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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA BEBIDA DE CAFÉ PRODUZIDO EM DIFERENTES SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO UTILIZANDO-SE PROVADORES OFICIAIS E PROVADORES NÃO TREINADOS
Camila Bitu Moreno Braga 1 (camilabitu@terra.com.br), Renea Barbosa Oliveira e Silva 1, André Luís Teixeira Fernandes 2 e Guilherme Pádua Rodruigues 1
(1. Depto. de Nutrição e Alimentação, Universidade de Uberaba - UNIUBE; 2. Depto. de Pró Reitoria de Pesquisa e Pós Graduação, Universidade de Uberaba - UNIUBE)
INTRODUÇÃO:
Na década de 1970, a cafeicultura saiu das tradicionais regiões produtoras (Paraná e São Paulo) para os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Rondônia. Mais recentemente, essas transferências vêm se realizando em algumas regiões do Cerrado, onde o microclima, a altitude e a topografia apresentam condições favoráveis para seu desenvolvimento. A região do Triângulo Mineiro possui uma cafeicultura de aproximadamente 200 mil hectares, os quais cerca de 40 mil em áreas marginais à cafeicultura, no que diz respeito ao fator hídrico, limitando sua produção, e tornando essa atividade antieconômica. Mesmo em locais com períodos curtos de deficiência, o uso da irrigação suplementar tem se mostrado uma prática vantajosa e em crescente expansão. São poucos os trabalhos que abordam a qualidade da bebida do café obtido com irrigação, em diferentes sistemas, comparado com o café de sequeiro. É preciso, dessa forma, estudar detalhadamente e comparativamente os diversos sistemas de irrigação para a cultura do café, com o intuito de se obterem subsídios que indiquem recomendações práticas ao cafeicultor, quer na recuperação dos plantios atuais, quer na ampliação da cafeicultura irrigada do Triângulo Mineiro. Dentro dessa perspectiva, esse trabalho tem por objetivo avaliar a influência da irrigação na qualidade da bebida final do café, utilizando-se a classificação oficial do Ministério da Agricultura (provadores oficiais) e a classificação de consumidores (provadores não treinados).
METODOLOGIA:
Para isso, colheu-se o café produzido no Campo Experimental da Universidade de Uberaba - MG, onde estão sendo estudados quatro sistemas de irrigação, sendo dois por aspersão (em malha e pivô central) e dois por irrigação localizada (gotejamento – convencional e autocompensante e tripa), além da testemunha, sem irrigação. O cultivar estudado é Catuaí vermelho IAC 144 no espaçamento de 4,0m entre ruas por 0,5m entre plantas. As amostras (1= gotejo autocompensante; 2 = tripa; 3 = testemunha; 4 = aspersão em malha; 5 = pivô; 6 = gotejo convencional) foram colhidas manualmente, sendo a secagem feita em terreiro de terra. Posteriormente o café foi beneficiado em máquina de benefício de amostras. Foram coletadas amostras de 100 g, que foi torrado a 220ºC e moído com moinho elétrico. Para a classificação da bebida, optou-se por utilizar dois métodos: a) a análise da renda, física e sensorial, padrão Ministério da Agricultura (provadores oficiais) e b) utilização de consumidores como provadores, com o objetivo de analisar a aceitabilidade da bebida, simulando uma situação de mercado. Os valores foram transformados em percentual de satisfação em função do comprimento da escala, padronizando os dados para a escala do ministério através de proporção.
RESULTADOS:
Entre as três bebidas consideradas duras pela avaliação dos provadores do ministério, amostras 01, 04 e 05, a média obtida pela avaliação dos provadores não treinados foi de 3,13, ao passo que a média das bebidas consideradas apenas mole (02, 03 e 06) foi de 2,90. Considerando ainda, o conceito geral das avaliações feitas pelos provadores do ministério, as bebidas apenas mole obtiveram média 2,66, sendo que as bebidas consideradas duras obtiveram média 2,83, ambas as médias consideradas iguais pelo teste de t ao nível de 5% de significância. Segundo a avaliação dos resultados ora expostos, duas discussões distintas têm lugar: dentro de uma avaliação agrupada para bebidas consideradas duras ou apenas moles (com diferente valor de mercado) ambas colocam-se no mesmo patamar em relação ao gosto do consumidor, não determinando, uma opção de compra de um ou outro. As classificações propostas pelo ministério vêm baseando-se em parâmetros subjetivos que apelam unicamente para os padrões determinados pelos próprios provadores. É perceptível que as avaliações realizadas pelo ministério mantêm um bom nível de precisão, repetindo-se com grau adequado de qualidade. O que se coloca em discussão é se são estes os parâmetros que devem determinar a classificação de mercado do grão, ao invés de uma avaliação focada na posição do consumidor. Seria, talvez, o momento de rever estes parâmetros considerando diferenças regionais entre os diversos mercados compradores do produto.
CONCLUSÕES:
As técnicas de irrigação aplicadas claramente produzem bebidas com paladar diferenciado que determinam preferências no momento do consumo, ou seja, técnicas diferentes de irrigação produziram bebidas que apelam de maneira diferenciada à preferência do consumidor, não necessariamente condizendo com a avaliação oficial do Ministério da Agricultura. É crucial a repetição destas análises ao longo do tempo para que as diferenças provocadas pelas técnicas de irrigação sejam consolidadas e possam ser avaliadas pela qualidade da bebida que produzem, determinando fatores econômicos relativos tanto ao investimento na irrigação quanto em um possível valor diferenciado que uma determinada bebida possa atingir no mercado, considerando, também, os fatores tradicionais de avaliação de viabilidade econômica, como produtividade.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  qualidade do café; cafeicultura; irrigação.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005