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C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada
BIODEGRADAÇÃO DE FENOL POR LEVEDURAS ISOLADAS DE EFLUENTE INDUSTRIAL
Lidianne Leal Rocha 1 (lidi_lr@yahoo.com.br), Viviane de Oliveira Aragão 1, Alysson Lira Angelim 1, Fernanda Araújo Paes 1, Denise Cavalcante Hissa 1, Natasha Wanderley Pinto 1, Rossana de Aguiar Cordeiro 2, Ronaldo Ferreira do Nascimento 3, Suzana Claúdia Silveira Martins 1 e Vânia Maria Maciel Melo 1
(1. Depto. de Biologia - UFC; 2. Depto. de Ciências Biológicas - UECE; 3. Depto. de Química Analítica - UFC)
INTRODUÇÃO:
O crescente avanço da tecnologia industrial tem resultado na geração de águas residuárias contendo muitos poluentes de difícil degradação. Esses poluentes acumulam-se no ambiente e vão interferir no funcionamento normal da biosfera. Em função desse panorama, diversas pesquisas desenvolvidas na área ambiental têm dado atenção especial à remoção de compostos orgânicos tóxicos presentes nos efluentes industriais, como por exemplo, o fenol e seus derivados. Os processos biológicos se destacam como uma promissora tecnologia para degradar esses poluentes, pois alguns microrganismos além de resistirem à toxidez desses compostos são ainda capazes de usá-los como fontes de carbono e energia. No entanto, devido às restrições existentes à introdução de microrganismos exógenos no ambiente, é necessário estabelecer o potencial de biodegradação inerente às espécies autóctones de um determinado local, além de compreender a biotransformação de compostos xenobióticos e a biodiversidade das comunidades microbianas responsáveis por estes processos no meio ambiente ao qual já estão adaptadas. Assim, o objetivo desse trabalho foi selecionar leveduras autóctones de um efluente industrial oriundo da indústria petrolífera e avaliar o seu potencial para degradar o fenol.
METODOLOGIA:
Amostras de efluentes não tratados da LUBNOR (Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste) foram incubadas em Caldo Sabouraud acrescido de cloranfenicol (0,05%), na proporção de 1:10 (v/v), sob agitação constante (160 rpm) por 48 horas à temperatura ambiente. Após esse período de incubação, foram preparadas lâminas a fresco, coradas com azul-algodão de lactofenol, para observação microscópica da biodiversidade das amostras. As culturas também foram diluídas com solução de NaCl 0,15 M esterilizada e inoculadas em meios seletivos e diferenciais para isolamento de colônias fúngicas através da técnica de spread plate. Após o período de incubação, as colônias foram analisadas quanto às características macro e micromorfológicas, sendo posteriormente identificadas através de estudos reprodutivos e bioquímicos. As leveduras selecionadas foram usadas em ensaios de biodegradação em meio mineral sintético (BH), tendo o fenol como única fonte de carbono e energia, na concentração de 0,5 g/L. Meio contendo glucose, preparado nas mesmas condições, foi usado como controle. A biodegradação foi monitorada através de medidas de absorbância das culturas (600 nm) e contagem de células viáveis em diferentes intervalos de tempo. O isolado que apresentou melhor desempenho foi usado nos ensaios de biodegradação a diferentes concentrações de fenol. A detecção de fenol residual nos sobrenadantes das culturas foi feita por cromatografia gasosa (CG).
RESULTADOS:
Análises dos microcultivos revelaram a presença de blastoconídios de leveduras de formato ovóide, isolados, catenulados ou apresentando brotamentos únicos e pseudo-hifas hialinas, além da ausência de micélio verdadeiro. Através de macrocultivo foram isoladas 3 linhagens diferentes de leveduras, identificadas como Candida tropicalis, C. rugosa e Pichia membranaefaciens. Dessas, C. tropicalis foi a que apresentou maior crescimento em meio BH contendo 0,5 g/L de fenol, ou seja, mostrando que essa concentração não foi tóxica para essa levedura. No entanto, C. rugosa e P. membranaefaciens cresceram muito pouco quando comparada a C. tropicalis . Dessa forma, essa levedura foi selecionada para testar concentrações mais altas de fenol. Os resultados mostraram que C. tropicalis foi capaz de degradar 1,0 g/L de fenol, em 48 horas. Concentrações mais altas de fenol, tais como 1,5 g/L e 2,0 g/L, foram respectivamente tóxica e letal para C. tropicalis.
CONCLUSÕES:
As leveduras P. membranaefaciens, C. rugosa e C. tropicalis, isoladas de um efluente da LUBNOR, cresceram em meio de cultura sintético contendo 0,5 g/L de fenol e até 1,0 g/L, no caso de C. tropicalis. Essas concentrações de fenol são 1000 e 2000 vezes mais altas que aquela permitida para emissão no ambiente. Esses resultados mostram que estas cepas de leveduras conseguem viver em um meio adverso a maioria dos seres vivos provavelmente em decorrência de processos metabólicos adaptativos a condições desfavoráveis do seu ambiente. C. tropicalis apresentou uma excelente capacidade para degradar o fenol, podendo vir a ser utilizada em atividades de biorremediação ou tratamentos de efluentes contaminados com esse poluente e/ou seus derivados.
Instituição de fomento: Funcap
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Leveduras; Biodegradação; fenol.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005