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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
ANÁLISE DA POSTURA DE ATLETAS PRATICANTES DE ARTES MARCIAIS.
Ana Claudia Vieira Martins 1 (d2acvm@udesc.br) e Mariana Veras Coan 1, 2
(1. Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC; 2. Curso de Fisioterapia, Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC)
INTRODUÇÃO:
A postura padrão é o alinhamento esquelético no qual os desgastes biomecânicos e energéticos sejam mínimos. A manutenção da postura ocorre através de uma resposta neurogênica com intuito de manter o equilíbrio.
Os esportes de competição determinam padrões corporais que estão associadas à eficiência do gesto esportivo. Entretanto podem evoluir para processos mórbidos que limitam a prática de atividades físicas regulares. Como conseqüências aparecerão dores, enrijecimentos, contraturas e limitação dos movimentos articulares ligados às contrações musculares.
Tanto o karatê quanto o judô têm como característica a prática de inúmeros movimentos corporais, como estender e fletir joelhos e cotovelos ao mesmo tempo em que são necessários o rotacionamento do corpo, a coordenação motora, o equilíbrio e a grande força muscular para precisão dos golpes e para própria defesa.
A razão maior deste trabalho está em avaliar os atletas das artes marciais, judô e karatê, no parâmetro postural com o intuito de visualizar as principais deformidades encontradas e assim procurar estabelecer um padrão postural para tais atletas que possa confrontar com o que é considerada postura normal. Com base nisto, considera-se o fato desse padrão ter sido adquirido pelos praticantes em virtude do tempo de treinamento, do esforço desempenhado por eles durante o treinamento e da especificidade de cada arte marcial em relação à sobrecarga imposta ao corpo.
METODOLOGIA:
A amostra foi composta por dois grupos escolhidos independentemente do sexo e idade variável entre 14 e 35 anos. O grupo 1 foi composto por 11 Atletas do Judô (AJ), sendo 4 mulheres e 7 homens; o grupo 2 foi composto por 11 Atletas de Karatê (AK), sendo 3 mulheres e 9 homens, num total de 22 atletas. Os atletas foram voluntários à pesquisa e selecionados sob os critérios: prática de judô e/ou karatê há mais de dois anos e que estivesse no seu padrão normal: postural, ósseo e articular.
A coleta dos dados foi feita no Laboratório de Biomecânica do Centro de Educação Física, Fisioterapia e Desportos da Universidade do Estado de Santa Catarina como parte integrante da Pesquisa “Análise dinâmica da marcha de atletas praticantes de artes marciais”.
Os atletas foram avaliados segundo protocolo baseado nas avaliações posturais sugeridas por Bricot (1999) e Bienfait (1995) nos planos frontal, sagital e horizontal. Para maior complementação do estudo obteve-se as perimetrias dos segmentos corporais (local de maior volume dos músculos), através de fita métrica comum, para posterior comparação entre membros dominantes e não-dominantes. Os voluntários vestiram somente calção (homens) ou short e top (mulheres), foram avaliados em uma sala apropriada com parede de fundo branco, em posição ortostática com os calcanhares levemente afastados e pés abduzidos cerca de 150, tomando-se como referência a linha média do corpo.
RESULTADOS:
Os dados foram separados segundo os tópicos da avaliação postural determinando-se as freqüências absoluta e relativa dos subtópicos.
Os resultados foram: 6 judocas têm inclinação da cabeça para o lado esquerdo e 6 têm rotação para o mesmo lado; 6 karatecas têm inclinação da cabeça para o lado direito e 6 têm rotação para o mesmo lado; 10 karatecas e 9 judocas têm a cabeça anteriorizada; o ombro esquerdo é mais elevado em 9 karatecas e o ombro direito é em 6 judocas; os dois ombros são protusos em todos os atletas; 6 karatecas têm deslocamento do tronco para o lado esquerdo e 6 judocas para o lado direito; 7 judocas têm a pelve esquerda mais elevada e 6 karatecas têm a direita mais elevada; 5 atletas do karatê têm retroversão de pelve; 7 indivíduos do judô e 7 do karatê apresentam hiperlordose da curva lombar; 10 judocas apresentam rotação de pelve para direita e 6 karatecas têm rotação para esquerda; os joelhos e os pés foram considerados por unidade: 17 joelhos dos judocas e 13 joelhos dos karatecas apresentam hiperextensão; 10 joelhos varos e 10 com rotação interna nos karatecas; 10 joelhos com rotação externa nos judocas; encontrou-se 12 pés planos nos judocas e 16 nos karatecas; apenas 1 karateca não apresentou gibosidade e curva escoliótica; 9 atletas do karatê e 7 do judô tinham retificação da curva dorsal; o ângulo tíbio-társico mostrou-se >900 em 8 karatecas e 10 judocas, o ângulo coxo-femoral mostrou-se a 900 em 6 dos atletas do karatê; na perimetria não houve relação entre membro dominante e maior perimetria.
CONCLUSÕES:
Diante do encontrado ao comparar a perimetria dos segmentos corporais, notou-se que mesmo sendo mais exigido e desempenhando maior força, o lado dominante não demonstra maiores valores de perimetria que o lado contralateral.
A postura encontrada para os atletas demonstra formas de compensação para melhora do ato esportivo. O padrão do judô seria: cabeça anteriorizada; retificação da coluna dorsal; um dos ombros elevados; protusão de ombros; convexidades escolióticas na coluna torácica compensadas na coluna; retroversão pélvica; pelve do lado não dominante mais elevada; rotação da pelve para o lado dominante; retração da cadeia muscular posterior com ângulo coxo-femoral e tíbio-társico >90º quando na flexão total de tronco; joelhos com rotação externa e hiperextendidos e pés planos, devido posturas em base aberta.
Já o padrão postural encontrado para os atletas do karatê seria: cabeça anteriorizada; elevação do ombro contralateral ao dominante; ombros protusos; convexidades escolióticas que abrangem a coluna dorsal e lombar; retificação da coluna dorsal; hiperlordose lombar; retroversão pélvica; rotação pélvica para o lado não dominante; desequilíbrio frontal pélvico com um dos lados mais elevado; flexibilidade normal dos paravertebrais com ângulo coxo-femoral a 90º quando na flexão total de tronco; ângulo tíbio-társico >90º devido à retração dos músculos posteriores do membro inferior; joelhos varos, rotados internamente e hiperextendidos e pés planos.
Instituição de fomento: Universidade do Estado de Santa Catarina
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Postura; Avaliação Postural; Artes Marciais.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005