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C. Ciências Biológicas - 2. Biologia - 3. Biologia Geral | ||
MÉTODOS PARA EVITAR PROLIFERAÇÃO DE FUNGOS NA CRIAÇÃO DE ABELHAS EM LABORATÓRIO. | ||
Cristiano Menezes 1 (cristiano@bio.ufu.br), Isabela Cardoso Fontoura 1, Warwick Estevam Kerr 1 e Ana Maria Bonetti 1 | ||
(1. Instituto de Genética e Bioquímica / Universidade Federal de Uberlândia / INGEB-UFU) | ||
INTRODUÇÃO:
As abelhas eussociais desenvolveram comportamento especializado, no qual a manutenção da vida em comunidade é essencial para a sobrevivência de qualquer indivíduo. Em função disso, a criação de indivíduos a partir da larva recém eclodida, isolados da comunidade de origem, sob condições experimentais, tem sido bastante restringida. O problema tem sido estudado desde 1966, quando Ross A. Nielsen tentou pela primeira vez aumentar, diminuir ou modificar a alimentação de alvéolos de cria de Meliponídeos. Outros métodos foram desenvolvidos por Conceição Camargo em 1972 e aperfeiçoados por Cristiano Menezes em 2004. Contudo, ainda se depara com uma alta taxa de mortalidade, que pode atingir 100%. Entre as causas de mortalidade, destaca-se a dificuldade de manter elevadas a temperatura e umidade sem que haja a proliferação de fungos no alimento larval. O presente trabalho teve como objetivo desenvolver metodologia para evitar a proliferação de fungos no alimento larval, aumentando, assim, a taxa de sobrevivência na criação de abelhas em laboratório. |
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METODOLOGIA:
Para a realização dos experimentos foram utilizadas duas colônias de Scaptotrigona bipunctata, das quais foram retirados dois favos de cria de cada, um contendo apenas ovos e outro contendo larvas recém eclodidas. No primeiro experimento, foi testado o efeito inibitório sobre a proliferação de fungos, da luz Ultra-Violeta (UV). O alimento larval foi retirado dos alvéolos de cria com ovos e 100μL foram colocados em cada orifício de duas placas de teste de ELISA, totalizando 192 amostras. Uma das placas (experimental) foi exposta à luz UV por 30 minutos e a outra (Controle) não. As larvas foram transferidas e a placa coberta com cera alveolada. Pequenos orifícios foram feitos na cera alveolada para permitir a respiração da larva. No segundo experimento, foi adicionado Azida de Sódio ao alimento larval. Foi distribuído 100μL de alimento nos orifícios de uma placa de ELISA, que foi, posteriormente, exposta à luz UV por 30 minutos. Foram divididos em três grupos de 32 alvéolos cada, em diferentes concentrações de Azida de Sódio (Massa/Volume): 1% e 0,1% (grupos experimentais); e 0% (grupo Controle). Em seguida, as larvas foram transferidas conforme o primeiro experimento. As larvas foram mantidas em Estufa Incubadora B.O.D. (CIENTEC) à 30 ºC e umidade de 75% mantida por uma solução saturada de Cloreto de Potássio (KCl). |
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RESULTADOS:
Dez dias após a realização do primeiro experimento, 100% das larvas haviam morrido, tanto no grupo que o alimento larval foi esterilizado sob luz UV, como no que não foi. Em ambos os casos, foi observado intensa proliferação de fungos, sendo que nos alvéolos esterilizados, a proliferação ocorreu mais lentamente. Este resultado conflita com os dados obtidos com Melipona quadrifasciata, em que a esterilização com luz UV aumentou a taxa de sobrevivência de 22,5% para 43,3%. Propomos como explicação que, apesar dos fungos serem mortos pela luz UV, ocorre contaminação no momento da transferência da larva do alvéolo natural para o artificial. Essa contaminação é mais intensa em S. bipunctata, pois existe um fungo que se desenvolve, naturalmente, na superfície interna do alvéolo de cria e, aparentemente, é o mesmo que provoca a morte das larvas em laboratório. A ausência de fungos nos alvéolos de M. quadrifasciata explica porque a esterilização com UV foi mais eficaz nessa espécie. Os resultados obtidos na segunda fase do experimento, com adição de Azida de Sódio no alimento, dez dias depois da transferência, foram: Controle: 3 larvas vivas (9,37%); Grupo 0,1%: 10 vivas (31,25%); Grupo 1,0%: 12 vivas (37,5%). Esse composto químico é um forte fungicida comumente utilizado nos laboratórios em doses muito diluídas. Foram feitas duas concentrações (0,1% e 1,0%), pra testar a toxidez para as larvas. Ambas as concentrações apresentaram taxas de sobrevivência maior que o grupo Controle. |
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CONCLUSÕES:
O presente trabalho sugere um método para evitar a proliferação de fungos no alimento larval para criação de abelhas em laboratório, utilizando a técnica desenvolvida por Conceição Camargo (1972) e aperfeiçoada por Cristiano Menezes (2004). A esterilização do alimento larval com luz Ultra-Violeta (UV) não se mostrou eficaz para a espécie S. bipunctata, contudo, pode ser considerado um método funcional para a espécie M. quadrifasciata. A utilização de Azida de Sódio no alimento larval apresentou-se como uma boa técnica para evitar a proliferação de fungos, contribuindo para o aumento na taxa de sobrevivência das larvas. Outros fungicidas menos tóxicos e técnicas para evitar o desenvolvimento de fungos em larvas defecantes e pupas, já estão sendo testados. |
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Instituição de fomento: FAPEMIG (Bolsa de Iniciação Científica) | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Scaptotrigona; Abelhas sem ferrão; Inibição fúngica no alimento larval. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |