com dor, sofrimento e morte, entre outros, interfere na organização, gestão, condições de trabalho e que de maneira geral, expõe os trabalhadores de Unidades Coronarianas (UCO) a um desgaste físico e mental intenso. A fenomenologia ao examinar a estrutura da consciência recoloca no centro da sua investigação a tendência atual da enfermagem de que sua ação está associada às práticas sociais que as sustentam e aos interesses sócio-econômicos e políticos, tecnologias e instituições onde suas ações são praticadas. Reflexões permitiram vislumbrar a complexidade da vivência das emoções na realidade de trabalho do profissional de enfermagem hospitalar. Objetivo: Identificar os principais fatores de estresse para profissionais de enfermagem de Unidade Coronariana e medidas de enfrentamento adotadas.
METODOLOGIA:
Estudo descritivo, de abordagem quantiqualitativa, realizado segundo a modalidade fenomenológica que teve como proposta desocultar o fenômeno "estresse no trabalhador da equipe de enfermagem coronariana", em hospital especializado, contemplando alguns grupos ocupacionais. A literatura específica foi examinada de modo a apreender a idéia de estresse contida nos discursos dos diversos autores. Tal idéia também foi pesquisada nos discursos de pessoas que trabalham em UCO de um hospital de referência para a Zona Norte do Ceará, através de depoimentos escritos em formulário semiestruturado. A partir das suas falas procurei construir a estrutura geral do fenômeno, procedendo as análises ideográficas e nomotética que me conduziram à compreensão do significado de estresse para os sujeitos pesquisados.
RESULTADOS:
Na análise se configura uma expressiva presença de respostas emocionais dos profissionais no contexto da prática profissional, sendo que a percepção do estresse e seu manejo variam de acordo com a faixa etária, o tempo de serviço na UCO, a instrução e a profissão. As informações obtidas permitiram identificar como fontes extrínsecas de estresse emocional: os aspectos administrativos (salário, escala de trabalho, falta de incentivo para a qualificação), a condição do paciente (sentimentos envolvendo sofrimento e morte), a equipe profissional (relacionamento interpessoal, falta de espaço para diálogo), o contexto da Unidade Coronariana (desorganização do trabalho); Como fontes intrínsecas identificou-se: alguns aspectos relativos a questões trabalhistas (salário e escala de trabalho) e a condição pessoal do profissional (déficit de lazer, jornadas de trabalho, condições sócio-econômicas). Os resultados indicaram a existência de quatro estratégias individuais de enfrentamento: a impessoalidade no contato com o paciente, o distanciamento emocional, a redução ou inexistência da comunicação grupal e a acomodação ou indiferença para com a fonte estressora. Os meios coletivos utilizados para a minimização dos fatores estressantes incluem: palestras e jogos, tendo sido manifestado a ineficácia dessas estratégias. Percebeu-se que o grupo tem pouca consciência das conseqüências do estresse, desenvolvendo precárias formas de regulação ou atenuação dos conflitos dele decorrentes.
CONCLUSÕES:
Essa gama de componentes emocionais da prática de enfermagem configurou um valioso conteúdo analítico, de onde emergiram contradições e diante das quais foi possível explicitar a presença de variáveis sociais interferindo na experiência emocional do profissional dessa área. Os resultados mostraram a necessidade de se criar um espaço para que essas pessoas possam refletir sobre seu cotidiano de trabalho, possibilitando um enfrentamento mais eficaz do estresse. A abordagem fenomenológica é uma possibilidade de apreender o vivido concreto como ponto de partida para compreender o significado da ação diária de cuidar em enfermagem.
Palavras-chave:  Estresse; Unidade Coronariana; O profissional de enfermagem.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005