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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física | ||
ESTUDO DA REGENERAÇÃO DAS ÁREAS DEGRADADAS DA RESTINGA DA PRAIA DAS PALMAS, PARQUE ESTADUAL DA ILHA ANCHIETA, LITORAL NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO. | ||
Diego Emanuel Campos Oliveira 1 (diegoeco@uol.com.br), Gisele Celeste Meleiro Rodrigues 1, Nabil Alameddine 1, Sueli Ângelo Furlan 1, Eduardo Girotto 1 e Juliana Ferreira Dias 1 | ||
(1. Depto. de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - USP) | ||
INTRODUÇÃO:
Tendo em vista a preocupação com a recuperação de áreas degradadas, a presente pesquisa tem como objeto de estudo a restinga da Praia das Palmas, Parque Estadual da Ilha Anchieta, escolhida por sua relevância histórica, turística e ecológica e por ser um dos poucos resquícios da vegetação de restinga do Estado de São Paulo, possuindo também características peculiares de ambientes insulares. Ao longo de sua história a Ilha passou por ocupações indígenas, foi habitada por residências no século XIX, sede de Colônia Correcional, de Instituto Disciplinar e também presídio em meados do século XX. Em 1977 foi criada a referida Unidade de Conservação e em 1983, a Fundação Parque Zoológico de São Paulo promoveu a introdução de inúmeras espécies animais sem o estudo prévio de fauna típica insular. Atualmente tornou-se pólo de atração para o turismo. Esse histórico de ocupação resultou em alterações no meio. O trabalho consiste em analisar os estágios passados e atuais de degradação e regeneração da restinga e a influência da criação do Parque Estadual da Ilha Anchieta nesse processo. A hipótese inicial parte do pressuposto de que a implantação do Parque e a posterior introdução de espécies, em especial as capivaras, bem como a falta de planejamento e estudo sobre a capacidade de carga da ilha, teriam feito com que as áreas degradadas da restinga da Praia das Palmas não se regenerassem de forma satisfatória. |
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METODOLOGIA:
A primeira etapa do estudo consistiu no levantamento bibliográfico e cartográfico pertinentes aos objetivos pré-definidos. Concomitantemente interpretaram-se fotografias aéreas de temporalidades distintas, 1972 e 2001, na escala de 1:25000, visando verificar se a criação do Parque Estadual contribuiu com a sua funcionalidade: a de preservar o ecossistema natural. A escolha das datas de vôo justifica-se pelo fato do ano de 1972 anteceder a criação do Parque, datada em 29 de Março de 1977. Já as fotografias aéreas de 2001 consistiram, na época da realização do presente estudo, no levantamento fotogramétrico mais recente, realizado a pedido da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA). Com o apoio de overlayers e com controle da carta base da Ilha Anchieta, na escala 1:10000 do Instituto Geográfico e Cartográfico do Estado de São Paulo, a equipe, adotando o método da parcela fixa, contabilizou as espécies abrangidas pela área de amostragem, constituintes da restinga da Praia das Palmas. Exemplares foram coletados para posterior identificação e classificação, sendo acondicionados em herbário. O trabalho de campo, como parte essencial na pesquisa em geografia, possibilitou a comparação entre a interpretação das fotografias aéreas e a realidade observada. Fez-se, então, a sistematização dos dados coletados juntamente com a compilação da bibliografia. |
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RESULTADOS:
Observou-se na área da restinga que circunda a Praia das Palmas a ocorrência de solos arenosos, com cobertura pouco espessa de camada orgânica. A comparação dos overlayers possibilitou constatar que atualmente a restinga possui uma vegetação muito mais densa do que em 1972. As áreas onde predominavam gramíneas em 1972 tiveram suas dimensões reduzidas, fato este confirmado em campo. Um dos fatores que contribuiu para a recuperação da área foi a intervenção feita pela administração do Parque Estadual interrompendo temporariamente a circulação do público pelas trilhas de acesso à restinga. Percebe-se então, que o uso incorreto do conceito de capacidade de carga pode estimular um turismo não conservacionista, mercantilizado, indesejável e predatório. Tendo em vista a complexidade das formações florestais em meio tropical, reconhece-se que a área de amostragem foi pequena. Foram encontradas 11 famílias em total de 03 parcelas, com destaque para as famílias Fabaceae, Anacardiaceae, Guttiferae, Myrtaceae, Loganiaceae e Boraginaceae. Dentre estas, a família Fabaceae representada pela Canavália rósea, apresentou 35 ocorrências. |
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CONCLUSÕES:
A observação em campo aliada a interpretação de fotografias aéreas possibilitou constatar que a Unidade de Conservação em tela, criada em março de 1977, colaborou para a recuperação das áreas degradadas, visto que estas ocupavam grande porção da restinga da Praia das Palmas e hoje ocupam uma área menos expressiva, observando-se franco processo de regeneração. Não foi possível obter resultados referentes à influência dos animais introduzidos no processo de degradação/recuperação da área em questão. Para tanto se torna necessário maior período de observação do comportamento dos mesmos, o que não consistia no objetivo principal do presente trabalho. Sugere-se, assim, uma redefinição na categoria de manejo da restinga da Ilha Anchieta, alterando a zona de uso intensivo para zona de uso extensivo. Tal medida diminuiria a intensidade de uso público da área, minimizando, assim, o impacto antrópico sobre a mesma. |
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Palavras-chave: regeneração; manejo; restinga. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |