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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
DADOS DE TABELA DE VIDA DE FERTILIDADE DE Edessa meditabunda, PRAGA DE SOJA, ALIMENTADO COM FOLHAS DE Plectranthus barbatus E MANTIDO EM DIFERENTES TEMPERATURAS
Lenicio Gonçalves 1, 4 (lencygon@globo.com), Fábio Souto de Almeida 2, 4 e Bruno de Souza Gonçalves 3, 4
(1. Depto. de Ciências Ambientais, Insto. de Florestas, UFRuralRJ - UFRRJ, CPGCAF, PPGEPA; 2. Depto. de Ciências Ambientais, Insto. de Florestas, UFRuralRJ - UFRRJ; 3. Centro de Ciências da Saúde, Insto. de Biologia, Univ. Federal do Rio de Janeiro - UFRJ; 4. Laboratório de Ecologia de Insetos - LEI, DCA/IF/UFRRJ, SINTEEG)
INTRODUÇÃO:
Muitas espécies da família Pentatomidae atacam plantas cultivadas causando danos econômicos. O percevejo fitófago Edessa meditabunda (Fabricius, 1794) (Hemiptera: Pentatomidae) ocorre em diversas culturas, como algodão, batata-doce, milho, tabaco, tomate, boldo e soja. Os danos causados por este hemíptero podem limitar a produção agrícola dependendo do número de insetos que estejam se alimentando do fitohospedeiro e da estrutura da planta por ele utilizada. Em soja, E. meditabunda pode provocar deformações e diminuição do tamanho das sementes, redução do teor de óleo, retenção foliar, dificultando a colheita mecânica, redução do poder germinativo e diminuição da produção. A temperatura e o alimento são fatores importantes na vida dos insetos, além de serem essenciais para sua existência, influenciam o tempo de desenvolvimento, as taxas de reprodução e a dinâmica populacional. No estudo do desenvolvimento, da sobrevivência e da fertilidade, tabelas de vida de fertilidade são excelentes instrumentos. Este trabalho teve como objetivo determinar a influência da temperatura sobre parâmetros populacionais de E. meditabunda, calculados através de tabela de vida de fertilidade, quando este hemíptero se alimenta de Plectranthus barbatus (Lamiaceae) (boldo). Tais informações podem auxiliar no estabelecimento de medidas de controle mais eficazes e de menor custo e impacto ambiental.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado no Laboratório de Ecologia de Insetos - LEI. Foram efetuados cinco tratamentos, quatro em câmaras climatizadas tipo BOD ajustadas a 15, 20, 25 e 30 ± 1 ºC de temperatura, 80 ± 3% de UR e 12 h de fotofase, e um sob condições ambientais. Para o último, foram registradas três vezes ao dia a temperatura e a umidade relativa do ar, e as temperaturas máxima e mínima de cada dia. Posturas de matrizes trazidas do campo foram individualizadas em placas de Petri e submetidas aos diferentes tratamentos. Nos tratamentos a 20, 25 e 30 ºC foram individualizadas 50 ninfas, já a 15 ºC e ambiente foram , respectivamente, 34 e 56, todas mantidas em potes de 250 ml. Com os adultos foram montados casais que foram individualizados em potes de 500 ml Em dias alternados, cada inseto recebia uma folha de boldo previamente lavada e hidratada através de um chumaço de algodão embebido em água e colocado na base do pecíolo. Com os dados obtidos diariamente, calculou-se as médias de: fecundidade, fertilidade, taxa de fertilidade e razão de sexos. Através da elaboração de tabelas de vida de fertilidade foram calculadas: a taxa líquida de reprodução (Ro), a duração média de uma geração (G), a capacidade inata de crescimento (rm), a razão finita de crescimento (l) e o tempo necessário para a população duplicar (TD). Para cálculo de rm e l se utilizou o princípio de Lotka. Na análise estatística, utilizou-se o teste de Mann-Whitney a 5% de probabilidade.
RESULTADOS:
A temperatura média no laboratório foi 27,48 ± 2,67 ºC, a média máxima 29,25 ± 2,46 ºC e a mínima 25,47 ± 1,8 ºC, e a média da UR foi 75,9 ± 8,95%. No tratamento a 15 ºC nenhum inseto chegou a fase adulta. A 20, 25, 30 ºC e em condições ambientais a razão de sexos foi respectivamente, de 0,45, 0,50, 0,70 e 0,54. No tratamento a 30 ºC não ocorreu oviposição. A fecundidade média foi maior a 20 ºC (310,37 ovos) do que a 25 ºC (112,17 ovos) e ambiente (28,17 ovos). Todas as diferenças foram significativas. Quanto à fertilidade média, só houve diferença significativa quando se comparou ambiente (17,83 ovos) com 20 ºC (142,47 ovos) e 25 ºC (85,5 ovos). A maior taxa de fertilidade ocorreu a 25 ºC (76,22%), seguida de 20 ºC (45,9%) e em ambiente (40,89%). A taxa líquida de reprodução (Ro) a 20, 25 ºC e em ambiente foi respectivamente, 91202,40, 12186,50 e 498,42. A duração média de uma geração (G) também foi maior a 20 ºC (238,98 dias) que a 25 ºC (157,02) e em ambiente (134,72). Já a capacidade inata de crescimento (rm) e a razão finita de crescimento (l) foram maiores a 25 ºC, seguido de ambiente e 20 ºC. A capacidade inata de crescimento foi de 0,059, 0,078 e 0,060 e a razão finita de crescimento foi de 1,061, 1,082 e 1,062, todos, respectivamente, a 20 oC, 25 ºC e em condições ambientais. Consequentemente, o tempo médio para a população duplicar (TD) foi menor a 25 ºC (8,84 dias) que a 20 ºC (11,72 dias) e em ambiente (11,59 dias).
CONCLUSÕES:
A temperatura de 15 ºC não permite o desenvolvimento de E. meditabunda e a de 30 ºC é extremamente prejudicial a sua reprodução. Por ter ocorrido à 25 ºC menor G e TD que a 20 oC, e maior taxa de fertilidade, rm e l, conclui-se ser esta a melhor temperatura para o crescimento populacional desse inseto.
Palavras-chave:  percevejo; exigências térmicas; variáveis populacionais.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005